quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Castanho

 Como deixar partir o que ainda não chegou por completo?

Quem ainda é só prenúncio? Quem ainda é só afeto?

Não tem ainda uma lembrança só dele...

Tem um lembrança de tudo naquele dia, mas foram poucos minutos da sua companhia...

Eu só lembro do corpo se curvando e eu fiquei sem saída...

Eu tentei correr, eu acho que ele percebeu..

Porque foi sumindo e reaparecendo como flashes no parque de diversões...

Eu via a roda gigante cada vez que o procurava...

Eu sentia uma montanha-russa no estômago quando não o via...

E os fogos no coração encêndearam meu corpo...

E as cores explodiram num cem mil pedacinhos que eu juntei na minha frente, qual quebra-cabeça....

E eu me vi quando olhei pra ele...

Eu simplesmente me vi olhando pra ele: meu batom vermelho nos lábios a sorrir, meu olhar sorrindo também e bem vidrado naquela paisagem cor de mel...

Isso que ficou estranho pra mim: ele tem um algo que não sei o que é colorido, mas tem também uma tonalidade real de mel, algo entre castanho, marron, loiro e os olhos claros...

Eita que eu não sei o que é...

Melhor que eu não saiba mesmo... Porque sem saber já quero tanto... Imagina se eu já conhecesse algum sabor, algum cheiro, alguma textura... Eu não consigo imaginar... E isso me intriga e excita...

Mas sem me fazer vibrar... Engraçado isso...

Eu não estou eufórica, mas estou sim esperançosa... Cheia de esperança que não sossego com nada... Ele é o intervalo de cada questão, cada pensamento e sensação...

H. C. Q. F. 11 de agosto de 2021

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Um começo colorido

 Cheguei a festa/bar

Não reparei em ninguém

Fiz amizade com umas moças

Eu e minha amiga fomos atrás de um lugar

Na mesa encontrada 

Uma decepção aguardava

Um homem da vida dela estava acompanhado


Minutos depois

Fomos comprar cerveja

Ele/Outro se aproximou da minha amiga

Eu percebi que ele chegava muito perto pra falar

Achei que eles teriam algo

Deixei-os em certa privacidade

Foi aí que notei ele me olhar

Perguntei quem ele era

Ela disse 

um(a) amigo da faculdade


Retornei pra comprar petisco

Depois de um embroilho com a caixa do lugar

Me virei e rápido ele me parou

Buscou meu rosto lá em baixo 

Trouxe pra cima, e bem em cima

Perguntou se eu poderia lhe dar meu contato

Eu meio desentendida e preservando minha amiga

Falei que tinha visto que ele era amigo dela

 e se quisesse podia ficar lá perto (conosco)

Ele se apressou em ratificar 

Queria um contato posterior comigo 

( Agora entendo que a sós, talvez)


