Pra quando ele se foi...
s.i.l.ê.n.c.i.o
18/06/25
Um casal de homens se beijando em uma estação de ônibus, trouxe a lembrança do que não tenho.
Eles se tocavam com suave intimidade até que uma cortina de chuva, bem forte, trouxe o vento frio e a água gelada, empurrando os dois amantes para longe dos olhos preconceituosos e/ou saudosos da gente que se escondia da chuva e, de alguma forma, da solidão de não ser aquelas duas almas.
Eram jovens e despretensiosos como suas caricias... não se sabe, quanto puderam ser mais íntimos ou tolos não estando mais vigiados pelos olhos famintos.
Um enlace pela nuca e um beijinho bem rápido abriu um espaço entre aquele pequeno mundo de dois e todos que os invejávamos. Fomos devargazinho levados à nudez daquele momento. Cada um, sozinho mesmo, estava com calor por estar vestidos. Queimamos no inferno dos segundos de solidão, enquanto dois anjos desnudos sentiam o doce vento do paraíso. Lembrei de Amy winehouse, em "Tears dry onde way" que canta que "o céu é uma chama que só os amantes podem ver".
Estive a admirá-los, ainda que não pudesse defender a dignidade do seu encontro. Não queria que nada atrapalhace, mesmo sabendo que talvez Barulho, Vento, Chuva fossem seus coadjuvantes naquela noite.
E eu uma simples escritora, tímida, diante de uma cena amorosa cotidiana, como há muito não experimento... eu procurei na memória alguma última lembrança de um toque assim tão fundo... por não encontrar gastei a pena solitária e distraída a contar o que em fantasia foi sentido.
Hcqf 27 de maio de 2025 - dia de Roberto
Eu queria abraçar o Amor
E faltar braço para fechar o laço
Queria destruir a distância
Entre as cidades
E dormir todo dia no seu colo
Adoro o cheiro da barba
A cama que dorme
A estante de livros
A montanha de CDs
As blusas quadriculadas
E as camisas de bandas desconhecidas
Mas o Amor não tem um poema sobre mim
E eu tive que destrancar o cadeado
Na ponte que fantasiei visitar com ele
Fomos embora de madrugada
Ele e um bocado de mim
Vou me procurar pela vida à fora
Ainda que espere encontrá-lo
Hcqf 15 de maio de 2025
Por que dói quando alguém que não nos ama vai embora?
Tem a resposta pronta de que é o sentimento em nós que demanda e angustia...
Mas pensei se não há algo sobre nutrir fracassos afetivos, como amor por cadáveres, hipóteses... e tudo o mais que justifica nosso medo de conquistar relações reais, alimentar reciprocidade...
E na vida real, o vilão sempre se dá bem: recomeça, cresce na vida... mas quem realmente sofre as consequências dos dias sofridos: sobe devagar a escada e aprende a nutrir solidão, autores complexos e amizades verdadeiras.
Estou no lado B do disco: sem grandes expectativas, guardando algum tesouro para ouvidos muito gentis e cuidadosos...
Não quero mais madrugadas sombrias e amizades com garçons, donos de bares e histórias muito desencantada sobre a vida...
Até enfim ele se foi, de novo, ms talvez pela primeira vez.
Hcqf 04 de maio de 2025
Sinto/sei que a ligação era só um teste para saber sobre algum impedimento.. não uma tentativa de comunicação...
Ele que me ligou...
Inclusive pela segunda/terceira vez de noite
Mas ele quem desliga
Como sempre.
Não há o que esconder
Ele diz o que veio fazer
E deixa o rastro do que roubou
Novamente.
Sempre perco pedaços
Não sou boa o suficiente
Tenho milhares de defeitos
Me falta tato, me falta jeito
Sou um monte de escombros
Ainda não estou acabada
Ou ainda não fui finalizada...
