quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Be brave!

 "Existe beleza até no lugar mais sombrio. E se não existir. Você pode ser aquele lugar infinito com incríveis capacidades"

"Stay awake - Theo.dore F."

A minha capacidade mais incrível é ver e eu tenho muito medo de ficar cega...

Mas é só o que o amor sabe fazer comigo...

Desde pequena eu brincava com os óculos da minha mãe e dizia que um dia eu ia enxergar melhor por meio das lentes dela...

Hoje tenho mais de 4° de miopia...

Tudo que eu vejo é demasiado... eu superlativo o amor, a vida e a morte... ao longe...

De perto, vejo tudo embaçado e esse reverso da patologia, é a poesia que me atravessa da alma à anatomia.

Duas máquinas me teceram - a de costura e a de escrever... Duas mulheres muito fortes: uma apaixonada ciumenta e outra trabalhadora cansada.

Costuro na escrita projeções que modelam o corpo que me veste, marcando minha mente de grandes ilusões: paixões eternas, monstros legais, histórias sem fim e eu mesma sou uma criação minha...

E é a desilusão minha maior inimiga, estou sempre entre a razão e a fantasia... quase ninguém percebe, eu me escondo muito bem... 

Mas quando alguém em mim vê, me ilumina, e já não consigo acreditar nas minhas estranhas descobertas e mentiras... eu fico aberta...

Eu mostro meus defeitos e qualidades, viro encanto e desatino... 

O amor é essa minha loucura... e quase sempre é preciso ser louco pra enxergar através de mim amor.

Minha pior amiga me visita de novo. Já tão afeito a ilusões, meu coração se partiu e tinha pouco dele pra degradar... eu amo quebrar... aqui começo a buscar coragem pra me reconstruir.

Talvez esse escrito seja sobre reconhecer bravura em si. Mas antes de tudo é sobre proteger os pedaços que restarem... 

Não quero mais me perder de amor, quero encontrar um amor de verdade, posto que, mesmo diante das minha derrotas, ainda não desisti...

E não gostei de ter escrito esse "ainda", mas preciso lembrar que se é "ainda", é que não aconteceu... então vou lutar bravamente para vencer AINDA que pareça impossível.

E tentar acreditar nas possibilidades incríveis que posso ter, ou mesmo ser, ou AINDA ver em alguém outra vez.

Hcqf 29 de dez de 2021



terça-feira, 28 de dezembro de 2021

E a pausa se fez

Pra afastar as dúvidas 

E trazer pra perto 

Quem as nossas idealizações 

Esconderam atrás dos elogios infundados

Dos assuntos desencontrados

E das recusas que pareciam desejos incompreendidos

Estas são algumas das minhas últimas palavras sobre este ano...

E como o próprio ano começou na metade 

Essa parte-ida cronologicamente coerente é parte desse processo que veio me acordar 

É fim de ano, um ciclo se renova e deixa aos poucos a ilusão cair aos pedaços

Quem se fez desejo de prazer apareceu

Quem se fez história voltou

Escuta e colo preciso conquistar e não é só em mim que preciso buscar 

Mergulhei 

E como sempre a paisagem no fundo

de deslumbre e diversidade tomou conta

 Hcqf 26-28 de dez de 2021

sábado, 18 de dezembro de 2021

Roe-dor

Diz Clarice, para exemplificar um amor, que a condição para ser mãe seria pegar um rato com as próprias mãos e não morrer da sua pior morte.
Trecho que convence pelas sensações de ojeriza, brutalidade, arrepio e realismo incultidas no famoso "Perdoando Deus".
Texto que me ultrapassa, porque perfura a minha história e se mistura com o significado de rato em mim.
Morri uma das minhas mortes ao desejar a invisibilidade que identifico na vida desse roe-dor: quis desaparecer com os momentos que me feriram, mas na travessia aprendi a amar aspectos desse estilo.
Entrar e sair com a habilidade de não ser notado; carregar sua dura, suja e pequenina sobrevivência com cuidado; competência para andar, correr, rastejar,  escalar e nadar; 
Rate-ar foi o que aprendi quando precisei amar. Por isso, o pedaço de vida descrita por Lispector me re-batiza, como o célebre desejo confessado pelo mártir Montéquio.
Hell-e(m) vida foi depois de subsumir com minhas feridas, para tatuá-las na alma, onde nem todos podem espreitá-las, visuslizá-las ou tocá-las. São minhas ratazanas preferidas e é preciso saber ver, tocar e cuidar de rastros para enxergá-las.
Essa miudesa de ser rato, é um jeito irônico de questionar o heroísmo do amor idealizado.
Se a conquista amorosa tiver efeito épico, nada mais constrangedor que celebrar esse feito.
Caso seja uma tragédia enfrentar o amor, cada rito para vencer seus desígnios, serão fonte de cura.
Então, celebrar como um leão - que é  servido e alimentado pela robustez de sua natureza - não constituí a solenidade de amar. 
O banquete posto estará pela luta diária de reconhecer a pequenez dos amantes e avidez de amar.
E aos poucos o amor cor-roe os destinos e resta pouco do que era tido como certo. E a vida se torna o inesperado que viemos experimentar, por sorte ou azar.
Hcqf, 18 de dezembro de 2021


quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

T-Eus

Cria comigo um amor

Enche de vida nossos enganos

E engana a finitude nessa existência 

Não sou mais só Eu

E os Eus em mim são todos Teus

São partes que viajaram para o teu corpo 

Na mão que eu arranjo desculpa pra sentir e pertencer

No queixo que eu quero morder mas me contento em tocar 

e desejo engol-ir

O meu corpo é meu

A minha boca também 

A minha alma é minha

O meu sentir também 

E a poesia que me faz quem sou

Em mim

Atravessou a rua

Parou diante de um poste

E com o ir e vir da urbana-humana-eidade seguindo o seu próprio fluxo

Entornei-me em ti

Mas já era tua


Hcqf 16 de dezembro de 2021

sábado, 4 de dezembro de 2021

Há ciência?

Mais um dos nossos conflitos me fez desejar a abertura de uma estrada... Me fez andar por alguns instantes com um sapato desconfortável...
Pior q está tudo mais ou menos...
Amar é uma injustiça tão grande... Que se o amor não se torna um pedido de eternidade, eu desconfio não dele, mas de mim...
 É a minha natureza que vacila, não a razão de amar...
 É da própria realidade que eu desconfio... Será que há? Será que está? E ainda assim não do amor...
Que o mar se realiza em suas travessias de rios em rios... Eu  reconheço e faço poesia... Mas que me desafia a minha própria existência, se meu amor de mim não sente falta... Isso a ciência natural não explica...
Hcqf 02-03 de dezembro de 2021

Escutando:
Obsessão, assume o controle
 Obsessão me devora por inteiro
 Eu não posso dizer as palavras em voz alta 
Então, em uma rima eu te escrevi 
Agora você vai viver através dos tempos 
Posso sentir sua pulsação nas páginas 
Eu te escrevi Agora você vai viver para sempre 
E todo o mundo vai ler você 
E voce vai viver para sempre 
Em olhos ainda não criados Em línguas que não nascem
 Eu te escrevi Agora você vai viver para sempre 
Seu corpo está deitado sobre os lençóis 
De papel em palavras tão doces Não consigo dizer as palavras 
Então eu escrevi você em meu verso Agora você vai viver através dos tempos 
Posso sentir sua pulsação nas páginas 
Eu te escrevi Agora você vai viver para sempre 
E todo o mundo vai ler você E voce vai viver para sempre 
Em olhos ainda não criados Em línguas que não nascem
 Eu te escrevi Agora você vai viver para sempre Eu li ela com estes olhos 
Eu li ela com esses olhos Eu a segurei nessas mãos 
Eu te escrevi Agora você vai viver para sempre A virtude está no verso 
E voce vai viver para sempre Eu te escrevi 
Agora você vai viver para sempre
 E todo o mundo vai ler você E voce vai viver para sempre 
Em olhos ainda não criados Em línguas que não nascem 
Eu te escrevi Agora você vai viver para sempre
(BASTILLE - Poet)

Fantasia de um romance real

Todo relacionamento começa diante do desconhecido...
Ás vezes parece um precipício, outras contos de falhas... 
Quase sempre remontam sonhos infantis, traumas e escombros de histórias tristes, violentas ou não...
 No entanto, sempre têm um vestígio dos erros que passam através de gerações...
Hereditariedades que não foram escolhidas, mas estão nas decisões mais racionais, muito bem escondidas atrás de razões diversas para conter ímpetos, ou deixar o impulso tomar conta...
Se o sexo não é o problema, tampouco é a solução em si... Se não existe uma preocupação com a própria imagem, ou com complexos sexuais de outra natureza, existe toda (má) sorte de sensações colocando a percepção  em xeque...
Estamos à deriva...
"Parei de pensar e comecei a sentir..."
" Os deuses  vendem quando dão 
Melhor saber..."