Errei meu contato de primeira

Ele acertou mesmo assim e eu tive que concordar

A insistência dele me pegou de surpresa

Eu tive medo de deixar aquela possibilidade de contato se concretizar

Mas ele conquistou um bocado de mim, desde aí


Depois ele desapareceu no pouco de gente que havia no lugar

Relaxei, conversei, escutei minhas amigas

Então, percebi outro homem chegar

Encarar e marcar território

Ele já mais vistoso ao meu gosto

E  como se fosse sem pensar

Olhei pro lado

O arco de iris estava lá

Cercando sem fazer alarde

Foi o bastante


O outro fincou os olhos em mim

Um olhar gostoso 

Um sorriso leve e alguns comentários com um amigo dele

Sem tirar os olhos de mim

E eu gostando e querendo

Mas olhava pro lado

Meu desejo já não estava tão longe

De amizade em amizade

Chegou numa mesa que encostava na minha

E mesmo de costa pra mim

Eu me sentia sua

Não pude mais me ofertar ao outro olhar 


E aquele triângulo começou a mexer comigo

Eu presa ou dominante

Estava no centro

Entre dois cavalheiros

Um que me encarava de frente

E outro que me espreitava distante


O outro cavalheiro também sentiu a presença Dele

Bateu em retirada com os amigos

Apesar de deixar outro fumando 

Bem perto


E eu cercada

Não sabia o que fazer

Pois nenhum deles realmente chegou mais perto


Foi então, que da mesa ao lado

Onde o desejo alado estava

Surgiu uma ponte

Um homem que perguntava sobre 

A amiga que estava conosco

Mas saiu de fininho

Que ele não pôde nem cumprimentá-la

Falamos que ela havia ido embora

E ele deixou muito evidente 

Queria que ela soubesse 

Que sua presença foi notada

Que ele sabe onde ela mora

Sabe seu nome

E queria de alguma forma corteja-la

E não era a primeira vez


Esse homem robusto e cumprido

Fez meu desejado pretendente 

Sentir a necessidade de me olhar com mais firmeza

Fez ele se levantar e ficar agitado

Tinha um certo ar de cobrança no seu olhar agora

Incrível como isso me excitou

Fiquei enlaçada por aquela

Já não mais micro-atitude

Uma atitude mais interessada


Eu tinha pressa de ir embora

Um compromisso no outro dia me chamava

Mas ele ia e vinha na minha vista

Sumia e reaparecia, do nada

Mas nada de chegar mais perto


Foi então, que meu coração acordou

Senti que ele viria

Porque os seus movimentos foram mais rápidos e elétricos

Mesmo assim

Ele veio 

De-vagar


Primeiro vi ele perto de um menino

Depois vi o menino se aproximar

E então um cumprimento

"Oi, tudo bem como vocês, meninas?"

"Prazer, meu nome é Bianca"

Eu só disse: oi e sorri

Ele já estava fora da minha visão

Ele veio 

andou ao redor da gente

Sempre rodeando meu ponto cego

Ainda tentei fugir

Puxei minha amiga, e disse

Ele tá vindo

Deu tempo da gente se afastar

E ele

De novo

De-vagar e rápido

Aparec-eu

Diante de mim 

Qual espelho

Talvez quebrado

Não conseguia enxergar direito seu rosto inteiro

O que vi com alguma clareza 

Foram seus olhos

Mas nem cheguei a notar as cores

Só vi que ele todo parecia inteiro

Cor de canela (Sandra de Sá)

Tons de amarelo, marron, bege, creme, ocre

Em pura cintilância

De novo

Na minha frente (prazer)

Pra dizer quase nada

E a mesma coisa

"Eu vou falar contigo pelo Insta. Tudo bem?"

Então veio o toque

Toc toc 

Bateu a porta

Nessa hora

Parece que estávamos só nos dois na minha mente


Entrou...

Ele tocou minha mão

Foi esquisito como sempre é

Se curvou

Eu retribui com solenidade

Não sei se disse algo

Não sei se respondi com meu corpo

Só sei que ele sorriu

E de novo

Um arco-íris em tons castanhos (lembrei da música do Renato Russo)

Se abriu

Não vi mais nada


Corremos

Entramos no carro

Viemos pra casa

Eu, ele e meu desejo alado


Mas ele não cumpriu o combinado

Não houve conversa

Só algumas falas

Ele perguntou onde eu iria

Eu respondi que estava indo pra casa

Ele disse: "poxa"

Eu disse que queria que ele me deixasse dormir 

(E hoje já tem 2 dias que estou direto acordada por esse desejo de vê-lo, tê-lo)

Ele perguntou onde eu morava

Eu respondi

Ele disse que estava "pela doca"

Eu só sinalizei que curti e li

E realmente adormeci


Acordei, fui ao meu compromisso

Me tranquei do lado de fora da sala

Risos, risos e mais risos


Ele não falou mais nada

Foi um dia de silêncio

Eu resolvi espreita-lo

Curti uma foto sua (queria nua)

Em que alguém comentou

Que o cachorro da foto 

Chamava atenção


Apesar de haver um animal da espécie canidae

Foi para ele o elogio

Sim, ele é um canídeo do tipo raposa

No meu sonho

Ele é voraz 


Depois curti a fotografia aleatória

De uma casa torta

Antiga e cheia de vida-morta

Uma casa abandonada

Que abriga uma história

Que ninguém conhece

Mas que chama atenção

Por ser inclinada e o tempo não ter lhe roubado as cores (pensei sabores)


Não houve resposta a esta jogada...


Noutro dia, já era eu pura raiva e vontade de partida

Queria não mais querer ele

Sem paciência praquela espera toda

Que ele fazia

Questões e questões pensava

"Será que ele ainda quer?"

"Será que foi um rebote químico?"

Quero desistir

Mas desejo continuar

"Será que não sou o tipo dele?"

"Será que minha vida não é interessante e convidativa?"

"O que será que ele queria? Será que ainda quer?"