Parece que é isso:
Minha consciência à espera de um nocaute
Falta muito para estar totalmente pronta
Para ele
Para a sua vida
À convivência com a sua família.
Sou ingênua demais pra saber tratar um monstro como ele precisa
Doce demais para agradar um paladar sofisticado
Muito pequena para estar do lado de um grande homem e seus privilégios
Mesmo que eu esteja envolvida, ainda que não devotada, à educação de um menino
Que eu desejo superior aos meus diplomas de faculdade
Ele disse: "todo mundo se aproxima por algum interesse..." e repete: " todo, todo, todo mundo..."
E eu escuto: "você também tem um interesse em relação à mim..."
E embora a minha cognição prejudicada, consigo alcançá-lo mais à frente: "a cada dia perco mais o interesse em você."
Está se construindo a porta da partida
Quando diz o que (não) sente
Hcqf 03 de maio (uma rua depois da sua casa e onde a minha família se abrigou vindo do interior) de 2025
É só o conteúdo que fala de amor, quando o continente não esta tomado.
E depois desses dias... ainda em guerra com meu temperamento, preciso ver teu nome no alto da página, enquanto endereço afetos da veia em escrita....
Desculpa, desculpa e desculpa se eu transbordar é a mais indolente saudade.
Preciso confessar: odeio quando tratamos de veleidades externas: política, cultura geral, epistemologia, ou mesmo os clássicos da filosofia, os cânones da literatura, as obras-primas da música... Dentre essas maiores riquezas do mundo, o que mais desejo é fazer parte da trivialidade como quando falta água, você perde a carona de volta para casa e eu durmo com muita saudade - como se fossemos dividir o mesmo lençol na madrugada.
Diz a música clichê da minha adolescência: "eu tenho inveja do vento que te toca..." Eu morro de inveja todo exato momento que descubro que qualquer pessoa têm de ti o que não seja brilhante e admirável... pois é isso que encontro nas noites insones que dividimos, porque qualquer um se apaixona por uma estátua ou uma imagem retocada, mas apenas o amor é capaz de sorrir de manhã com fome, antes de um banho, ou um copo d'água... eu fui e sou!
Me perdoa o português, "mal dito", e a confissão, mas os meus maiores tesouros que queria guardar, e mesmo agora, escorrem pela memória à fora, se foram, mas estão num ralho de pai no quarto azul-esverdeado - que me atingiu uma mecha de cabelo; o dia que limpei da sua barba o catchup, enquanto você me dobrou pela primeira de muitas vezes; no mesmo dia que me apresentou sua mãe sem nunca conhecer sua família - tinha uma casa com a vista dos sonhos na varanda, que me levou à praia no meio da urbanidade, me lembrou água mesmo no concreto e eu tirei folga tendo uma reuniao de trabalho; noutro dia depois do segundo bar na mesma noite, um sumiço no banheiro, uma carona desastrada num carro de aplicativo, tudo isso fez parecer que se escreve os destinos a lápis e algumas vezes a ponta quebra e continua com o dedo a brincar com os personagens - naquele dia fomos um filme do Adam Sandler (desculpa o repertório cinematográfico de repetente); tem uma lembrança que eu acho engraçada, mas também é triste: você chora como se estivesse gripado, limpa a lágrima muito rápido e esfrega o nariz cortando o choro e ficando vermelho, toda vez nessa hora eu tenho vontade de te beijar e ficar beijando para você não conseguir impedir as lágrimas de caírem - esse é o destino de ser delas, atravessar dos olhos até molhar o peito e voltar ao útero...