Hcqf 03 de dezembro

Fantasia real de viver um romance*

O amor testa todos os limites humanos...

Diante do amor somos deuses, heróis, poetas e muito mais...

Só o amor é capaz de tamanha coragem...

Só quem ama é capaz de acreditar no impossível...

Aliás, em qualquer IN: inacreditável, inesperado, inimaginável, indispensável, invisível**...

Isto é, negar toda autossuficiência que o humano possa querer criar...

O amor vai lá e retorce e torna mais visível tudo o que seres humanos desejam, por não poder ser ou ter...

O amor nos faz acreditar que somos incríveis, tudo para questionar toda crença que construímos a peso de muita auto-censura, repressão, desgaste emocional e sofrimento...

O amor é algo de se estranhar: heróico que torna humano; uma realidade de origem mágica; fonte de coragem e medo no mesmo instante...

É algo que faz duvidar de tudo mesmo... até da sua própria natureza: será mesmo amor? Será que me encontro enamorado?

Se a resposta for a de que aconteceu um encontro, é também com o outro em si mesmo, ou consigo em tantos outros de antes e de agora...

Uma história de amor é uma fantasia que se torna real, sem que a gente perceba que está acontecendo. Como um sonho em que depois de acordar não faz sentido, mas dentro dele era tudo totalmente possível.

" Pra que talvez isso se torne uma fantasia real de viver um romance"***

Obs:

* Título não é meu

** filme e música

*** Trecho de outra autoria

Hcqf 4 de dezembro de 2021

Horizonte

"Noite à toa sentimento de querer bem como é bom gostar de alguém nem sempre a vida traz de volta o que o tempo separou do coração "

Bastille - 4am


Quatro da manhã, nos encontramos aqui 
O melhor de nós desmaiou, não sei quem é onde
 Eu tenho todos os meus velhos e novos amigos que conheci antes 
Em um cobertor de fumaça enquanto afundamos no chão 
Aqui, aqui, minha familia 
Você é meu familiar, você é meu familiar, ah-ah 
Aqui, aqui, meus amigos e eu Você é meu familiar, ah-ah 
Oh, não há nenhum lugar que eu preferisse estar 
Nunca me senti mais confortável Nunca poderia querer mais quando estou aqui 
Não, não há nenhum lugar que eu preferisse estar, oh-oh 
Nunca me senti mais confortável 
Nunca poderia querer mais quando você está perto 
Ooh Ooh ah O tempo pula, o balão bate, estou perdendo a cabeça 
Terça-feira será o dia da desgraça, isso saiu do controle 
Aqui, aqui, minha familia Você é meu familiar, você é meu familiar 
Aqui, aqui, meus amigos e eu Você é meu familiar 
Oh, não há nenhum lugar que eu preferisse estar 
Nunca me senti mais confortável 
Nunca poderia querer mais quando estou aqui 
Não, não há nenhum lugar que eu preferisse estar, oh-oh
 Nunca me senti mais confortável 
Nunca poderia querer mais quando você está perto 
Ooh Ooh ah Eu não me importo se estamos falando sobre as mesmas coisas 
Eu não me importo se estamos presos no familiar
 Eu não me importo se estamos andando em círculos 
De novo, de novo, de novo 
Aqui, aqui, minha família (pode ser um desastre ambulante) 
Você é meu familiar, você é meu familiar (não muito, mas tudo que eu pediria) 
Aqui, aqui, meus amigos e eu (pode ser um desastre ambulante) 
Você é meu familiar (não muito, mas tudo que eu pediria) 
Oh, não há nenhum lugar que eu preferisse estar 
Nunca me senti mais confortável
 Nunca poderia querer mais quando estou aqui 
Oh, não há nenhum lugar que eu preferisse estar 
Nunca me senti mais confortável 
Nunca poderia querer mais quando você está perto
 Ooh ah Ooh ah Não lembro não consigo lembrar 
Não lembro não consigo lembrar Não lembro não consigo lembrar
 Me ajude a juntar tudo, querida...

sábado, 27 de novembro de 2021

Demo(ver)

Como é difícil ter que abrir mão de uma coisa que vc não quer abrir mão...

Como é difícil querer muito algo que não é pra vc, que não tá vindo na sua direção....

Nossa que dor, que falta q eu sinto, da presença, da voz, do jeito, dos trejeitos.... De tudo...

Tudo me corrói e me tatua, eu tô com ele por todo o meu corpo, desde a superfície até a lua...

Ele tá nas estrelas que eu quero ver, sem ter tempo pra apreciar a noite, porque a minha rotina não permite...

Ele tá em tudo que está no meu dia, e ao mesmo tempo em nada, porque ele não se encaixa na minha vida...

Estou forçando uma barra tremenda pra que ele caiba, mas eu desejo mais isso do que respirar... Como isso dói!

Já não recordo da firmeza da sua voz, agora ela está sem jeito, agora ela já quase não se pronuncia...

Ele chega e sabe onde estou, avisa que me buscou, porque conhece o lugar onde eu me escondo...chega tão perto e lança o corpo pra me abraçar... Eu não consigo encontrar um jeito de aceitar o laço, porque já estou enrolada na sua teia e parece que não é isso que ele quer...

E o abra... Não se fecha... Fico apenas eu, diante dele aberta, solicita, sem graça, totalmente vulnerável... E ele olha de frente, ele coloca a cabeça de lado... E eu só sinto meu corpo amolecer, só percebo meu corpo vibrar... Tenho certeza que fecho os olhos, certeza que escondo palavras e ações, apertando bem meus olhos, abraçando a mim mesma e meus sentimentos, porque... Tão aberta quanto estou, desde a hora que ele chegou com sua roupa leve e seu jeito que não parece dar importância pra gente...eu fico sem sentido... Tenho medo que meu corpo e sentimento corra pros braços dele e ele sem jeito nos demova, e na queda sobre pouco de mim pra trabalhar, voltar pra casa, construir minha carreira, meus sonhos, criar meu filho...

Não há demostração de sentimento da parte dele, a sutileza revela desleixo e pouco empenho... Estou ganha! O que ele recebeu não tem valor algum, ele nada quer, ele não tira proveito...  

Ainda dentro do eleva(dor), imploro que ele respeite meu constrangimento, viro ele de costa pra mim, abaixo a cabeça tentando de todo jeito que aquela situação não leve mais um pedaço da minha compreensão interna, do meu resgate da minha autoestima, desses meses de terapia para não sucumbir ao fracasso no amor...

Na chegada, ele vai a frente, eu se pudesse descia já em casa, longe daquele ritual tão difícil de estar diante do meu objeto perdido, que mais uma vez não está diante de mim, mas anos luz a minha frente... o que reconheço dele é uma sombra dos meus fracassos amorosos, minhas dores reunidas cobrando cada fatia de carne podre que ainda resta inflamando minha ferida... Que agora está aberta!

Na entrada da sala... Ainda estou no térreo, o que subiu foram meus  devaneios em plena vigência consciente... Estou delirante e ofegante, sentada como que diante de um deus... Submissa, acuada, ferida, cheia de dores e amores retorcidos no peito. Ele me sacode as vísceras, é triste e forte ao mesmo tempo, uma experiência longe da realidade... 

Mas eu queria essa loucura todo dia, desejo demais vê-lo escoltar minhas ânsias de escuta-lo, vê-lo, ainda não consegui cheira-lo, meu maior intento, desejo o cheiro mais escuso, preciso senti-lo no mais profundo com esse sem nome de sentido, quero dar um nome só pra ele...

Como eu adoro escutar o seu nome quando eu falo... como gosto de dizê-lo, é como se isso fosse uma forma de beija-lo... 

Quero te encontrar quando não for por causa de trabalho... Quero te ouvir me convidar para conhecer algum lado da sua rotina, presencialmente... onde eu possa cheirar teu pescoço e beijar seu ouvido e descer até o ombro... pra poder correr o risco de beijar a sua boca, mas tendo que adivinhar todo esse caminho, porque eu quero estar com os olhos completamente fechados pra guardar toda a energia dos meus sentidos pra te perceber bem de p.e.r.t.o...

Quero sentir o mais perto que eu já deixei alguém chegar... Experimentar o mais longe que eu já fui pra estar perto de alguém...

Um lugar onde eu possa te encontrar longe de todas as nossas diferenças, mas que também a nossa contradição esteja e seja uma delícia de conhecer profundamente e me permitir demover meus caprichos pra te acompanhar...

Quando saio, t.o.d.o.d.i.a, rápido, sem jeito, sem graça, em busca de não te prender na minha confusão, ou não me confundir mais ainda com a possibilidade da gente ficar com tempo e poder ficar mais à vontade... Eu vou chutando o chão, cada pedra do caminho vai segurando uma lágrima de arrependimento... Tudo para não demostrar mais do que o que está escrito na minha testa, mais do que já está traduzido em cada ato: estou muito apaixonada. 

