quarta-feira, 2 de abril de 2014

Afecção/8i8/Afeição



L’amou(ria)

Ninguém poderia ser punido ou julgado por amar. O amor é a coisa mais importante do universo e perder um amor é a coisa mais difícil do mundo. É ele o responsável pelas mais maravilhosas construções, materiais ou imateriais. 
Então, qual a razão para desrespeitar um relacionamento entre pessoas do mesmo sexo? Qual motivo para desqualificar um amor por ser platônico?Ou ainda, por que desconsiderar o sentimento de alguém que permanece com o parceiro mesmo sendo ele agressivo?
Todo amor é indispensável. Ninguém é capaz de conter a potência que esse sentimento tem e sua capacidade de nortear nossas ações. Somos fortes o suficiente para aceitar o amor de quem não amamos, mas não somos suficientemente fortes para não sofrer diante de uma separação, seja ela amigável ou não, seja ela definitiva ou não, e pior ainda será se for abrupta, como a morte do ser amado.
Perder um irmão, os pais, um familiar muito próximo, um cachorro ou gato de estimação, o amigo mais chegado, alguém por quem estava perdidamente apaixonado: não tem uma dor mais cruel.
Imagino que ficar sem um membro, ou com um comprometimento motor muito sério, seja algo dificílimo de aceitar, no entanto ainda está em você a chave para dar outro sentido pra essa experiência e, principalmente, se estiver perto o suficiente do aconchego de seus entes queridos.
Agora, fico imaginando a falta de alguém muito especial, alguém que você queria estar tão perto que talvez, isso te fizesse parte dele e vice-versa. Nessa situação a sensação de impotência, de fraqueza, de tristeza, de dor é dilaceradora. E os pedaços que se perde são irrecuperáveis. Ás vezes a pessoa vai pra muito longe pra nunca mais te ver, ás vezes fica perto, mas quer ser como um estranho pra você, e por vezes a distância é algo intransponível, porque a pessoa está no céu e você na terra.
Eu poderia conjecturar que só alguém que já sentiu tamanha saudade é capaz de entender, e por isso julga esse ou aquele relacionamento o mais certo. Contudo, essas perdas irremediáveis são capitais, não há como desconhecê-las, pois (re)conhecer alguém com essa ferida, afeta.
(HCQF/fev-2014)