As tantas mulheres, nenhuma me incomoda mais do que as amigas, porque elas são testemunhas de quem é o Bruce, elas são o Alfred: elas te encontram a luz do dia, curam as feridas, eu só vejo as cicatrizes; elas sabem que você sangra, que não é sobrenatural, que não tem um superpoder (além da inteligência e perspicácia), que o dinheiro é a matéria-prima da capa e os acessórios que você USA, mas se pudesse trocaria uma casa enorme em um condomínio no bairro nobre, qualquer herança do sobrenome paterno, por um tempo olhando os olhos, admirando as mãos que te acalantaram e escreveram um livro ao longo dos dias nos quais esteve contigo, para assim ver de perto a boca e escutar cada palavra na voz inesquecível que seu ouvido absoluto busca nas melhores músicas do mundo. Ver o corpo da sua mãe pela última vez.
Escrever, ler, escutar música tudo isso é sobre colo, mas sem Ela é sobre Você... eu sei que trocaria de sobrenome e até o primeiro nome, ou de endereço, caso fosse para reencontrar a mulher que mais te amou antes e depois da vida e vai dar nome a sua futura cantora favorita.
Tem outras histórias engraçadas e constrangedoras, que são as que eu mais gosto, pois foram os dias que me senti menos por fora, mais amiga, mais íntima que quando a gente namora na cama.
Uma única vez, para sempre, encontrei nos versos de Antonio Cicero um poema não sobre GUARDAR, mas sobre medo de ESQUECER e na mesma hora escuto o sentido de PERDER... e só então chego ao trecho sobre publicar... E assim me tomou esse sentido...
Quer dizer: nós vamos perder as cosias mesmo depois de olhá-las, fitá-las, iluminá-las e sermos iluminados por elas... é a presteza do sonho dar sentido ao escuro, sonhar com o que ficou guardado do amor e acordar para amar um reencontro em cada pequeno pedaço que restou. É o que chamamos de memória: os restos mortais de quem ainda vive pensamento à fora.
Dá pra entender tamanha dor, não é? Como conseguir estar acordado sem esses guardados para existir com amor?
Não posso mensurar o que sente um poeta, sou feita de carne e memória dolorida, fiz disso meu ninho despedaçado, que costurei/teci/narrei pedaço-a-pedaço com a linha(gem) da minha avó(z) materna (de mãe e de pai) e literatura.
De uma sempre saudade de alguém,
Hcqf 29 de abril de 2025
Perdi minha fome, novamente.
Procuro por ela entre o dia e as tardes, entre textos e poemas feridos de morte, desidratados e famintos de amor, enquanto sofro desenganada por um vampiro que não me mata, para consumir das minhas veias o doce vinho regado a cuidado, amizades muito fortes e amores bonitos.
Busco por ela escrevendo as linhas mais tristes que sooam de mim... uma música de versos impuros, mal-cheirosos, como o vômito de um homem gordo a beber por horas, sem se alimentar diante de um dono falido num bar sem futuro, a quem ele roga amizade e prestígio.
Minha fome tão negligenciada parece que se escondeu atrás de tanta mentira, tanta falta de cuidado, tanto desperdício de tempo...
Depois de uma crise de choro enorme, de vomitar derrotas na lixeira humana mais sórdida que já encontrei pelas ruas sujas da cidade nova...
A fome não foi embora, eu a perdi, está escondida nos escombros dessa conversa sem fio, um paradiálogo desprezível que me atormenta os compromissos, os sonhos, a playlist, a família...
Sei que é o sinal para correr sem olhar para trás... desviar o olhar, não olhar para baixo, firmar os passos e temendo cair, depois de ter arrebentado o joelho, não parar até encontrar alguém com alma.
Vago em pensamentos que me torturam com um ciúme sem sentido de alguém desaparecido há anos da minha vida...
Ele já me disse que me suga, já me puxou com força, já me segurou dentro de um carro com as pernas para fora, já jogou fora tudo que deixei com ele...
Quero perdê-lo de uma vez.
Es o nosso último encontro... ele fala de filho e fantasias incestuosas, fala de sexo e nunca de amor... Ele me reencontrou no topo e me puxou, com toda a força para baixo.
Já fui de madrugada pagar cerveja, que ele não tomou, num bar frequentado por putas e traficantes - porque ele não se importa por obde vago, se me arrisco...
