domingo, 30 de julho de 2023

Grandeza das pedras

 De novo no vão penso sobre sexo e amor.

Amor e sexo referem cura, a mim.

Não sei quando começou, mas a transa só acontece comigo se for uma dança quase ancestral.

Mergulho em espaços, levanto, ando, seguro, oriento, abraço, dou colo, respiro e declamo...

Não sei de onde vem esse desejo/rito. 

Nem sempre fiz amor, quase sempre transar me satisfaz... Aprendi a separar sexo e amor cedo, porque tinha que amar meus personagens favoritos e transar com  as minhas fantasias.

É tudo tão "solene", vez ou outra me encontro com pedaços de Clarice, por tê-la reconhecido  qual perfume bem sútil na minha pena mais sofrida: a escrita.

Solene, é isso que faço do meu sexo. Ares de feitiço... Odores, sabores e texturas... Estou sempre diante de um caldeirão, escolhendo meus temperos e temperamento quando vou ao encontro sexual.

Uma dança gostosa me levou por anos a fio, também já experimentei o descompasso de uma parceria equivocada... Agora viajou com a música, numa experiência dionisiaca regada a vinho, chocolate, enquanto sirvo e descubro quando expando  meus limites.

Não posso mentir... Desta vez está doendo como nunca, no meu corpo. São toques demasiados que não me arrepiam...

Estranho o absurdo entre o anjo e a dama da noite. Suspiro e gozo,mas não chego ao orgasmo porque do outro lado há uma pedra.

Sinto um pedaço do poema de Camões para o Gigante do Triângulo das Bermudas: Adamastor. O querido velhinho da minha Hilda, que conversa com o quanto é singelo também o fantasma de Canterville, de Wilde.

 Todos muito grandes para pequenos gestos que transbordam carinho.

É um "Privilégio", como desde a nossa primeira vez... Porém tem doído por (não) concretizar as  passagens literárias. Não é para mim que devotam amor.

E eu querendo ser uma amada, a pequena dos sonhos de um homem enorme.

Que esse luto elabore meus complexos com meu pai, e me liberte de ser só pequena, também quero ser grande.

Hcqf 30 de jul 2023

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Covardia amorosa

Me vi sendo muito covarde... A nossa conversa tratou de afins quando deveria ser sobre fim.

Eu não queria que ele fosse outra coisa, se não como ele foi: escutou, foi gentil, me acolheu, deixou carinho nas palavras e até agora eu não sei como acordei...

Acho que ainda estou naquela conversa, como quando olho o último recado não visualizado com a solicitação de que ele continue "cantando pra mim, para eu dormir". 

Não dá pra acontecer... Aí já é um exagero.Eu só quero o tempo de sofrer até vê-lo com outra pessoa. 
Preciso me preparar, vai doer qual a separação do Thiago...

 Meu peito alagou meu colchão, numa enxurrada que brotou dos meus olhos, depois que acordei com dor de saudade, pedi um olhar ele não mais atendeu.

Agora a minha auto-sabotagem me levou bem longe... Estou solitária no trabalho, pensando em sair, querendo viajar pro exterior de mim e revolver o dia de ontem quando a minha covardia me fez perder uma possibilidade de ser tratada com carinho.

A situação circula nesse sentido, porque quero escutar a palavra mágica. Quero ouvir ele dizer, mas ele se contém, eu suss-urro, me entrego, digo e repito em puro gozo de prazer: amor, amor...

Ele não corresponde.

Eu já fui assim quando tomando todo cuidado para não blasfemar, diante do divino... Eu estava como refere U2 no "templo do amor", mas a contemplação me cegou antes que eu pudesse me sentir parte daquele espaço.

Aliás, também refere à topologia psíquica, essa condição de indisponibilidade para eu ocupar algumas posições: quanto à responsabilidade de amar. E eu estou inibida demais para sustentar. 

E todo o peso dessa circunstância de dúvida me refreou.
Mas eu gostaria de pressionar e seria ainda mais doloroso tanto quanto vergonhoso.
Estou me sentindo culpada e constrangida. E por várias vezes diante do espelho amoroso revejo meus complexos familiares de parecer com o meu abjeto e ser muito cobrada pelo outro objeto possível.

