domingo, 8 de agosto de 2021

Li- To -Ar - L

 Mais um Leon...

Outro que me faz me sentir perdida e apaixonada... E quando a partida, derradeira e sabida acontece... Fico perdida por um tempo até voltar a descobrir o sentido do caminho...

Eu já poderia estar acostumada a fúria desse "mal-querer", mas ele também é "bem-querer" ter asas, sentir o gosto/beijo da liberdade desses encontros.

No primeiro, um toque me acordou o gigante, leão adormecido, de me descobrir sexualmente, de me envolver com o outro e perder algumas partes das minhas crenças sobre meu corpo esguio e pequeno. Esse veio depois do aprendizado sobre amar e ser amada e en-cantada por ter virado letra de música pelo peito que me embalava com um beijo doce e sereno (nunca mais senti igual).

O segundo, conheci antes do primeiro, já estava escavando minhas rochas desde quando chegou, mas só me dei conta quando ele encostou no meu primeiro amor. Ela tinha ciúme da nossa amizade, como sempre teve de todos e todas que chegavam mais perto. Foi aí que o escuro nele brilhou pra mim... Mas nele eu descobri que também queria ser colo para um "bebê". E abriguei suas histórias, seus defeitos, seus desenganos... E ele ficou tanto tempo neste lugar que abriguei seus amores, vi que ele podia amar outras mulheres e eu não morreria por isso. Foram então vários casos muito sérios e eu nunca conseguia me declarar, porque os intervalos eram pequenos e na sabedoria de perde-lo e ele sempre voltar/estar, eu também aprendi a amar, apesar de nunca esquecer o "azul indivisível" que me acolheu em corpo, alma, boca, cheiro e composição.

Ainda com este segundo primitivo, eu aprendi a me deixar ser cuidada e amada, e oferecendo um carinho possível para sentir o gosto de conquistar um lugar especial no peito de outro, mas me sentia um pássaro na gaiola que quase esqueceu que sabia voar e só não desaprendeu, porque tem asas na alma.

Veio então o terceiro "cavalheiro" do Apocalipse.... Eu tô rindo mas o que eu passei, eu não podia imaginar que me transformaria em corpo, mente, alma e vida. Esse veio em dupla, chegou depois que um lutador quase nocauteou meu desejo de satisfação sexual: quase entreguei meu corpo, mas minha alma molhada não encontrou onde se abrigar para despejar desejo. Esse pequeno ser, me encaminhou para o terceiro, por isso na verdade são 1 e ½. E de novo estou rindo, mesmo sabendo que o caminho seria difícil e eu nem sabia o quanto. 

Então, o banho com este nada(dor) foi em uma bacia bem pequena. Não tinha espaço pra mim na vida dele, e nem pro meu desejo naquele pequeno porto que eu sonhei litoral. Nadei e quase morri na praia e era sobre morte mesmo o aprendizado que viria.

Aqueles que antecederam essa história, já começaram a me preparar para o deserto que o desejo me fez caminhar. Conheci a satisfação sexual em meio a um banquete que preparei para Narciso. Alguém cheio de sonhos e carente de reconhecer seu próprio valor. Estava quase afogado de tantas derrotas, fui o campeonato, a batalha e o troféu que o coroou: ele me venceu e eu perdi.

Ele conquistou seus desejos, e cada vez mais eu fui perdendo a sede, a fome e a vontade de vencer. Não perdi por w.o. porque estive a todo tempo acompanhando suas jogadas. Fui a melhor jogadora mas não ganhei nada. Perdi num truque de mestre, onde fui pega traindo, atraída por meus próprios anseios: meu corpo me encêndiou e eu senti uma sede infinita, que me encheu a barriga de vida. E a Luz se nasceu, no entanto pude enxergar minhas cicatrizes e as feridas que a luta me causou. Coloquei em prática as lições que aprendi sobre falhar, perder, finalizar e morrer, para ser fomento, nutriente, alimento e adubo em mim e para o meu amor.

Outra graça, sem graça, é que o cavaleiro apocalíptico (1 e ½ lutador e nadador) anunciou o nome que me castraria das minhas mais agressivas ambições de passar ilesa numa vida tão sofrida como a minha. Eu me sentia ganhadora de um prêmio enorme no vazio de tantas batalhas sem morrer, mas de mãos vazias. Que em espelho algum eu me via nocauteada, até que a gestação de um novo desejo, começou a sinalizar minhas faltas e o quanto são grandes os motivos de eu querer/desejar tanto: estudo, emprego, meus sonhos, uma riqueza imaterial e segurança.

O que eu busco nessa vastidão é proteção, um colo doce que em essência me cativou numa prisão; uma segurança que na raiz era desamparo e obsseção; um desejo lascivo que nas profundezas tem agressividade e inconsequência. São meus duos que me tornam humana em carne, alma, osso, vida e desejo. E que eletrizam meus cortornos com sangue e vontade intensa, mas que também sabe su(cegar) para meus instintos primitivos e cant(ar) e sus(pirar), que me faz dar braçadas no mar da vida, mesmo sem saber direito sobre nadar e mesmo assim buscar... 

A sabedoria sobre o nada, cujos ensinamentos faz buscar o litoral que há nas costas dos continentes, que abrigam fronteiras invisíveis entre os seres todos que habitam de horizontes o mundo, onde pra todo lugar que se mira, o que se vê não é tudo o que existe.

H. C. Q. F 08 de agosto de 2021

Nenhum comentário:

Postar um comentário