Fui a uma festa dos seus amigos para pagar a conta do próximo bar e só sai depois de sermos expulsos, para a casa desarrumada e suja depois de pagar a conta, novamente, por nosso deslocamento.
Ele conta que tinha marcado com mais de uma mulher, porque eu desmarquei; mas desmarca comigo sem me avisar para ver a amiga amada de anos de cumplicidade, com quem tem planos de fazer academia, um hotel para receber estrangeiros, uma vida com dinheiro - uma mulher linda que gosta do seu estilo alto e rockeiro.
Sabe, preciso ir...
Aqui experimento o inferno na vida-morte...
Durmo e acordo preocupada com o dia que ele não vai mais me arrastar a peso de mentiras para sua companhia - sem banho, sem dinheiro, sem sonhos, sem noites bem dormidas.
Eu desejo sair daqui...
Tenho coisas importantes para fazer e estou amarrada pelo pescoço, preste a pular no meio dessa casa sombria, cheia de discos, livros e mentiras.
Hoje eu quero morrer por conta desse breu horrendo que me afoga no seu corpo, mole, inodoro, corrupto, sem perfume e sem poesia.
Isso porque perdi a esperança de encontrar o amor, depois de tantas noites sentindo gosto de cerveja barata, xixi e suor... buscando um olhar num rosto sem olhos e procurando um toque de lábios numa boca desgostosa.
E isso está acontecendo há dois anos e meio, initerruptamente.
Hcqf 26 de abril de 2025
A escrita me acolheu, diante do indispensável... talvez hoje seja o dia, que ele irá recebe-lá onde mora.
Mesmo sabendo que ele quer de si o melhor para ela, por isso o futuro... sinto/sei que pode acontecer dela aceita-lo do seu jeito... foi o que eu fiz e não fui a única, nunca seria.
Ela alva como suas musas, magra como suas fantasias, madura como nos seus sonhos, ruiva como as cantoras que admira.
Mais uma outra mulher...
A questão em mim é que a repetição sou eu, o excesso sou eu, o que precisa ser escondido, retirado, desfeito está em mim...
Preciso escapar dessa falta comigo... dessa luta por nada...
Faz tempo que não somos mais o que já fomos... seria bom se não fosse outro fim...
A voz serena, o pouco álcool, a risada sem graça e eu sei, a figurinha jamais seria compartilhada se eu não estivesse ali, implorando a presença dele.
Deixa ir...
Hcqf 24 de abril de 2025
Eu sou menos complexa que a histeria freudiana...
Não dá para conversar diante de uma pilha de livros...
Não sei o que fiz, enquanto estava na sua cama...
Com certeza estava sozinha, como quando sentada em uma biblioteca com o livro aberto escuto o fantasma e vislumbro a morte do autor.
Hcqf 24 de abril de 2025
Sempre pensei que um dia a corda ia arrebentar...
Ia ser da parte dele, só poderia...
Ia chover como "nos campos de Cachoeira" em Belém ou Ananindeuano Pará...
Ia doer muito, muito e demais...
Nunca imaginei que eu estaria lúcida no dia... Algum tanto de álcool existiria para ser totalmente coerente, sabe?
Não pensei que o céu estaria limpo e fosse quase festejo junino... quase tempo de quadrilha... quase o famoso dia do balão de coração vermelho ("dos seus olhos... ", diz a canção).
Não, não mesmo, que eu me retiraria sem pretensão... alguma tácita pergunta, costumeiramente, mal respondida...
Ele, alguém, ninguém e minhas inquietações... todo mundo lá... menos a esperança, morta, pela última/única vez...
Por mais que minha previsão se perca... que ele não tenha mais esse outro alguém, não quero mais esse trisal - ele, a madrugada e eu.
Ele sempre beijando a minha sombra, quando na realidade, eu sou a própria sobra que ele esconde no escuro pela madrugada, nas ruas que ele sabe que não deve frequentar...
