domingo, 3 de abril de 2022

Cinzas de estrelas

 A pouca justiça que vejo nos olhos de quem me condena

A vejo, em quantidade pequena, desde dentro de mim...

Por vezes o juízo mais frequente que faço das minhas escolhas de caminhos e pessoas, vem de um juiz que me condena a um poço...

Mas dentro, em mim, essas águas venho cuidando... 

 Tem um tempo, que reconheci da sua profundeza, não a mim, mas outros...

Entendi no que há de escuro, espaço para as estrelas, que guardo...

Água ainda é um tema delicado, reconheço. Sua limpidez, sua profundidade, maleabilidade e densidade, características orgânicas que lapido em análise...

Encontrei minha fonte e descobri também riachos... des'águar prene de vida e responsabilidade, fez um braço de oceano encontrar minhas águas barrentas de Rio Guamá(Guajará de mágoa).

É meu ponto de ambivalência: 

escura - preta e marronzada;

dividida: densa e fria - leve e quente; 

profunda - translúcida e opaca; 

apaixonada pela vida - amante e traída.

Tem tempo que mergulho só quando estou distraída... prefiro minhas margens e os limites da escrita a despeito da ortografia, mas diante da oficialidade...

Escolhi a escrita, a pesquisa e a poesia, aonde a escuta me guia devagar....

E esse tempo que corre rápido mas a passos de formiga, pequenina é a pegada...

Meus passos são  reticências e estou sempre ás voltas com a ciência  e suas linhas, regras, réguas e medidas.

Como me fascina, algo tão estranho, para uma mulher, como a dureza em que fui forjada?

Dúctil, são as pontes, estradas e muros, que contornam... 

Me apaixono por meu lado mais duro, toda vez que brilha em outra alma.

Vislumbro lapidar a minha onix até queimar a minha fênix e enxergar nas cinzas a poeira de estrelas escondida.

Hcqf 2 de abril de 2022 (10/05/2022)