Desculpa, não planejei, não estava a procura, tem outras pessoas na minha vida, eu não queria ter te escolhido... vc está bem sozinho, resolvendo seus conflitos, se encontrando e querendo mais da vida, mais mansidão, mais paz, até alguma delicadeza...

Eu não estava nos seus planos, não estou nos seus projetos, não me impressiono com suas historinhas burguesas, mas adoraria crítica-las abraçada ao teu corpo, cheirando teu pescoço, beijando a tua boca e sem sentido, tentando encostar minha vida na tua e demorar muito, muito, tempo....b.a.s.t.a.n.t.e.... muito tempo do teu lado, em cima de ti, segurando tua mão, falando baixo diante do teu nariz, preparando um beijo que me fizesse demorar diante do teu rosto, saborear um gosto só seu e te esfriar os lábios, como senti minha garganta inteira gelar...

Aaaah, como é isso?... Como dói... Como é forte... Por que comigo? Por que ele?

Eu saio correndo e segurando minha saia como se ela pudesse conter o vento, e pescar borboletas... Eu desejo que eu possa te ver... A uns passos atrás de mim... Como se não aceitasse a minha fuga, como se pudesse me segurar e me abraçar na tua história...

Eu olhei várias vezes pra trás...

Bem... te chamei pois foi mais forte que meu medo, vc estava como eu sempre te vejo, l.o.n.g.e...

Eu só queria que vc tivesse coragem de fazer aquele momento valer à pena... Vc sem máscara, como sempre, eu sem respirar direito por estar depois do trabalho na tua companhia (o que eu sempre desejo)...

Andamos várias vezes, sem encontar um lugar, não tinha onde sentar, não tinha onde se esconder do sol... Não tinha como fugir dos assuntos difíceis... Não tinha como levantar a cabeça pra te olhar, a conversa inteira... 

Chegou então, a hora tão temida, desde sempre (o tempo fica eterno nessa fatia do dia), quando eu notei que você mexer no cabelo me constrangia, que me olhar em pé na minha frente me atraia, me faz me sentir tua, como eu queria...

Eu desejo me despir pra vc... Eu quero perder essa pele que não me prende mais desde quando você me disse que eu te acertei, mas vc sem saber me ganhou, talvez sem querer... Desses quereres sem gosto, que logo passam, desses jeitos de gostar só um pouco e que nada faz sentindo depois que o encanto se apagou...

Você diz que tem que ir, eu entendo que vc cansou.... A gente... C h.e.g.a... m.a.i.s...p.e.r.t.o... e não se olha... Eu abaixo a cabeça de uma forma covarde e tímida, e você beija minha testa, e eu tenho raiva de ter cabeça, e não ser apenas um coração pulsando de amor...

Escuto meu coração lamentar, escuto tudo em mim implorar um beijo, um sonho, a gente... Mais uma vez eu fico sem saída, perdida... Perder um pouco de intimidade contigo, pra mim, é uma perda de vida....

Ah, quando foi que eu te dei meu coração? Onde você o colocou? Estou sem sentido, sem senso, completamente desnorteada... Eu sinto muito, muito, muito, a sua falta em todo o meu dia, mas principalmente a noite, principalmente, sempre...

Se for pra eu te esquecer, que antes eu te escreva, te cante, porque o que eu sinto não tem tamanho e não cabe só no meu lamento, é preciso virar encanto... eu desejo te conquistar. Me desculpa!

Hcqf 24 de Nov de 2021

Bastille - Poet

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Teus cantos

Eu quero beijar... Não acontece...
Eu quero abraçar... Não acontece...
Eu desejo ficar perto 
e sentir ele d.e.v.a.g.a r
Não acontece...

Não tá indo...
Somos muito diferentes:
Pensamentos, histórias, ideias...
Estamos em um mesmo rumo 
Mas ao lado um do outro
Sinto vazio, distância, frio...

Ele me esfria as entranhas...
Nem sei ainda o que significa...
Fico com vergonha
É um constrangimento me arrumar para ele
Me perfurmar para ele...

Fazia um tempo que alguém não me 
Deixava tão sem sentido....
Algo em mim grita que ele não me quer
Algo nele me dispensa em toda mensagem, toda conversa, toda vez...

Mas algo em mim já sente falta dele
É estranho, é particular
É tão íntimo
Eu lhe disse coisas que eu nem sei mais porque não teria dito
Eu escutei coisas que sei que não se diz para qualquer pessoa...
Mas eu estou sem...
Em falta...
Perdida...
Não é a hora, ponho tudo a perder todo dia
Em todo encontro, ensaio uma despedida...
Estou sempre desligada, por estar atada aos seus encantos...
Não sei como mas ele me decanta...

Não preciso de uma resposta, mas quero
Não preciso de alguém na minha história, mas desejo
Estou cheia de afazeres e obrigações
Todas de lado
Ele ofuscou meu presente
Não sou passado nem futuro
Vivo no tempo dele
Originalmente nele
Sinto mais falta de sentir o que nem sei
Do que já tive saudade do que conheço...

Hcqf 22 de Nov de 2021

Estou com a expressão "minha pessoa" na cabeça, vi o filme " as vantagens de ser invisível" e escutei "we can be hero" do David Bowie

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Desenganada

 

Ele quer ficar solteiro

Eu quero namorar

Ele quer esquecer antigas paixões

Eu quero recordá-las


Ele quer brincar e sorrir

Eu quero falar sério e sentir

Adversativos

Na mesma conversa

 Distintos

Não é reflexo

É estranheza

Em reverso


Ele quer mostrar

Eu quero esconder

Ele quer ser

Eu quero ter


Ele diz que quer amor

Eu digo que quero transar

Por fim

Ele quer foder

Eu quero amar


O inesperado é que fechada

Eu estava

E ele abriu uma porta trancada

Sem arrebentar a fechadura


Hcqf 22 de novembro de 2021

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Uma recordação

 Ás vezes um erro parece que perdoa outro, ou alguém... Mas não, se ambos erraram, há que se admitir...

E ser amada é algo saboroso demais pra se esquecer o sentido...

Escolhi um pai na minha vida... Não o que viria para me salvar, mas para me mostrar sobre esse lugar...

Eu sempre vi de longe e senti só o perfume... Mas não dei conta de saber... Então, me permiti ter a dádiva de doar esse lugar para alguém...

E ele agarrou com tanta força que o laço não arrebentou apesar das tristezas que vivemos...

Ele era assim: fiel, protetor, cuidadoso... Mas eu não podia retribuir, meus complexos são de oposição, a diferença é o que eu procuro no espelho e no amor...

Mas pra estrela que guia meus objetivos, experimentei a liberdade de não ser a única a comandar... Deliberar, libertar, também está no amor... É preciso deixar ir, para que a presença exista na ausência... 

Saudade também é uma linguagem/experiência que humaniza...  E ele é o que me traz de volta quando a minha luz sente minha falta... E a escuridão não toma conta, porque ele o deixou dormir alimentado de amor e colo de mãe na mais tenra infância, enquanto chorava de saudade do rebento e fazia do sonho um amor da sua vida.. 

E seus ensinamentos de pai me atingiram, ele me fez saber que o emprego não é meu destino... Que minhas pernas cansam de caminhar, mesmo o caminho cantado e sonhado... então a noite precisa também ser descanso e saúde...

 Ele me ensinou que "o meu trabalho é descansar em ti" e esperar o melhor do ser que desejamos juntos trazer...

Obrigada, Thiago, o seu amor me permitiu gerar uma vida.

Hcqf 18 de novembro de 2021


Uma recordação: Eric Clapton
É tarde da noite Ela está se perguntando que roupas usar
 Ela coloca sua maquiagem E escova seus longos cabelos loiros 
E então ela me perguntou: "Eu pareço bem?"
 E eu digo: "Sim, você está linda esta noite" 
Vamos a uma festa E todo mundo se vira para ver
 Esta linda senhora Isso está andando comigo 
E então ela me perguntou: "Você se sente bem?" 
E eu digo: "Sim, me sinto maravilhoso esta noite" 
Me sinto maravilhoso Porque eu vejo o amor brilhar em seus olhos 
E a maravilha de tudo isso
 É que você simplesmente não percebe o quanto eu te amo 
É hora de ir para casa agora 
E eu estou com dor de cabeça Então eu dei a ela as chaves do carro
 Ela me ajuda a dormir E então eu digo a ela, enquanto apago a luz 
Eu digo: "Minha querida, você está maravilhosa esta noite" 
Oh meu querido, você é maravilhoso esta noite..
(Wonderful tonight)


Não estamos a sós

 Que ele me tira a paz

Fica evidente em cada silêncio...