Lugares escuros pelos quais vago, correndo perigo, para ser escondida atrás de outra mulher...
Mulheres mais elegantes, mais sérias... com quem ele troca confidencias e assuntos sobre o cotidiano (mesmo falando comigo em meio ao trabalho), sobre futuro (o que nunca me ofereceu, de fato), sobre viver melhor (guardando para mim a convivência com seus piores vícios amorosos, sexuais, comportamentais...).
Quero ir embora desse lugar, onde eu experimento meus piores pesadelos, no qual enceno papéis desagradáveis e constrangedores...
Deitando em camas desarrumados que não merecem sequer um lençol diante do sereno que atinge meu corpo pequeno, magro e sem saúde...
Sinto frio, vergonha, me sinto suja e quase sempre choro no vazio que me aguarda quando ele vira pro lado e simplesmente morre/dorme....
Já saí desse lugar, várias vezes, sem ser notada. As vezes são dias, meses, nunca menos que horas para chegar a primeira notificação de vida... exatamente assim, como se eu nunca tivesse estado lá.
E é assim, exatamente assim, que acontece a partida... como passar na frente de uma casa muito bonita... olhar pela janela e ver a ceia na sala de jantar... sentir vontade de comer algo na mesa... passar pela porta, entreaberta, e ficar com esse desejo (fome/home, sede, perfume) guardado bem fundo, enquanto atravessa a rua para pegar o ônibus lotado e voltar pra própria vida e suas preocupações, obrigações, mas também sonhos...
Eu venho construindo essa casa com o amor da minha vida e procuro alguém que construa a porta capaz de proteger nossos sonhos e encerrar essa espera.
Hcqf 24 de abril de 2025 - depois da Páscoa
-o que aconteceu?
- nada (como sempre).
- como assim? Não estão se falando?
- como sempre.
- mas o que é isso?
- é um jeito de dar errado rsrs.
- ah, então?
- nada.
- E o que houve naquele tempo?
- oportunidade e só.
- mas oportunidade pra o quê?
- pra fugir da rotina, dos pensamentos...
- aaah, amizade, é isso?
- menos que isso.
- Nossa, muito difícil de entender.
- de digerir também.
- que pena!
Hcqf 16 abril de 2025
Eu queria ele pra mim
Quis muito
Quis sim
Queria ele e seus problemas
Suas dores
Seus defeitos
Tive uma coragem desproporcional para ser intima de muito sofrimento
Recebi humilhação e vergonha
E mesmo alerta dos prejuízos de se fazer remédio... corri direto pro nada.
Acabou... comigo.
Destruiu tudo.
Nao sei mais o que é amor.
Hcqf 05 de abril de 2025
Eu preciso admitir...
Eu gosto do tamanho dele...
Eu gosto da textura da pele dele
E de passar os dedos dentro da sua barba.
Eu gosto quando ele exige beijo
Quando ele pede fogo
Quando ele me olha e não diz nada
E eu enquadro seu rosto todo
E fotografo meu ponto fraco.
Hcqf 26 de março de 2025
- pra que ser dois?
- para não ser apenas um.
- mas agora estou sendo o "um" que eu quero e podendo ser melhor para mim
- isso, o melhor só pra si mesmo.
- mas pra que dividir uma vida que ainda não esta em todo o seu potencial?
- talvez para ampliar esse potencial e não encerrar tão cedo.
Hcqf 21 de março 2025
Me emprestei para você e não estou conseguindo me ter de volta...
Qual objeto que se oferece para alguém sem saber se a pessoa realmente quer, aí a coisa fica em algum canto desinteressante e não frequentado ao ponto de perder de vista...
Quem emprestou corre o risco real de não reaver o empréstimo, afinal: "o que foi mesmo que você me deu?"
Mas não foi dado.
Emprestei meu lar para você não esquecer que herdou uma casa da sua amada mãe.