Não é sobre o que eu passei na infância, não é sobre a culpa de ninguém. Estou sofrendo pela covardia que me engendrou pequenina no tamanho e na demanda que faço do outro.

 Por mim, só correspondo. E quando solicito, faço com violência e alguma teimosia.

27 de jul de 2023.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Tô te amando de longe

 Confesso que o livro  de Alain Didier-Weill está me arrebatando e exigindo pausas: com música, poesia e algumas pessoas...

Entre uma página e outra, encontrei Marília Mendonça, depois de Stevie Nicks. 

A brasileira veio antes, chegou depois de umas férias da minha irmã no nordeste, quando foi a um Luau daquela menina inciando sua carreira como cantora, depois de compôr sucessos para duplas sertanejas. Hilda chegou impressionada com a força daquela voz. Talvez, como diz Didier-Weill, uma voz que diz ao sujeito "Em você, estou em casa".

A minha escrita, sem hierarquia, anuncia depois essa rainha da música brasileira, Gal Costa. Essa mulher da voz de prata, que encantou seus amigos músicos e a crítica, desde sempre. Amo escutar ela rasgar o peito e cantar: "antes de você eu sou, eu sou, eu sou amor da cabeça aos pés".

Bem, escolhi essa música, porque Marília completaria mais um ano de vida (22 de julho) e a existência do filhinho dela me atravessa o peito sempre quando penso no seu legado, que para ele não vai ser tão importante, quanto seria a presença dela.

Gal e Nicks foram muito elogiadas, Marília Mendonça ainda é bastante julgada, por sua voz imortal interpretar suas composições com temas "clichês".

Porém disse um homem europeu bastante respeitado que "todas as cartas de amor são ridículas", tal que é bem visto quem assemelhar seu sofrimento amoroso ao que disse essa Pessoa.

E tem coisa mais ridícula no amor do que a sofrência, "dito melhor", sofreguidão? 

Marília, Gal, Stevie talvez não precisem de nenhuma explicação para estarem em uma playlist. Sendo que, sinceramente, os motivos de cada um para escutar música, por vezes são incompartilháveis, ou como indica esse psicanalista francês,   no sofrimento psíquico está escondida "a perda do inaudito, invisível e imaterial".

Talvez explique as letras sobre separação que embalam muitos relacionamentos a despeito do tema (rsrs). Não é sobre o que diz,exatamente, é sobre o que toca,onde entoca,o que finca.

Talvez,cada um procure um lugar onde não precise de explicação alguma para ser amado.E em silêncio encontre algo além do sentido de existir.

Mesmo de longe, onde não dá pra escutar direito a voz de alguém, ainda dá pra sentir algo que tenha sido,o verdadeiramente, compartilhado.

Ainda sobre Hilst, Dionísio,Didier-Weill e Kaur...

Hellen

domingo, 23 de julho de 2023

Apenas uma história de verão

 Cá estou eu...

Fingindo que vou ser forte, se você me convidar...

Fingindo que se eu for, vou apenas para me despedir, sem olhar para trás e esperar que comece a tentar...

Guardei o que disse um dos  meus amigos: precisa deixar ele, para saber se sente sua falta e volta.

Não preciso, não! Nós dois sabemos que isso foi, da minha parte, um amor de verão. O meu primeiro e último, eu espero. 

Imaginável como a satisfação,realmente, nem insinua respeito. E pelo contrário, cada desculpa traz um selo de culpa. Esse lugar é muito desconfortável, nunca estive nele quando fui amada, é porque agora é só um jogo e eu não sei brincar. Não gosto da incerteza sobre ganhar ou perder, talvez seja esse meu aprendizado dessa vez: aprender a arriscar e não temer a derrota, quase certa.

Aprendizados de quando Há-breu.

Hcqf 23-24 de jul de 2023

É verão e estou com frio

 Eu nunca vou embora de verdade...

Eu abro a porta.