Ele me des-concerta

E desajeitada destruo qualquer possibilidade

Ele não me quer

Não sentiu o que eu senti

Foi ele quem disse que o acertei

Mas ele me errou

O que eu percebo vem sem pretensão

O que ele toca também

A gente se desencontra

Na mesma sala dia de quarta

A gente se desentende 

Mesmo na conversa desenhada

Não é só falta de conexão

Também é a hora errada

Cada um está olhando pra um propósito

E os desatinos da vida

Nos jogaram magoados e saudosos

Em frente um do outro

Eu queria que estivessemos nus

Ou que ao invés de nós

Fossemos abraço

Mas não é pra ser 

Estamos entendendo tudo errado

Hcqf 16 de Nov de 2021

terça-feira, 16 de novembro de 2021

"E depois?"

 (...)

Pode chegar a hora de escolher

(...)
Mas cada pessoa é um território
E descobrir o que o outro gosta
 é o verdadeiro gosto delicioso...
Mas só posso falar de mim.

Toda vez que alguém me tocou com a mão pesada
Foi porque trouxe o limiar de dor de outro corpo
Toda vez que alguém me fez perceber 
Algum ponto que eu passei a 
desejar em mim
Foi porque a pessoa estava livre pra me conhecer

E eu nem namorei 
com todos os caras que me fizeram gozar
E eu já tive um namorado 
que não conseguia me fazer delirar de vontade de transar com ele
E ele me amava 
Mas ele me queria pra outra coisa
E eu queria descobrir
Qual pedaço fazia ele repetir
Mas não deu
Ele se perdia

As vezes 
Quando só um é oceano
O outro se afoga
Ao invés de se embebedar...

(...)
Eu é que tenho medo da tua confusão
É atraente
Mas é perigoso
E isso é humano
E eu não tô falando da boca pra fora...
Eu tô falando bem baixinho
Pro meu coração escutar

(...)
Eu nunca esqueço ninguém que eu amei: 
eu gosto dos mesmos toques
 dos mesmos elogios, 
de sentir que deixei alguém perdido no meu vazio
 e que por algum tempo me senti preenchida.
Mas os beijos mudam
Os contornos e as formas também
Cada gesto nas trocas mudam

Mas eu ainda tenho medo de segurar a mão de um homem pela primeira vez

E sabe o que é pior?
O maior ganho que eu tive...
Foi ser anônima
Ninguém quer saber sobre a vida de uma mãe solteira
As pessoas só querem apontar
Saber mesmo não
Ninguém quer saber da mulher 
Que não é mais esposa de alguém
Eu não sou mais uma ponte...

Eu sou livre
E isso é muito bom
O maior de todos, todos, todos, os prazeres
Que eu já senti

Porque tudo que você ganha 
É seu
E tudo que você perde
 também
E deixar de ter o que você realmente não teria
Sara
Cura

O nosso trabalho é sobre isso
E a nossa vida também
E eu sinto a tua vida procurando
Só não sei se é a cura ou a doença
E eu sou as duas coisas na mesma mulherzinha...

(...)
E as pessoas esperam delicadeza de mim
 24h por dia
Todavia
 eu sou um menino de periferia

Eu não fui moleca
Mas depois de um tempo fiquei assim
Quem me conhece de perto
Não tem nada de bom pra esperar
E tá do meu lado...
São as minhas pessoas...
H. C. Q. F 14 - 16 de Nov, 2021

Trechos de uma canção:
"Ela é um arrepio indesejado
No pior dos seus dias...
Ela é tão teimosa quanto o inverno
E tão gentil quanto o sol
E ela não vai congelar
Ou queimar ninguém"
(About Sophie)

Vídeo YouTube:
https://youtu.be/VgI2IzLhnuY

* Pela primeira vez, o título não é meu













sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Aurora dos versos

 Parece que pela primeira vez aconteceu o que eu queria... 

Na minha mente desfilam as experiências nas quais eu estive sem transbordar o sentido que me fez chegar em mais um Sarau: contar minhas autografias.

Sim, porque a minha história não caberia em uma bibliografia, ou mesmo estaria bem representada em uma enciclopédia com todos os títulos que ao ler encontrei recortes de mim.

Onde me reencontro é no que se desfaz em escrita, quando a pena me atravessa e eu sangrando renovo os horizontes da minha vida.

Nunca é simples... Não tem horário...

 Já escrevi a lápis para apagar e depois redescobrir nas cores escolhidas uma materialidade pros sentimentos e sensações... 

Mas a percepção sempre falha na releitura... Já não é mais pelo mesmo motivo que meu peito chora, e esses retalhos que em vão tento costurar de volta na alma remendam não pedaços antigos, mas novas histórias...

Planejei com antecedência como eu faria para a covardia me sabotar, mas dessa vez não conseguir pensar em não ir...

Cheguei primeiro... O local onde o sarau se realizaria vazio... Dirigi meu corpo e enorme expectativa para o bar, mais um vício humano me fazendo companhia.

Mexi no velho baú dos meus gostos, convidei sabores de vinho, alguns títulos de whisky baratos (lembranças do meu pai), aromas de frutas e especiarias... Estava tentando convocar novos personagens para ver se a narrativa tomava outro rumo...

As vidas que escolhi pra me segurarem a covardia, estavam lá desde antes da presença física... 

Senti tudo: as palavras que me fizeram rir da minha completa falta de jeito pra tudo; olhos que me abraçaram em corpo físico e corpo celestial (eu tenho uma versão estrela que eu escondo com falsa modéstia, ela é a menina que brinca quando a adulta cansada desmaia e me permite viver); a mão que apontou o palco... 

Dalí (o surrealista mesmo) em diante, pisei devagar em cada sentimento que escreveu o poema recolhido... E pegada a pegada coletei as palavras que sem escutar contei... Ainda de cabeça baixa, meio surda e a voz tão retraída quanto a espera que se fez chegada...

E como eu já disse , sonhar é um trabalho que no fim tem seu começo: é preciso acordar para realizar o desejo. De sede morre o sonhador que se recusa abrir os olhos... 

Tal que a esta hora, me acorda a aurora dos versos de Thiago:

"E aí eu penso

Como são infelizes os espíritos puros

Porque eles não amam o corpo 

Como eu amo o teu corpo

As as 6 da manhã

Em meio aos desfiles de sonhos

Nesse país lotado de zumbis

E de outros mortos-vivos

Mas eu não habito esse país

Eu habito o teu sorriso

E o teu peito

E toda vez que eu não couber dentro de mim

Eu te entorno poesia"

(Thiago Júlio Martins - poeta paraense)

H c q f 12 de novembro de 2021

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Mae(terna)

 Eu que sempre fui desencontrada em muito do que me d(escrevo)... Encontrei uma parte minha que me compõe há muito tempo... 

Uma parte capaz de sentir uma dor espraiada no coletivo... Capaz de fazer do sofrimento no outro um sentido... 

A minha face inesperada, que me aconteceu de fato sem planejamento e sem grande cerimônia...

 Minha identidade ma(e)terna... Um lugar que me ocupa grande parte do dia com responsabilidade, conflitos, dilemas e também desgasta muito das minhas esperanças...

Um espaço que me delimita tem mais de 30 anos, com apenas 1,50 metros e cabelos escuros... ela faz parte do que me tornou criança, filha, irmã, amiga, namorada, pedagoga, esposa, psicóloga... E me sustenta mulher, mãe, menina, separada, moleca... Em busca de me constituir psicanalista.

Virei mãe antes de ser mulher... Nada na lógica da biologia tracejava a fartura - escutar o deslimite que a semântica expressa no popular e permite enredar -, e também a faltura - de faltar altura e altar pra encejar o deslimite da cultura e a potência guardada nas frestas femininas.

Fiquei menina depois de mulher, um vir-a-ser moleca, que me aconteceu no cotidiano tão sem programação, em uma rotina enorme, exaustiva, dolorosa, no entanto capaz de forjar uma abertura que eu desconhecia no meio das minhas entranhas...

Aprendi a entoar risadas e cantigas em madrugadas de choro, de pesadelos, poucas horas de sono e muito temor de perder o presente, já que não ansiava mais pelo futuro.

Entornei dias e dias de cansaço em poucas expectativas, mas uma lista sem fim de atividades cumpridas...

As noites já não servem apenas para sonhar, ou rezar, surgem em meio aos afazeres com o escurecer que entra pelas janelas na casa e traz objetivos e com ela estudo, escuto, brinco, vivo até o primeiro bocejo, que geralmente já me arrebata cansada, para o mundo do passado, onde figuras eternas me consolam as dores efêmeras da vida.

 Exatamente porque os fatos são pueris e as pessoas imortais, é que fechar os olhos, partir, deixar saudade constitui a verdadeira lógica subjetiva. Três palavras, incompatíveis, explicando como os afetos atravessam madrugada a dentro...

É do reino dos sonhos a minha parcela mãe mais cara, a avó materna que passou pouco tempo na minha trajetória, era o xodó da família, tinha por dengo o meu pai, e que plantou em sua neta mais apegada enorme inspiração...

Talvez por isso, e por toda jornada que cada mãe sustenta diariamente, a noite é parcela encantada do dia e mesmo assim não é mais o futuro o horizonte que me guia.