Emprestei minha escuta e discernimento para você lembrar de si mesmo, ao menos, quando estivesse comigo.
E você me disse que estava numa epifânia sem remédio, tendo insights sobre si e sobre o seu melhor, agora, sendo "um", inteiro... se sentindo autosuficiente e seguro, sozinho, mesmo eu emprestando horas das negociações das minhas folgas com a minha vida, para que você estivesse comigo.
"Mas para que dividir seu momento com alguém?", Você me pergunta, pretensiosamente, como se perguntasse a um espelho - coisa inanimada, objeto reflexivo, onde você reflete seus piores sentimentos - local esquecido e empoeirado com os dizeres: "se cuida!"
Emprestei meu jeito de amar para você assumir que ama outra pessoa e reza psra ela voltar. E eu, devota das causas impossiveis, respeito sua presse e dispenso meus serviços, como a babá Mcpheer e sua verruga desaparecendo por você ter aprendido a acreditar em mágica.
Adeus!
Hcqf 22 de março 2025
Você me diz que a viu em um espaço público e não tirou os olhos dela... Meses depois, conversaram virtualmente algum tempo e enquanto você a conhecia pensava: "eu namoraria essa menina"... Isso ao longo dos mesmos dias que usava minha janela para encontros sem nenhum sentido.
Você me disse que foi difícil conseguir um primeiro beijo, na mesma hora entendi o quanto despreza meu jeito dócil, feito um filhote, de buscar e te dar meu desejo e meu sexo.
Desde a primeira saída o registro, o respeito, a conversa... tudo era sobre a dádiva de ter encontrado a pessoa certa, que mesmo antes no lugar errado já sabia que existia "o seu bar" no lugar para vocês começarem...
Aliás, esse espaço tão comum depois da 00hr na minha rotina, naqueles meses ao longo daquele ano... só que ninguém soube das vezes em que estive lá, sozinha, com você, o dono, sua esposa, uma garrafa de vinho...
Desde aquele dia, nunca mais pararam de se falar... e eu sabia dos dias e dias de vazios, das minhas frases sem respostas, ou dos símbolos desconexos que despejava na minha conta.
Veio o dia da vergonha e ela foi o primeiro pensamento e eu a última pessoa a saber... veio o dia da minha doença e você só soube porque vivi para te dizer.
Isso, isso mesmo... alguma coisa em mim queria morrer com o seu desprezo, mas outra coisa queria viver para te rever.
No natal você estava de vermelho e eu sabia que não fazia sentido nenhuma mensagem de fim de ano para mim, mas eu "te esperei", brutalmente.
O ano recomeçou, eu estava viva e sem você e tudo ainda doía... você tinha um novo projeto de vida que não me contaria, pois não me incluía: eu morri para você, mesmo ficando viva.
Foram meses desde outubro, mês que conheceu sua sereia... muitas datas comemorativas sem querer saber se eu estava bem, muitas histórias que jamais imaginou que eu gostaria de saber... e que me contou, só agora, com a mesma falta de sentido que nos reaproxima.
Você não lembra... mas falou comigo naquele primeiro mês, de vocês... e quase acabou com o meu Círio... também nos encontramos um dia antes do meu aniversário, afinal era difícil ter sequer um beijo da mulher da sua vida, enquanto era fácil arrancar minhas roupas, me tirar da minha rotina e me deixar à deriva...
Então, no mês do amor e da família, você desapareceu de vez... mesmo mês em que eu fui destruída quando perdi meu trabalho e todos os prazos de saúde e compromissos acadêmicos - querendo sua mão para me ajudar a entender porque que a vida dói tanto e ainda mais sem a companhiade um a-mor...
Em janeiro, assim que melhorei, parece que você advinhou, que eu não precisaria de você, mas eu tinha algo que você queria - um corpo feminino para o seu "Faz de Conta" que ainda não acontecia.