Dormi sem conseguir sonhar

Em estar naquela companhia 


Noutro dia

Eu me aconselhava

"Se eu não tentar, vou estar me traindo"

Foi então que lancei um dilema, em forma de elogio:

Podia deixar claro

Que seus olhos são coloridos 

Ele desdisse:

Não ligo pra foto minha

Eu insisti:

Parece que gosta de foto-grafia

Ele disse:

Mas gosto sim de fotografia

Com um erro de português

Tão esquisito quanto tudo nele


Novamente, tirei meu time de campo

Curti mas não comentei

Foi uma pequena vingança

Por toda espera


Ele nada de corresponder

E demorou bastante

Quase meio dia

Na hora da mesa

Ele curtiu 

Uma única foto minha

Muito elogiada por outras pessoas

Uma foto de arco-íris

E agora estou sem dormir

Sem conseguir sonhar

Do jeito que eu queria


Cheia de vontade de que esse desencontro

Se torne um reencontro

Com os tons de "canela, com mel de abelha"

Como diz a canção que o prenunciava

H. C. Q. F 9 de agosto de 2021











domingo, 8 de agosto de 2021

Arco-iris

 Me ajuda

Traz um pouco desse teu arco-íris

Pros meus dias nublados mesmo no sol quente

Pros meus dias azuis com chuva por dentro


Traz um pouco de sabor de riso

Sabor de beijo

Sabor de fonte de luz 


Tem um jogo gostoso na tua risada

Teu olhar é penetrante

Mesmo antes

Do verde encostar no azul e virar mel


Quando a gente se encontrou

Não foi na vez que tu me parou diante de ti

Foi quando teu leve circular

Cercou minhas intenções

E eu escolhi te esperar chegar mais perto

Como os pares se aguardam numa dança


Ainda não foi o encontro que eu quero

Quero prestar mais atenção no teu olhar

E ver se os meus dedos capturam teus cachos

E o nariz os cheiros menos prováveis


Estou a espera...

Mas cada passo que tu dá

Recebe um ⅓ meu

E de mim fica quase nada

E em mim vai fincando morada.


Eu sempre me apaixono em agosto

Pelo gosto que o desejo 

Em promessa se dá

H. C. Q. F 9 agosto de 2021


Li- To -Ar - L

 Mais um Leon...

Outro que me faz me sentir perdida e apaixonada... E quando a partida, derradeira e sabida acontece... Fico perdida por um tempo até voltar a descobrir o sentido do caminho...

Eu já poderia estar acostumada a fúria desse "mal-querer", mas ele também é "bem-querer" ter asas, sentir o gosto/beijo da liberdade desses encontros.

No primeiro, um toque me acordou o gigante, leão adormecido, de me descobrir sexualmente, de me envolver com o outro e perder algumas partes das minhas crenças sobre meu corpo esguio e pequeno. Esse veio depois do aprendizado sobre amar e ser amada e en-cantada por ter virado letra de música pelo peito que me embalava com um beijo doce e sereno (nunca mais senti igual).

O segundo, conheci antes do primeiro, já estava escavando minhas rochas desde quando chegou, mas só me dei conta quando ele encostou no meu primeiro amor. Ela tinha ciúme da nossa amizade, como sempre teve de todos e todas que chegavam mais perto. Foi aí que o escuro nele brilhou pra mim... Mas nele eu descobri que também queria ser colo para um "bebê". E abriguei suas histórias, seus defeitos, seus desenganos... E ele ficou tanto tempo neste lugar que abriguei seus amores, vi que ele podia amar outras mulheres e eu não morreria por isso. Foram então vários casos muito sérios e eu nunca conseguia me declarar, porque os intervalos eram pequenos e na sabedoria de perde-lo e ele sempre voltar/estar, eu também aprendi a amar, apesar de nunca esquecer o "azul indivisível" que me acolheu em corpo, alma, boca, cheiro e composição.

Ainda com este segundo primitivo, eu aprendi a me deixar ser cuidada e amada, e oferecendo um carinho possível para sentir o gosto de conquistar um lugar especial no peito de outro, mas me sentia um pássaro na gaiola que quase esqueceu que sabia voar e só não desaprendeu, porque tem asas na alma.

Veio então o terceiro "cavalheiro" do Apocalipse.... Eu tô rindo mas o que eu passei, eu não podia imaginar que me transformaria em corpo, mente, alma e vida. Esse veio em dupla, chegou depois que um lutador quase nocauteou meu desejo de satisfação sexual: quase entreguei meu corpo, mas minha alma molhada não encontrou onde se abrigar para despejar desejo. Esse pequeno ser, me encaminhou para o terceiro, por isso na verdade são 1 e ½. E de novo estou rindo, mesmo sabendo que o caminho seria difícil e eu nem sabia o quanto. 