Descobri e me mostrei para mim, mãe, quando passei a sentir cada dia integralmente, independente das horas, da rotina, das obrigações... Sentir o presente foi um bocado difícil... Perdi o alento juvenil de vislumbrar um porvir... 

Desejo em devir, vivo um sentir e adormeço moleca rindo do que pude resolver até ali para que minha cama, meu quarto, minha casa fossem um destino/abrigo/acalanto depois de anos planejando partir...

Ao encarar uma trágica partida, hoje senti essa dor que só encontrei depois de reconhecer minha identidade materna: dor de perder o presente... Esse espaço no tempo, que é o próprio tempo e ninguém percebe até perder um colo amado... Esse tempo que não é passageiro, já que é a própria passagem das horas, e que a memória tenta guardar como passado, mas é a própria história que recusa a ausência/tortura de não mais poder ter aquela pessoa. 

E eu que afirmei a imortalidade, preciso ratificar que a saudade é o reino das criaturas eternas... Que abriga os personagens das histórias, das cantigas, das canções, das fantasias... 

É tudo um tempo vívido apesar da morte. E diante desse destino, a maternidade recusa o futuro... 

Sentir a transitoriedade em 9 meses gestar um ser vivo, é uma experiência implacável... Desvelou o feminino que eu não via, por descuido e negligência. Fragilizou meus apoios externos e internos... 

E foi na infância que encontrei refujo, para lembrar como caminhei até essa chegada... O que pretendo tocar com meus pés, minhas mãos e minha delicada existência, para não perder o sabor inevitável que só o agora pode dar... 

Hoje senti meu medo de perder minha identidade de mãe, que em mim só meu filho pode legitimar... Senti a mulher que estou construindo doer de saudade do colo que abrigava um bebê, que hoje dorme sem precisar mamar, mesmo antes que eu tente lhe ensinar minhas músicas preferidas e meu estilo musical, sem critério mas puramente afetivo...

Ainda hoje choro a perda de Mar-ilha, única em sua trajetória, vasta no alcance de sua poesia... Uma mulher que canta suas tristezas e vitórias, enquanto conta afetos, embala a todos e alcança as estrelas.

"Você deixou saudade aqui dentro de casa", a mãe sabe o amplo significado que tem "dentro" de uma "casa", bem como a mulher sabe a direção que a "saudade" aponta... E não é sobre o que sobrou e pode alimentar a memória, mas sobre o que restou da passagem de uma vida inteira.

H. C. Q. F 6 de Nov de 2021

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Jogo de perder

Fiquei devendo um poema sobre o farol...
Acho que meus olhos cegaram diante da luz e eu não pude firmar a pena no papel...
Os traços tortos e desconstruídos já estavam desde a fonte
O coração que dizia
E a estrada linha que em versos seguiam
Estavam torpes e franzidas como a esguia e tímida mulher de coração partido
Bradam os poetas que o amor é um jogo de perder
E se perder de amor é uma dádiva 
Que só os ganhadores conhecem
Não estou entre os sábios e dadivosos
Estou do lado dos fracassados
Que entregaram mais do que deveriam
Ao destino que aspiravam

Hcqf 5 de outubro de 2021

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

O amor é um tipo de teste da vida

 A primeira vez que eu testei o amor... Foi logo quando o conheci e saboreei... 

Eu senti a doçura das nuvens tocarem a minha boca, como se eu tivesse provado um algodão doce azul... Assim mesmo...

Nunca alguém tinha se arrumado para me ver, nunca tinha sentido o privilégio de saber que o perfume que me lembrava alguém, tinha sido escolhido para me agradar e encantar...

Mas eu disse que não amava aquele cheiro, mesmo sabendo que me deixava desnorteada dentro do corpo...que me tonteava a alma numa alucinação de senti-lo sem enxerga-lo...

Neguei esse amor para poder ver se ele lutaria por mim, como eu estava lutando por ele contra a minha família, a minha classe social e a minha pretensão de não amar homem algum mais do que a mim...

Eu abri a porta do corpo dele, ofereci a inocência do nosso beijo pra uma mulher que eu admirava muito... E torci com todas as minhas forças, eu sonhei, sem dormir a noite inteira, que ele iria recusar... 

Nós já estávamos separados há meses, algo entorno de 6 meses... Mas eu queria a derradeira promessa de que eu seria a escolhida... De que ele me escolheria mesmo diante da beleza de Helen-a, porque ela não era a Hellen.

Depois ele voltou, ele negou... E eu quase perdi a amiga... Mas perdi ele, ele namorou e se deixou e me procurou e eu o deixei partir... Ele casou e encontrou do outro lado do mundo o abrigo que eu queria construir com ele.

Eu deveria ter aprendido que não sou insubstituível... Deveria ter aprendido na primeira Helena que atravessou meu caminho, a que teve a presença que eu tanto quis.. mas não aprendi... Que um presente pode ser perigoso... Que pode esconder uma guerra...

Testei o outro amor... O mais longo e arraigado em mim: o que eu temi demais testar, inventei outras formas de arriscar o que tivemos, só para não fazer o teste mais importante pra mim... 

Mas a maternidade me fez ser ainda mais eu, e aí, regredi a escolha que sempre faço diante do amor: vai e me prova que você está aqui porque você me escolheu...

Na minha fantasia, só outra mulher apaixonada é capaz de fazer o teste valer... Quer dizer, é preciso ver ele decidir rejeitar a outra mulher... E isso não acontece... De novo... E sempre...

Antes desse teve outro que eu também testei, mesmo antes de me declarar... Esse eu amei em silêncio, por covardia... Ficamos muito amigos e um dia, depois de tirar algemas que nem estavam trancandas, eu decidi tomar uma iniciativa: lutar por ele.

A primeira coisa que fiz foi apresentá-lo a uma garota... Uma menina que era meu oposto, mas da minha família, e que se ele ficasse, eu teria que conviver com o constrangimento dela ter sido pivô de uma desilusão amorosa minha.

Aconteceu... Ele escolheu ter um relacionamento furtivo com ela... Eles tiveram tanta intimidade e foi tão rápido e fulgaz quanto o envolvimento do meu primeiro amor e  minha amiga...

Porém com o tempo, as perdas foram ficando maiores... E como se eu tivesse dando ao amor um teste mais difícil: eu escolho mulheres mais afinadas com  os interesses deles... Algo sexual, algo estético, algo físico, que eu não esteja conseguindo oferecer... Eu mostro o que me falta no que a outra mulher tem e se o amor se apaixonar, é porque jamais suportaria conviver com a minha falta, com o m-eu desejo, com o que me dá sede de viver... A feminilidade que sempre me faz falta aos meus olhos...

Eu não poderia procurar isso que me falta em outra pessoa, mas eu ilumino quando reconheço em alguém: a beleza que me faltava aos meus olhos; a doçura que eu não sinto nos meus gestos; a juventude que eu vejo diminuir em mim; e agora a sexualidade livre que eu me impesso de exercer depois da maternidade...

Assim, falei dos líquidos encantos dos lábios do meu amor para alguém com muita sede; dei a espada para alguém com vontade de se vingar de mim cortar meu coração; abri a porta pra uma jovem gananciosa, na casa de uma senhora sem ambição.... 

E agora... Agora... Não sei nem como descrever sem uma metáfora que possa me redimir: ofereci um lindo abrigo confortável e familiar, para alguém sem critério... Que pouco caso faz da gentileza de um conforto pra alma, se puder desfrutar de luxo, glamour, status e qualquer mentira que traga algum lucro...

Talvez eu tenha enxergado o lado que o farol não se deixa iluminar... Talvez a briga toda por rechaçar a materialidade que envenena, se esconda no fundo do copo de martini que ele esbanja no fim de semana e que sei que tem gosto de luxo...

A luta que ele trava, não é uma luta que ele compra, talvez seja uma luta que ele venda, e que algumas pessoas compram... Mas nela, ele vai se revelar e eu vou mais uma vez perecer de descobrir o que me fez abrir mão: a mentira...

Sempre a mentira que eu me conto, a de que eu era a preferida... Essa eu até vivi com meu pai defeituoso, mas meu pai dos meus sonhos, ele me rejeitou pela Helena. Como se esse a, fosse a falta que me fez não ser escolhida, fosse a explicação, de que me falta alguma feminilidade...

Vivo o sonho de encontrar um homem que eu deseje e me torne meu próprio desejo no que me falta... Que reconheça essa minha natureza e veja a poesia que eu plantei nisso que é vastidão em mim...

Sinto força nesse vazio, como a energia que atrai para um buraco negro... Isso no início quando o encanto por mim se revela em música, poesia, flor, chocolate, conversa sobre a vida, o futuro, a família, uma vida inteira... 

Mas que me engole de sofrimento e loucura e eu começo a sentir o peso da minha história, do que eu não posso ser, do que eu tenho dificuldade de encarar nos meus defeitos e começo a desistir de viver o amor...