Ninguém sai 

Então percebo que estive sozinha

Todo o tempo que senti 

O frio de alguém em mim

Diz Kaur:

"As pessoas vão

Mas como elas foram

Sempre fica."

Ecoou no vão que encontrei no peito:

"Não quero um lugar na sua vida

Quero uma vida com você"

Mas não posso mais esconder

A nossa solidão

Os encontros sem tesão

E todo tipo de engano que nos achou enquanto estavamos perdidos

Na mesma casa avarandada 

De sonhos destruídos

Espero que de agosto em diante

O seu abrigo conheça o amor

Hcqf  23 de jul  2023


Obs: conheci a poeta, Rupi Kaur. Confesso que foi quando deveria.

sexta-feira, 21 de julho de 2023

No escuro de novo

Eu sabia que iria encontra-la. Não queria ter essa certeza, mas eu imaginei que os meus dias contigo, eram seus dias sem ela, ambos contra a sua vontade.

Eu lutei pra ter uma chance, que eu nunca tive, e eu sabia. Por isso lutei comigo, quando não me entreguei de uma vez. E nas vezes que coloquei limite aos assuntos íntimos.

E quando encontrei a maior intimidade contigo foi sobre sua amada, cuja reciprocidade está desde a conversa entre olhares. Isso é raro demais pra ser uma temporada.

Espero que minha dor encontre remédio na escrita... Porque agora com o coração partido ainda tenho outros medos.

Você disse que nos jogaria na "lava", eu sei que é "lata" do lixo, mas também pode ser na lama. 
Pode ser que eu encontre um muro maior que os da Mario Covas, quando nos revermos. 

Vai ser duro, mais duro que tudo que entrou em mim quando estavamos juntos.

Sei que se eu quiser não saberei mais nada, nem de você, nem dela. Por um lado reconheço nessa estrada muito do que já passei com pessoas que eu não amava, porque os homens que amei, continuaram de certa forma perto, mesmo longe.

Acho que te amei na sombra de uma ciumeira tão grande quanto a samaumeira na frente da sua casa.
Aliás, ainda bem que apreciei o sol nascer naquele dia, sozinha. Vou ter a ilusão de que me despedi da sua vida, toda vez que avistar os tons arroseados no céu.

Não quero ser dramática, mas preciso me despedir, foram tantas formas de adeus cada vez que te vi, que estou cansada de esperar a fogueira em que irás me queimar.

Agora encontro mais um sentido pra bruxa tatuada na minha asa: apagar uma ilusão de amor.

Ainda bem que lembro vagamente das suas músicas preferidas, recordo mesmo das que escolhi depois por mim mesma, essas são minhas.

Espero conseguir dizer não, e refazer a chave do meu portão. Deixei contigo meus brincos, meu molho de chaves, um pedaço da minha história, o constrangimento de trair uma amiga de infância, alguns medos sexuais e o pesadelo de não fazer amor nunca.

Este último aprendizado foi o mais caro... Tenho vivido na solidão com receio de entregar meu corpo, sem alma, para outro fantasma solitário. Agora acho que atravessei esse medo. Estão vagando pelo mundo muitos "gosts", mas também almas apenadas de amores dolorosos. Pode ser que entre taças, conversas, cafés, regados a qualquer tipo de música, estejam duas "lamas" cansadas, por ter sido jogadas no lixo de alguém.

Lama, que fique claro, é o codinome de alma, pra mim. Meu objeto masculino muitas vezes chegou em casa cheirando mal de tanto beber e perambular nas ruas sofridas da sua vida. Não tenho medo do tom escuro, nem da areia quando se mistura a água da chuva; nem do céu depois que o sol deixa de iluminar a lua. 

Eu procuro a noite em todo canto íntimo do outro e de mim.

Hcqf 21 de jul de 2023

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Jogada na lava

O amor  vem das  profundezas da paixão

Enquanto na superfície é apaixonante 

no centro de onde acontece a erupção

 é onde nasce o amor


Que não apenas arde

Ele queima

Vem do choque de duas formas sólidas 

Que estoura a superfície


O vulcão são as sensações 

E as cinzas, a vida

Tudo passa

Mas  fica a terra escura que

um dia foi lava


Somos restos de amor

Que virou cinza.


