sábado, 26 de agosto de 2023

Na esquina

Nunca pensei que te encontraria aqui

Eu gosto do café, do brownie também (e da música)

Sempre vem?

Não!

Eu já vim e não te vi...

Acenando em tom afirmativo com a cabeça.

(Mais de uma vez, mesmo eu estando aqui)

Você já vai?

Daqui a pouco...

Me paga uma cerveja.Vamos escutar... "que foi tão real (pra ti)".

Eu tô quase de saída...

A gente pode ir lá pro "Safira".

Não (eu não conheço mais o dono).

Por que não?

Você não mora mais

Aqui (dentro).

Lembra, "não seja como aquele que foi embora e deixou seu nome para trás"?

Foi só um sonho ruim.

Ainda vai encontrar um colo em alguém... Desculpa, eu tenho que ir.

Obrigada pela cerveja.

Hcqf 26 de agosto de 2023





 Por que eu não posso mais te ver?

Porque não quero me sentir

Olhada.

Mas ainda quero olhá-la.

Está tudo nas memórias 

Se guardou alguma.

Não entendo

O que fiz?

Nada

Então?

Por isso precisa olhar de novo 

E não tem mais jeito.

Hcqf 25 de agosto de 2023

Adeus entre parênteses

 Ele me diz 

Até mais (tarde)

E se distancia 

Como se eu fosse ficar 

A espera

Ele sabe

Que vou ficar

Só não sabe

Que não espero 

Mais nada

De nós 


Hcqf 25 de agosto 2023

A Leminsk que encontrei de madrugada

 O que faz acordada?

(Pergunta Leminsk)

O que não faço dormindo.

(Respondo ao poeta)

Inda sonha?

(Insiste)

Ando sonhando abreviaturas

(Ouso responder à poesia

Que em si

A "nadie" pergunta)

Se não indago

A ti

Por que responde?

(Continua nossa Musa)

É que o motivo

Das curtas palavras

São os dilemas que os poemas 

Sem querer desejam

À alma de quem os questiona

Agora dor-m(em)

Licença poética

Poeta, poema, mulher 

No escuro.

Hcqf 25 de agosto 2023





sábado, 19 de agosto de 2023

A house on my own *

 A house on my own

Not a flat. not a apartament in back. not a man's house. not a daddy's. a house all my own. with my porch, my pillows, my pretty purple petunias. my books and my stories.  my two shoes waiting beside the bed. nobody to shake a stick at. nobody's garbage to pick up after.

only house quite as snow, a space for myself to go, clean my papers before the poem.

não um apartamento. não é um apartamento nos fundos. não a casa de um homem. não de um papai. uma casa só minha. com minha varanda, minhas almofadas, minhas lindas petúnias roxas. meus livros e minhas histórias. meus dois sapatos esperando ao lado da cama. ninguém para agitar uma vara. lixo de ninguém para recolher depois.

única casa como a neve, um espaço para mim ir, limpar meus papéis antes do poema.

Autoria Desconhecida

Post Instagram cantora portuguesa 

Carolina Deslandes


sexta-feira, 18 de agosto de 2023

O frio no topo

 Não dá pra enfrentar o inverno de peito aberto

O branco neve, exige aconchego, dobra o volume das roupas e do corpo

E o cinza denso do nevoeiro perturba os sentidos ao embaçar a visão e esfriar a tez

Diminue o tempo na rua, acrescenta horas ao conforto da cama

Vem dos seus dias frios, o modo de querer alguém em um lar "acalantoso"

Chamam de "amor romântico", esses "romances" sobre o amor, cujos mais conhecidos foram escritos diante da lareira, enquanto a neve tingia de branco telhados, calçadas, os bancos das praças e o inverno entrava no peito congelado dos europeus

Um grande amante, Shakespeare, era do United Kingdon, cujo estilo extraordinário não descreveu amores alegres, nem simples, apesar do quão populares tornam-se seus escritos

Talvez, não as traduções, apenas, mas muito mais as versões de suas obras, construíram estórias simples que determinaram sua fama que atravessou oceanos e barreiras da língua, sem tocar os cânones que lhe renderam a crítica literária mundial, por seu estilo vernáculo inovador e a pena dolorosa que tomou muitos dos seus versos

A chuva constante, o frio e o preto dos guarda-chuvas, estão todos alí no peito elizabetano de Willian, ainda que não restritamente triste, no entanto clamando o colo e o âmago de seus apaixonados leitores

Não, não dá para abraçar o inverno e não sentir sua face gélida e a densidade do ar que respira

É precário até dormir, dorme-se mais horas, porém o descanso é menor

Por passar por momentos em que lençol algum empresta calor ao corpo duro pela baixa temperatura que marca a alma também

Não passa o corpo pela estação mais escura a resguardar sua luz mais cálida

Em algum canto desse trecho do caminho o sopro apaga a chama dos sentimentos que aquecem

E vive o sujeito dores tenras diante da coisa mais inédita: amar sem o amor em troca

Ninguém está impassível desse inverno: homens racionais, mulheres exuberantes, pessoas brilhantes, grandes nomes de suas áreas...

Tocar o topo de alguém muitas vezes é entrar no breu mais insólito de si mesmo 

E sentir não a chama que forjou de vida sua alma, mas a lama movediça em que se esconderam seus tristes fantasmas e o vento que sopra antes da tempestade mais longa 

Não adianta guarda-chuva, nem qualquer abrigo, é quando o amor faz todo o sentido: paciência, generosidade, honestidade e presença

É estar numa estação a espera de um transporte, mas contar que o destino traga alguém que te reconheça como humano

É sobre ver a si mesmo desamparado pelos olhos do outro e desejar que o gray dos dias perca um pedaço e ganhe duas sílabas de grace, e não de grave.

Hcqf 18 de agosto de 2023