Eu quero que a proteção, a promessa de amor seja eterna (quem sabe um dia a paz vence a guerra e viver era só festejar...)... Mas eu sei que não dá pra ser assim... E eu sou a primeira a pular do barco, se eu não ver a praia no horizonte quando eu quero... Mesmo sabendo que a viagem seria longa, com tormentas, e dias de chuva... Eu quero ser aquela que vai ser embalada, que vai receber o colo... Sou exigente com o amor, tal como não sou com a própria vida, que eu não desprezo por ser difícil... Já o amor, esse eu fujo, desvio e desmoralizo, pra poder saber se é verdadeiro...

Cobro uma vida inteira de histórias mal-contadas, tornadas em fuxico, ao invés de serem relatadas por quem de direito para alguém com o peito aberto....

Indicação de música: never enough, do filme "o rei do show".

H. C. Q. F 28-29 de setembro de 2021





sábado, 18 de setembro de 2021

Banhar as vestes

 Hoje eu não queria ser mãe...

Não queria ter ninguém esperando pelos meus atos...

Queria ser apenas uma mulher esperando uma resposta...

Vendo quem ela quer correr, voltar, andar e falar... mas também sem certeza  alguma do que ele diz ou faz...

E poder deitar e chorar a amargura de não ser a única que ele quer... e sequer saber se ele a quer, e por isso esquecer do mundo...

Deixar  o mundo inteiro, todo, para trás... correr dentro do seu próprio  coração... não dividir  com absolutamente ninguém  essa dor...

Não está perdido, mas não é  sobre ganhar... é  sobre se deixar perder de paixão... nem sequer amor está em jogo...

Tantos segredos, tantas histórias e nenhuma sobre a correria que ela sente no peito... O seu sentimento  não importa... nem pra ela, nem pra ele...

Ela precisa q o olhar de carinho venha dele... q a escolha seja ela para ele... porque seu coração  desaprendeu a optar...

Tem no corpo um coração  cansado, paixão já não estava mais no horizonte, se a questão fosse amar, ela iria esperar uma vida inteira pela pessoa... mas sem qualquer  acordo e ainda ajudando ele a revisitar outra... nada é, nada tem que ela possa pedir, solicitar ou desejar... e ainda assim é  de um afeto imenso o que lhe desnorteia...

É  de puro desejo seu engodo e de pura esperança  esse lamento...

Queria ela que (a)mar lhe banhasse as vestes.

H.C.Q.F 17 de setembro  de 2021


quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Castanho

 Como deixar partir o que ainda não chegou por completo?

Quem ainda é só prenúncio? Quem ainda é só afeto?

Não tem ainda uma lembrança só dele...

Tem um lembrança de tudo naquele dia, mas foram poucos minutos da sua companhia...

Eu só lembro do corpo se curvando e eu fiquei sem saída...

Eu tentei correr, eu acho que ele percebeu..

Porque foi sumindo e reaparecendo como flashes no parque de diversões...

Eu via a roda gigante cada vez que o procurava...

Eu sentia uma montanha-russa no estômago quando não o via...

E os fogos no coração encêndearam meu corpo...

E as cores explodiram num cem mil pedacinhos que eu juntei na minha frente, qual quebra-cabeça....

E eu me vi quando olhei pra ele...

Eu simplesmente me vi olhando pra ele: meu batom vermelho nos lábios a sorrir, meu olhar sorrindo também e bem vidrado naquela paisagem cor de mel...

Isso que ficou estranho pra mim: ele tem um algo que não sei o que é colorido, mas tem também uma tonalidade real de mel, algo entre castanho, marron, loiro e os olhos claros...

Eita que eu não sei o que é...

Melhor que eu não saiba mesmo... Porque sem saber já quero tanto... Imagina se eu já conhecesse algum sabor, algum cheiro, alguma textura... Eu não consigo imaginar... E isso me intriga e excita...

Mas sem me fazer vibrar... Engraçado isso...

Eu não estou eufórica, mas estou sim esperançosa... Cheia de esperança que não sossego com nada... Ele é o intervalo de cada questão, cada pensamento e sensação...

H. C. Q. F. 11 de agosto de 2021

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Um começo colorido

 Cheguei a festa/bar

Não reparei em ninguém

Fiz amizade com umas moças

Eu e minha amiga fomos atrás de um lugar

Na mesa encontrada 

Uma decepção aguardava

Um homem da vida dela estava acompanhado


Minutos depois

Fomos comprar cerveja

Ele/Outro se aproximou da minha amiga

Eu percebi que ele chegava muito perto pra falar

Achei que eles teriam algo

Deixei-os em certa privacidade

Foi aí que notei ele me olhar

Perguntei quem ele era

Ela disse 

um(a) amigo da faculdade


Retornei pra comprar petisco

Depois de um embroilho com a caixa do lugar

Me virei e rápido ele me parou

Buscou meu rosto lá em baixo 

Trouxe pra cima, e bem em cima

Perguntou se eu poderia lhe dar meu contato

Eu meio desentendida e preservando minha amiga

Falei que tinha visto que ele era amigo dela

 e se quisesse podia ficar lá perto (conosco)

Ele se apressou em ratificar 

Queria um contato posterior comigo 

( Agora entendo que a sós, talvez)


Errei meu contato de primeira

Ele acertou mesmo assim e eu tive que concordar

A insistência dele me pegou de surpresa

Eu tive medo de deixar aquela possibilidade de contato se concretizar

Mas ele conquistou um bocado de mim, desde aí


Depois ele desapareceu no pouco de gente que havia no lugar

Relaxei, conversei, escutei minhas amigas

Então, percebi outro homem chegar

Encarar e marcar território

Ele já mais vistoso ao meu gosto

E  como se fosse sem pensar

Olhei pro lado

O arco de iris estava lá

Cercando sem fazer alarde

Foi o bastante


O outro fincou os olhos em mim

Um olhar gostoso 

Um sorriso leve e alguns comentários com um amigo dele

Sem tirar os olhos de mim

E eu gostando e querendo

Mas olhava pro lado

Meu desejo já não estava tão longe

De amizade em amizade

Chegou numa mesa que encostava na minha

E mesmo de costa pra mim

Eu me sentia sua

Não pude mais me ofertar ao outro olhar 


E aquele triângulo começou a mexer comigo

Eu presa ou dominante

Estava no centro

Entre dois cavalheiros

Um que me encarava de frente

E outro que me espreitava distante


O outro cavalheiro também sentiu a presença Dele

Bateu em retirada com os amigos

Apesar de deixar outro fumando 

Bem perto


E eu cercada

Não sabia o que fazer

Pois nenhum deles realmente chegou mais perto


Foi então, que da mesa ao lado

Onde o desejo alado estava

Surgiu uma ponte

Um homem que perguntava sobre 

A amiga que estava conosco

Mas saiu de fininho

Que ele não pôde nem cumprimentá-la

Falamos que ela havia ido embora

E ele deixou muito evidente 

Queria que ela soubesse 

Que sua presença foi notada

Que ele sabe onde ela mora

Sabe seu nome

E queria de alguma forma corteja-la

E não era a primeira vez


Esse homem robusto e cumprido

Fez meu desejado pretendente 

Sentir a necessidade de me olhar com mais firmeza

Fez ele se levantar e ficar agitado

Tinha um certo ar de cobrança no seu olhar agora

Incrível como isso me excitou

Fiquei enlaçada por aquela

Já não mais micro-atitude

Uma atitude mais interessada


Eu tinha pressa de ir embora

Um compromisso no outro dia me chamava

Mas ele ia e vinha na minha vista

Sumia e reaparecia, do nada

Mas nada de chegar mais perto


Foi então, que meu coração acordou

Senti que ele viria

Porque os seus movimentos foram mais rápidos e elétricos

Mesmo assim

Ele veio 

De-vagar


Primeiro vi ele perto de um menino

Depois vi o menino se aproximar

E então um cumprimento

"Oi, tudo bem como vocês, meninas?"

"Prazer, meu nome é Bianca"

Eu só disse: oi e sorri

Ele já estava fora da minha visão

Ele veio 

andou ao redor da gente

Sempre rodeando meu ponto cego

Ainda tentei fugir

Puxei minha amiga, e disse

Ele tá vindo

Deu tempo da gente se afastar

E ele

De novo

De-vagar e rápido

Aparec-eu

Diante de mim 

Qual espelho

Talvez quebrado

Não conseguia enxergar direito seu rosto inteiro

O que vi com alguma clareza 

Foram seus olhos

Mas nem cheguei a notar as cores

Só vi que ele todo parecia inteiro

Cor de canela (Sandra de Sá)

Tons de amarelo, marron, bege, creme, ocre

Em pura cintilância

De novo

Na minha frente (prazer)

Pra dizer quase nada

E a mesma coisa

"Eu vou falar contigo pelo Insta. Tudo bem?"