Hcqf 15-19 jul 2023

terça-feira, 18 de julho de 2023

Demian na lava

 Tivemos uma noite estranha no Breu onde você diz que se mostra...

Foi como você disse que seria: só vamos escutar música...

E eu agora tenho a impressão que levo a situação para a cama... Isso porque descobri que seu coração já escolheu...

Não foi essa noite que vi em seus olhos a dor do ciúme... E também vi que uma parte de você deseja possuir alguém.

E não sou eu, que isso fique bem claro pra mim...

A nossa diferença é que não preciso do escuro para me entregar. E isso descrevo como qualidade, porque sentiria falta de ter te encontrado e não ser quem foi beijada.

Todo novo encontro um novo fim... Mas eu sei que estou deslocando para não dizer exatamente o que senti.

Estou triste, você não me corresponde, você está comigo por causa de mim e não por causa de si mesmo.

E só me encontras nas lacunas entre vocês. Eu vou ao encontro, mas no escuro... não sei com quem.

Li no seu rosto: dor. Encontrei no seu desejo outro corpo. Você me escreveu em uma madrugada: "retorno do recalcado"... Isso não é amor.

Amor é algo novo, é diferente de psicanálise, é Herman Hess. Esse livro/autor mudou sua vida. 

Eu até refiro algo  de inferno, enquanto encontro em ti o inverno do sentimento, em alemão. Sua alma queima, não como "demon", mas como "Demian", antes do prisioneiro da Estepe. E você  fica sem chão, porque ela exigiu mais do que você tem.

Eu até encontrei com um "Daimon" dos deuses gregos na sua cama, quando você nos cobriu, eroticamente. Porém, quando revelou que não se importa em jogar o carteiro na "la-va/ta", quem sou eu para discutir com você o lugar que você prevê pro amor?

De alguma forma, você disse que irá devolver Eros pro submundo dos amantes e seus crimes. E pegar fogo é mesmo o que mais quero... com você.

No entanto, seu "anjo decaído" fala alemão, uma língua fria, que não goza com qualquer uma "bonequinha sexual". Bem que você ME disse.

Um dia irei ao seu sótão encontrar o "Demônio do 1/2 dia" que te recortou ao meio. Não agora, eu não posso tentar arrumar o porão, na mesma vida em que arrumei sua casa e quase peguei tétano.

Aliás, organizei os cômodos mais sujos, como a infância de todo mundo. Encontrei bagunça e muitas coisas de uma mulher que em nada remete a seu amor mais pro-fundo. 

A militante que você vem encontrando onde há-breu na sua alma e se esconde nas páginas e curvas do livro que te descreve, em nada remete ao salão de beleza desmontado na sua sala, cheio de produtos fora da validade e equipamentos caros, cuja finalidade é esconder o máximo possível a si mesmo.

Outro dia entendi que você sempre encontra com a morena de Hess, porque as mulheres já não estão mais brigando para estar na Polis. Estamos por todo canto.

Embora no seu abrigo ainda esteja por todo lado o outro objeto, parda como sua mãe, escura como seu avô, que é sua tia. Tão presente como a poeira nos in-cômodos debaixo. Imagino como foi pra ela formar o sobrinho, fazê-lo chegar tão longe e só depois experimentar a maternidade, no intervalo entre seu filho biológico e se permitir se separar de ti. É isso que sei sobre ser mãe, e talvez sobre (a)mar: deixar ir. 

Talvez, quando o encontro entre amantes não dá certo e a arte, em poema e em filme reporta como desencontro, seja sobre duas pessoas que encontraram a liberdade sublime de Eros, um no outro. 

Eu, muito mais platônica que socrática, não te apeteço nem a carne, quanto mais a alma. Até porque a mitologia que te sustenta na metáfora de razão é a nórdica, o que na outra margem (de mim) se encontra em Hilda, enquanto eu remonto o helenismo e seus limites, ocidentais.