Então, o banho com este nada(dor) foi em uma bacia bem pequena. Não tinha espaço pra mim na vida dele, e nem pro meu desejo naquele pequeno porto que eu sonhei litoral. Nadei e quase morri na praia e era sobre morte mesmo o aprendizado que viria.

Aqueles que antecederam essa história, já começaram a me preparar para o deserto que o desejo me fez caminhar. Conheci a satisfação sexual em meio a um banquete que preparei para Narciso. Alguém cheio de sonhos e carente de reconhecer seu próprio valor. Estava quase afogado de tantas derrotas, fui o campeonato, a batalha e o troféu que o coroou: ele me venceu e eu perdi.

Ele conquistou seus desejos, e cada vez mais eu fui perdendo a sede, a fome e a vontade de vencer. Não perdi por w.o. porque estive a todo tempo acompanhando suas jogadas. Fui a melhor jogadora mas não ganhei nada. Perdi num truque de mestre, onde fui pega traindo, atraída por meus próprios anseios: meu corpo me encêndiou e eu senti uma sede infinita, que me encheu a barriga de vida. E a Luz se nasceu, no entanto pude enxergar minhas cicatrizes e as feridas que a luta me causou. Coloquei em prática as lições que aprendi sobre falhar, perder, finalizar e morrer, para ser fomento, nutriente, alimento e adubo em mim e para o meu amor.

Outra graça, sem graça, é que o cavaleiro apocalíptico (1 e ½ lutador e nadador) anunciou o nome que me castraria das minhas mais agressivas ambições de passar ilesa numa vida tão sofrida como a minha. Eu me sentia ganhadora de um prêmio enorme no vazio de tantas batalhas sem morrer, mas de mãos vazias. Que em espelho algum eu me via nocauteada, até que a gestação de um novo desejo, começou a sinalizar minhas faltas e o quanto são grandes os motivos de eu querer/desejar tanto: estudo, emprego, meus sonhos, uma riqueza imaterial e segurança.

O que eu busco nessa vastidão é proteção, um colo doce que em essência me cativou numa prisão; uma segurança que na raiz era desamparo e obsseção; um desejo lascivo que nas profundezas tem agressividade e inconsequência. São meus duos que me tornam humana em carne, alma, osso, vida e desejo. E que eletrizam meus cortornos com sangue e vontade intensa, mas que também sabe su(cegar) para meus instintos primitivos e cant(ar) e sus(pirar), que me faz dar braçadas no mar da vida, mesmo sem saber direito sobre nadar e mesmo assim buscar... 

A sabedoria sobre o nada, cujos ensinamentos faz buscar o litoral que há nas costas dos continentes, que abrigam fronteiras invisíveis entre os seres todos que habitam de horizontes o mundo, onde pra todo lugar que se mira, o que se vê não é tudo o que existe.

H. C. Q. F 08 de agosto de 2021

sábado, 7 de agosto de 2021

Cerimônia

Talvez pareça parte de uma encenação alguns ritos amorosos. Alguns gestos e cerimônias ficam exageradas e a fantasia toma conta da cena. 
Parecem contos de fadas que desencantam pela cristalização da interação dos enamorados. Fica piegas.
Mas o rito faz parte do amor, é que a espetacularização quase consegue se esconder embaixo de uma figura(ação) .
Os sonhos contam parte dessa ritualística, com seus personagens, objetos e lugares abstratos tal como peças de teatro infantis.

H. C. Q. F 13 de fev de 2021

Verde'aguar

 Conheci os olhos que podem me cegar

E aí invés de correr, 

Lutar pela evidente necessidade de ver

Quero me banhar naquelas águas verdes


Quero entender o segredo de olhar tão profundamente

Quero ver o mistério ganhar vida na mudança das cores 

Qual prisma a evidenci-ar o arco-íris


São círculos perfeitos que capturam sem possibilidade de defesa

Meu coração com sede encontrou água-viva

E a via mais penetrante eletrizou

Meu corpo enxague 


Não era pra ter acontecido

Tenho outros horizontes a minha frente

O destino menos percorrido

Novamente 

É o que me faz desejante


H. c. Q F 07 de Agosto, 2021