Então veio o toque

Toc toc 

Bateu a porta

Nessa hora

Parece que estávamos só nos dois na minha mente


Entrou...

Ele tocou minha mão

Foi esquisito como sempre é

Se curvou

Eu retribui com solenidade

Não sei se disse algo

Não sei se respondi com meu corpo

Só sei que ele sorriu

E de novo

Um arco-íris em tons castanhos (lembrei da música do Renato Russo)

Se abriu

Não vi mais nada


Corremos

Entramos no carro

Viemos pra casa

Eu, ele e meu desejo alado


Mas ele não cumpriu o combinado

Não houve conversa

Só algumas falas

Ele perguntou onde eu iria

Eu respondi que estava indo pra casa

Ele disse: "poxa"

Eu disse que queria que ele me deixasse dormir 

(E hoje já tem 2 dias que estou direto acordada por esse desejo de vê-lo, tê-lo)

Ele perguntou onde eu morava

Eu respondi

Ele disse que estava "pela doca"

Eu só sinalizei que curti e li

E realmente adormeci


Acordei, fui ao meu compromisso

Me tranquei do lado de fora da sala

Risos, risos e mais risos


Ele não falou mais nada

Foi um dia de silêncio

Eu resolvi espreita-lo

Curti uma foto sua (queria nua)

Em que alguém comentou

Que o cachorro da foto 

Chamava atenção


Apesar de haver um animal da espécie canidae

Foi para ele o elogio

Sim, ele é um canídeo do tipo raposa

No meu sonho

Ele é voraz 


Depois curti a fotografia aleatória

De uma casa torta

Antiga e cheia de vida-morta

Uma casa abandonada

Que abriga uma história

Que ninguém conhece

Mas que chama atenção

Por ser inclinada e o tempo não ter lhe roubado as cores (pensei sabores)


Não houve resposta a esta jogada...


Noutro dia, já era eu pura raiva e vontade de partida

Queria não mais querer ele

Sem paciência praquela espera toda

Que ele fazia

Questões e questões pensava

"Será que ele ainda quer?"

"Será que foi um rebote químico?"

Quero desistir

Mas desejo continuar

"Será que não sou o tipo dele?"

"Será que minha vida não é interessante e convidativa?"

"O que será que ele queria? Será que ainda quer?"

Dormi sem conseguir sonhar

Em estar naquela companhia 


Noutro dia

Eu me aconselhava

"Se eu não tentar, vou estar me traindo"

Foi então que lancei um dilema, em forma de elogio:

Podia deixar claro

Que seus olhos são coloridos 

Ele desdisse:

Não ligo pra foto minha

Eu insisti:

Parece que gosta de foto-grafia

Ele disse:

Mas gosto sim de fotografia

Com um erro de português

Tão esquisito quanto tudo nele


Novamente, tirei meu time de campo

Curti mas não comentei

Foi uma pequena vingança

Por toda espera


Ele nada de corresponder

E demorou bastante

Quase meio dia

Na hora da mesa

Ele curtiu 

Uma única foto minha

Muito elogiada por outras pessoas

Uma foto de arco-íris

E agora estou sem dormir

Sem conseguir sonhar

Do jeito que eu queria


Cheia de vontade de que esse desencontro

Se torne um reencontro

Com os tons de "canela, com mel de abelha"

Como diz a canção que o prenunciava

H. C. Q. F 9 de agosto de 2021











domingo, 8 de agosto de 2021

Arco-iris

 Me ajuda

Traz um pouco desse teu arco-íris

Pros meus dias nublados mesmo no sol quente

Pros meus dias azuis com chuva por dentro


Traz um pouco de sabor de riso

Sabor de beijo

Sabor de fonte de luz 


Tem um jogo gostoso na tua risada

Teu olhar é penetrante

Mesmo antes

Do verde encostar no azul e virar mel


Quando a gente se encontrou

Não foi na vez que tu me parou diante de ti

Foi quando teu leve circular

Cercou minhas intenções

E eu escolhi te esperar chegar mais perto

Como os pares se aguardam numa dança


Ainda não foi o encontro que eu quero

Quero prestar mais atenção no teu olhar

E ver se os meus dedos capturam teus cachos

E o nariz os cheiros menos prováveis


Estou a espera...

Mas cada passo que tu dá

Recebe um ⅓ meu

E de mim fica quase nada

E em mim vai fincando morada.


Eu sempre me apaixono em agosto

Pelo gosto que o desejo 

Em promessa se dá

H. C. Q. F 9 agosto de 2021


Li- To -Ar - L

 Mais um Leon...

Outro que me faz me sentir perdida e apaixonada... E quando a partida, derradeira e sabida acontece... Fico perdida por um tempo até voltar a descobrir o sentido do caminho...

Eu já poderia estar acostumada a fúria desse "mal-querer", mas ele também é "bem-querer" ter asas, sentir o gosto/beijo da liberdade desses encontros.

No primeiro, um toque me acordou o gigante, leão adormecido, de me descobrir sexualmente, de me envolver com o outro e perder algumas partes das minhas crenças sobre meu corpo esguio e pequeno. Esse veio depois do aprendizado sobre amar e ser amada e en-cantada por ter virado letra de música pelo peito que me embalava com um beijo doce e sereno (nunca mais senti igual).

O segundo, conheci antes do primeiro, já estava escavando minhas rochas desde quando chegou, mas só me dei conta quando ele encostou no meu primeiro amor. Ela tinha ciúme da nossa amizade, como sempre teve de todos e todas que chegavam mais perto. Foi aí que o escuro nele brilhou pra mim... Mas nele eu descobri que também queria ser colo para um "bebê". E abriguei suas histórias, seus defeitos, seus desenganos... E ele ficou tanto tempo neste lugar que abriguei seus amores, vi que ele podia amar outras mulheres e eu não morreria por isso. Foram então vários casos muito sérios e eu nunca conseguia me declarar, porque os intervalos eram pequenos e na sabedoria de perde-lo e ele sempre voltar/estar, eu também aprendi a amar, apesar de nunca esquecer o "azul indivisível" que me acolheu em corpo, alma, boca, cheiro e composição.

Ainda com este segundo primitivo, eu aprendi a me deixar ser cuidada e amada, e oferecendo um carinho possível para sentir o gosto de conquistar um lugar especial no peito de outro, mas me sentia um pássaro na gaiola que quase esqueceu que sabia voar e só não desaprendeu, porque tem asas na alma.

Veio então o terceiro "cavalheiro" do Apocalipse.... Eu tô rindo mas o que eu passei, eu não podia imaginar que me transformaria em corpo, mente, alma e vida. Esse veio em dupla, chegou depois que um lutador quase nocauteou meu desejo de satisfação sexual: quase entreguei meu corpo, mas minha alma molhada não encontrou onde se abrigar para despejar desejo. Esse pequeno ser, me encaminhou para o terceiro, por isso na verdade são 1 e ½. E de novo estou rindo, mesmo sabendo que o caminho seria difícil e eu nem sabia o quanto. 

Então, o banho com este nada(dor) foi em uma bacia bem pequena. Não tinha espaço pra mim na vida dele, e nem pro meu desejo naquele pequeno porto que eu sonhei litoral. Nadei e quase morri na praia e era sobre morte mesmo o aprendizado que viria.

Aqueles que antecederam essa história, já começaram a me preparar para o deserto que o desejo me fez caminhar. Conheci a satisfação sexual em meio a um banquete que preparei para Narciso. Alguém cheio de sonhos e carente de reconhecer seu próprio valor. Estava quase afogado de tantas derrotas, fui o campeonato, a batalha e o troféu que o coroou: ele me venceu e eu perdi.

Ele conquistou seus desejos, e cada vez mais eu fui perdendo a sede, a fome e a vontade de vencer. Não perdi por w.o. porque estive a todo tempo acompanhando suas jogadas. Fui a melhor jogadora mas não ganhei nada. Perdi num truque de mestre, onde fui pega traindo, atraída por meus próprios anseios: meu corpo me encêndiou e eu senti uma sede infinita, que me encheu a barriga de vida. E a Luz se nasceu, no entanto pude enxergar minhas cicatrizes e as feridas que a luta me causou. Coloquei em prática as lições que aprendi sobre falhar, perder, finalizar e morrer, para ser fomento, nutriente, alimento e adubo em mim e para o meu amor.

Outra graça, sem graça, é que o cavaleiro apocalíptico (1 e ½ lutador e nadador) anunciou o nome que me castraria das minhas mais agressivas ambições de passar ilesa numa vida tão sofrida como a minha. Eu me sentia ganhadora de um prêmio enorme no vazio de tantas batalhas sem morrer, mas de mãos vazias. Que em espelho algum eu me via nocauteada, até que a gestação de um novo desejo, começou a sinalizar minhas faltas e o quanto são grandes os motivos de eu querer/desejar tanto: estudo, emprego, meus sonhos, uma riqueza imaterial e segurança.