Divago sobre mim navegando meu rio (água salobra e turva) para não atravessar e cair no oceano (vasto e blue, do inglês), mas chegou a hora. 

As suas não respostas são espaços preenchidos com pessoas que você gosta. Descobri isso da melhor forma, quando fiz parte da sua rotina, depois que quase me joguei da sacada, no instante em que te servia.

Naquelas duas semanas em que consegui me defender do sentimento inventado por uma fantasia: você foi a um casamento e deparou-se com o colo perdido de um antigo amor; terminou seu relacionamento com sua primeira filha; aprendeu que o motivo de uma traição nunca é um amor verdadeiro; e então nesse lugar me enxergou de quatro por você e sentiu o punhal que sua amada guarda no bolso.

Foram muitos cortes de análise para pouco tempo de colo na sua história. Agora eu  vejo nitidamente que seu amor tem algo como uma espada, nada mais freudiano, como você sempre SE diz.

É mesmo a mãe quem se afasta para descansar e poder ajudar a subjetivar seu filhinho amado e permitir que ele possa arrebentar os limites do seu desejo e das ordens severas da civilização.

 A cultura que você tanto estuda e hoje conhece, foi obra desse punhal que você encontrou nessa estrada significante depois de sentir o desejo de seu primeiro amor.

Não, a mãe não quer que o filho seja feliz, ela quer ele ame. Quando na França a psicanálise revela que o desejo inscrito na alma humana é o desejo do Outro, isso aponta muitas camadas da cultura mais antiga: primeiro que é o outro quem ascende a sua chama da vida e não por menos quem sopra suas velas no (a)mar e apaga o fogo das suas conquistas baratas; depois implica dizer que o seu objeto mais caro está perdido/escondido em todos os seus amores, em pedaços pontiagudos que são capazes de ferir e apontar, rasgar e costurar;  mas também remetem ao que te fez rebento pela primeira separação enfrentada sem jamais deixar de demandar amor.

Desejo, é essa a tradução em alemão de demônio, por isso grito, sussurro, imploro no seu ouvido seu nome. Nos encontramos juntos, mas você deseja a mulher com o poder de te ferir, porque esse é o poder des/construtivo do amor; eu desejo o escudo que impede que a ferida mate.

O dom de ser mãe que me foi transferido, confere o poder de soprar aos meus amados o horizonte mais calmo, onde podem encontrar abrigo, comida e laço. 

Eu já disse para investir naquela que ao se distanciar te fere; a quem a traição revela não ser um objeto, já que é humana e sedenta de amor como você diante dela.

Fracassei em mais uma batalha perdida de amor. Estou arrumando minha alma para um horizonte longínquo. Dessa vez eu já sei que não quero ver, já vivi muitos desenlaces com o mensageiro dos deuses antigos... 

Confesso que estou cansada de ser como esfinge a ajudar os homens a decifrarem seus enigmas. Esse agora me machuca as partes com o aço mais duro e frio que forjou sua alma. 

Aguento grandes desafios ao lado de Ulysses, mas não estou escrita na epopéia. Eu sou a própria Tragédia, encenando atos humanos e cantarolando dilemas universais, para ao final da temporada passar longos dias solitária, fazendo poesia em prosa e verso.

Tomara que dessa vez eu encontre a minha cura.

Obs: escrevo isso no dia do aniversário da sua helena e me sinto a musa que lhe banhou de beleza, sob a luz de Selena.

Hcqf. 17-21 de jul jul de 2023



domingo, 16 de julho de 2023

Há-breu

Consegui.... Acabou! 

A última pétala caiu, depois que a chama foi soprada e a noite se "abreu", mas não mais pra mim.

Um pequeno romance inimaginável.... Foi o que ouvi de pequenos outros, sem escutar o que você dizia...

Ao teu lado na cama - desde o corpo virado pra mim, aos abraços de urso e até você embrulhar a gente com seu carinho - aprendi que um homem quando gosta, ele quer ser especial pra sua pequenina.