O que eu busco nessa vastidão é proteção, um colo doce que em essência me cativou numa prisão; uma segurança que na raiz era desamparo e obsseção; um desejo lascivo que nas profundezas tem agressividade e inconsequência. São meus duos que me tornam humana em carne, alma, osso, vida e desejo. E que eletrizam meus cortornos com sangue e vontade intensa, mas que também sabe su(cegar) para meus instintos primitivos e cant(ar) e sus(pirar), que me faz dar braçadas no mar da vida, mesmo sem saber direito sobre nadar e mesmo assim buscar... 

A sabedoria sobre o nada, cujos ensinamentos faz buscar o litoral que há nas costas dos continentes, que abrigam fronteiras invisíveis entre os seres todos que habitam de horizontes o mundo, onde pra todo lugar que se mira, o que se vê não é tudo o que existe.

H. C. Q. F 08 de agosto de 2021

sábado, 7 de agosto de 2021

Cerimônia

Talvez pareça parte de uma encenação alguns ritos amorosos. Alguns gestos e cerimônias ficam exageradas e a fantasia toma conta da cena. 
Parecem contos de fadas que desencantam pela cristalização da interação dos enamorados. Fica piegas.
Mas o rito faz parte do amor, é que a espetacularização quase consegue se esconder embaixo de uma figura(ação) .
Os sonhos contam parte dessa ritualística, com seus personagens, objetos e lugares abstratos tal como peças de teatro infantis.

H. C. Q. F 13 de fev de 2021

Verde'aguar

 Conheci os olhos que podem me cegar

E aí invés de correr, 

Lutar pela evidente necessidade de ver

Quero me banhar naquelas águas verdes


Quero entender o segredo de olhar tão profundamente

Quero ver o mistério ganhar vida na mudança das cores 

Qual prisma a evidenci-ar o arco-íris


São círculos perfeitos que capturam sem possibilidade de defesa

Meu coração com sede encontrou água-viva

E a via mais penetrante eletrizou

Meu corpo enxague 


Não era pra ter acontecido

Tenho outros horizontes a minha frente

O destino menos percorrido

Novamente 

É o que me faz desejante


H. c. Q F 07 de Agosto, 2021




domingo, 23 de maio de 2021

Livro de receita

 Faz tempo que me vejo sendo uma página virada na vida das pessoas...

 São amigos que se afastam, amores que eu perco, fugas que invento e depois me arrependo...

Desta vez queria estar começando a escrever um livro. 

Nutrir um afeto gostoso que dá vontade de continuar, e nos dias difíceis ter tempero suficiente para os dias insossos...

Porque existem dias sem graça, em que não há doçura, não tem emoção, dias em que não se vê cura para os sofrimentos antigos...

Porém, têm aqueles em que só falta o ingrediente certo. Às vezes improvável, as vezes agridoce, às vezes até meio amargo... Naquele dia, naquela hora, desde aquele momento vira o preferido.

Estou sentindo falta disso que afeta o sabor das coisas, ou que dá mais sabor à vida.


H.C.Q.F, 23 de maio de 2021.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Gestos de des/amor

 Não se sentir em casa, em lugar algum...

Poderia ser poético, alma viajante, a casa é o mundo, mas não. Para que o mundo fosse seu lar, o abrigo que tem no peito tem que ser ilimitado, como a maneira como se sente amado. E não é sobre amor, mas sobre sentir falta...

Qualquer lugar do planeta é hostil, com quem não tem onde se referenci(ar)... É não ter por quem gritar no desespero, e guardar poucas lembranças boas e muitas histórias de despejo, solidão,abandono.

Aguentar essa carga é desumano. Tira até a delicadeza da alma de bichos, que são muito cedo expostosa aos intempéries das matas. Embora sua natureza, faça-os mais fortes perante a solidão, mas não menos sofridos e amedrontados quando estão fugindo do desamor humano.

E neste instante assemelho a incapacidade de amar à raiz da violência. Quando a agressão transborda e descaracteriza a vida revelando o inani(mato). Assim que a morte domina a cena e o que desliza por cada via do organismo é frieza, malícia, mentira e deixa o outro em destroços.

Essa capacidade de odiar também engendra o que anima o ser. A dose desse veneno amarga os sonhos e constrói os pesadelos mais terríveis: todos desejos que o sangue envenenou com pura maldade.

É sobre o que é familiar na vingança, no ciúme, na cólera, na solidão, no desassossego, e esfria o peito com a dor mais conhecida: aquele dia em que o desespero não viu o colo que merecia.

No adulto essa semente já está germinada, em alguns suas raízes sedentas correm pelo corpo-alma em busca de todos os líquidos-desejos e os desidrata.

Na criança essa semente é plantada, o quanto que é regada pelos que lhe acolhem, ou não, fazem esse fruto maldito destruir a capacidade de folh(ar), flo(rir), cres(ser)...

A falta de cuidado que o desumano semeia, vem da sua incapacidade de assumir que cresc(eu). Tem irresponsabilidade em demasia impedindo o cultivo do outro na sua vida. É um ser solitário por indecisão, e neste sentido quer dizer: por não querer decidir, por abrir mão de escolher.

Está naqueles que gastam atitudes ao léu, brindam o destino, porque ele alimenta a covardia voraz, que os consome. Justamente isso, tem força e poder de destruição dentro do que se acovarda em tudo.

Todavia, a vida, habit tão antigo quanto o pó pra onde vamos, é a força de amor e cria, isto é, tem potência como todo início. Porisso também reconstrói, revitaliza e redireciona o sentido. É capaz de recomeços, como a capacidade humana de inventar histórias a cada reencontro com a pena, a página em branco e os novos habitantes dos seus delírios, sonhos e círculos de convivência.

Convivas, neste mundo da dependência sexual de ter alguém. Embora sempre perdidos de amor por quem nos abrigou por vontade, por desejo, ou sem querer.

O mapa que aponta nosso desejo mais íntimo são as atitudes, canções, narrativas e histórias do que era estranho e familiar na infância. Do que foi contado e cantado enquanto não sabíamos onde estávamos, quem éramos,  e se em algum momento soubemos quem nos amava a cada gesto.

H. C. Q. F de 4 de fevereiro de 2021


terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Seia

Enquanto se reflete sobre (um) amor, não é incomum encontrar escritores, seus textos e seus personagens universalmente reconhecidos sobre o tema: Shakespeare, Romeu e Julieta; Machado de Assis, Capitu, Bentinho; Jane Austen, Emma; Platão, Sócrates; etc. A lista é muito grande e não é sobre a vasta literatura romântica o que me proponho a dis(correr). 
A questão que me tocou foi que o texto mais conhecido, comentado e citado sobre o amor, é "O Banquete", o qual tem como cenário uma celebração com comida e bebida.
Isto é, não é o fato de ser uma festa, e ainda assim isso também importa. Todavia, que em meio a comemoração haja comida e bebida, provavelmente em abundância. 
Não que a quantidade esteja em evidência, mas que entitular a narrativa com o tema, banquete, simpósio, festa com bebida, em si remeta à fartura (escuto faltura, fratura). Embora o que se coloca em questão vai para além de: o que se comeu, ou bebeu e o quanto se fartou, ou mesmo o motivo daquele banquete.
Entorno da mesa, medicina, poesia, política, dialética e filosofia a elogiar outra arte humana, talvez a "arte mãe". E neste contexto, alimentar constrói um sentido para o fio que conduz cada tentativa de contar a gênese de amar.
E origem também ajuda a costurar esse cenário, onde cada estória conta um pouco sobre aquele que a escolheu.
Como que rememorando o quanto de amor foi em si regado, cada (his)tória parece mais ou menos satisfatória. Como quando o prato preferido é servido frio demais, ou um pão repartido é capaz do milagre da satisfação.
Não é sobre sentar e despejar a fome, de uma vida, em inúmeras colheradas. Faz mais sentido a gota que alivia a sede do amar descabido com a lágrima do reencontro; ou da despedida, ao transbordar do ser em busca do que lhe faz falta quando perdido.
E perder a hora da comida não é grave, mas perder  a fome é, remete a deixar de ter desejo por alimentar o corpo, a mente e a vida. 
Talvez uma lembrança esquecida, que faz o sentido-ser vacilar.
Talvez, a força da lembrança de ter sido alimentado de amor em meio ao desejo de ser amado, faça uma narrativa sobre celebrar com comida e bebida, resgatar a história mais antiga de humanidade: satisfazer-se com o outro.
Daí em diante: precisar de alguém é humano; não se sentir sozinho é social; amar é romântico;
Mas encontrar (um) amor é banquetear na vida, isto é, uma celebração erótica com comida e bebida de lamber os beiços, que dá água na boca. Afim de chegar à antropofagia que satisfaz a carne e a alma.
E porque desmamar está na ritualística de amadurecimento do pequeno ser, a gula é chamada de pecado, quando na realidade é o desejo bem guardado de se fartar de amor na "seia".
H. C. Q. F. De 2 de fevereiro de 2021.