Eu não vou me permitir te ver me dando adeus... Eu sei que você não sabe, mas eu achei todo tempo que ia adoecer e morrer... Eu bati a cabeça muito forte dias antes de entender que tinha te perdido... Nem assim eu acordei... 

Era difícil entender que uma mãe poderia ser tratada com respeito e carinho, depois de tudo que tenho vivido.

Sempre digo que os homens da minha vida me trataram bem e isso me fez amar ser mãe de um homenzinho. Sua mãe teria orgulho, não pelo que você tentou viver comigo, mas pelo que você conquistou, mesmo debaixo de uma pressão descomunal em um menininho.

Sabe o dia da moça que te abraçou e celebrou no "bar escuro"? Eu me senti ínfima, não por causa da sua altura, mas porque eu escutei todo mundo que falou mal de você, menos sua aluna.  Eu apaguei aquela mulher lindona e cheia de boas intenções, porque eu não tenho envergadura moral para assumir que eu sou tola quando gosto de alguém pra valer.

Meu ex marido caminhou comigo no meio das trevas e eu soltei a mão dele no primeiro obstáculo em que ele tropeçou. Eu não voltaria pra honrar nosso vínculo, porque a Luz-menininha é um presente que ele merecia - queria ser pai de menina.
Espera um pouco, vai chegar a sua estrela da música brasileira, todos meus amores tiveram sua Marina.

Eu não consegui descrever nossas madrugadas, porque eu só sei descrever o que me dói. E quando você tocou em mim com força e intensidade, eu senti meu corpo ir acordando... Mas de um coma profundo, como a protagonista de um dos meus romances favoritos.
Que aliás, eu reencontrei na travessia desse último fim de ano. E agora, "Para Sempre" é meu.

Eu juro, eu vou voltar a ler minhas obras tão desejadas na estante. Amo cada uma desde quando chegaram... Vieram encantadas, por cada reencontro com seus títulos e estórias. São um sonho dramatizado numa casa meio em pé, meio derrubada, na minha infância.
Eu não podia te dizer nada disso, senão agora não sobraria sentido nem na minha escrita.

Obrigada por ver em mim mais do que tinha. Agora eu vou encontrar algum pedaço meu perdido nessa tristeza. Vou  regar com carinho e força, como você fez comigo, a tessitura (de composição musical mesmo) e a interpretação das coisas.
E espero ser respeitada, nem que seja um dia, por minha forma estranha e solitária de ler a vida.

E ninguém nunca mais vai me levar por uma noite sem cantar uma música, ou dizer que se importa por eu ter sido muito magoada algumas vezes.
Desculpa, amor, você me pegou e abraçou desprevenida.
Até outra vez na vida, Br(Eu).


Hcqf. 16 de jul de 2023

sábado, 15 de julho de 2023

Tez-ardente (II/2014)

 Estou tentando escrever esse "adeus", mas não consigo, porque não quero aceitar...

Quero sua boca, seus olhos a fechar me beijando... Seu cheiro que eu encontro na minha pele como se fosse ontem, a hora em que estivemos enrolados no lençol que cobria a cama...

Este feito me fez arrefecer o que eu tinha de desejo ainda no corpo e abraçar aquele homem de proporções enormes que assombra meus sentidos, mas cabe totalmente no meu sonho.. 

Hcqf 15 jul 2023

Vão de amar

 O amor tem um vão que aproxima...

Um espaço entre as bocas

Uma saudade contínua


Está no silêncio da respiração

Quando guarda o gemido mais intenso

Para soprar no outro

O vento, flâmula, de tesão


É o espaço que percorrem os ponteiros

Na espera pelo chamado

Aguardado 

O dia inteiro


Faz eco no sussurro de desejo

Quando os corpos finalmente se encontram

No espaço/tempo infinito

Do reencontro 

Depois do primeiro beijo/objeto


Hcqf 15 de jul de 2023

quarta-feira, 12 de julho de 2023

 Ele escreveu: 

"Sdds de ti"

E mentiu

Não há saudade abreviada...

Hcqf. 12 de jul de 2023


Tez-sutura

 Vou aos seus lugares

Encontro meus espaços

Hcqf. 12 jul 2023