Sim, só a matéria... a alma da personagem amada já respondia suas mensagens sobre música com a franqueza que só o amor permite - de não entender ou fazer questão do que você entendia das letras...
E ainda na aurora daquele mesmo ano, eu completava uma gestação a termo, sabendo que "Grávida" é sobre os olhos da sua mãe (e estão na sua alma gêmea). Mas só agora entendo que o "Sol na [sua] cabeça" pegava "o trem azul" e te deixava sozinho... e eu tive que bloquear seu endereço eletrônico para não mais receber suas tantas mensagens de despedida, ou dizendo que não queria me magoar, só não queria nada comigo... nada além de uma transa para contar aos amigos e não ficar para trás na corrida...
Tudo, enquanto construía um projeto de vida saudável, arrumava sua casa, recebia fotos lindas com mensagens fofas da sua nova e maravilhosa vida.
Chegou o carnaval e você lembrou da sua fantasia... eu... tive que contar da minha quase morte e seu desdém resumiu como me vê: você está a mesma COISA.
Nesse mesmo mês, na verdade na outra semana, você contou pra mim, e na rede mundial, da felicidade de estar amando de verdade a companhia de uma mulher recatada, inteligente, trabalhadora, boa filha, a namorada dos sonhos - não a fantasia mais usada...
O golpe foi tão fundo e eu estava tão rasa, que já não tinha muito pra perder... reconquistei um amigo, ele me defendeu de você contra mim (e minha vontade)... mais um homem que abriu a porta para outros... então sua fantasia se realizou e soterrou a mulher leal que eu havia sido e você jamais fez questão, como agora finge que faz (esquisito como é).
Implorei sua amizade, você respondeu que eu me machuquei sozinha, já que sabia de tudo que você não tinha prometido para mim.
Falando de promessa, depois da sua amada, a palavra fidelidade andou rondando nossas conversas: você me perguntava se eu seria fiel, depois de tantos homens que eu me relacionava, isso nesse outro seu ano com sua namorada, eu solteira e abandonada na lata do lixo.
Bem, foram alguns meses em que me mandou músicas de madrugada, tentou um contato sem sentido, jogou um ponto, um jota e a rede para brincar com meu corpo... e eu só cedi quando você me prometeu trabalho...
Eu, mãe, saindo humilhada do mestrado, queria lutar pelo meu sonho... e ainda me cuspiu uma frase: olha, se você passar no doutorado posso ver se consigo uma bolsa pra ti com a minha querida.
Nossa, além de mestre à revelia dos ritos institucionais do patriarcado capitalista, eu agora poderia ser ajudada pelo meu vilão e sua heroína/vício...
Engoli o choro, qualifiquei, terminei duas disciplinas, te ajudei a construir um evento importante (só para mim), defendi e consegui fechar a porta para você.
No entanto preciso dizer, vocês sairam em fevereiro, duas semanas depois de você me dizer que queria que eu te beijasse e fizesse amor contigo. Só agora entendo através do contrário do que dizia: ela se parece com você. Isto é, enquanto ela não permitia um beijo, uma intimidade, iria arrancar da vadia que te atende.
Então veio março e um corte digno da fidelidade medieval depois de me deixar dias no vácuo... veio o meu bloqueio.
Abril junto com um desbloqueio, o ponto nonsense... junho e seu conto de fadas estava mágico e eu longe, como você queria (mais que eu).
Maio e o aniversário da minha vida de mãe e você já levando alguns vácuos meus...
Junho e as minhas respostas frias as suas investidas dúbias que hoje eu sei servem pra você mentir sobre o que faz: "eu fui fiel a ela como nunca..." e aquelas mensagens?... "não aconteceu nada..." verdade, eu não cedi.
Julho e o seu silêncio me fez dar oportunidade para alguém que eu não sabia que era seu amigo...
Agosto e o meu sonho de ser professora e defender a Hilda de Dionísio... e vc na minha janela e no seu bar.
Setembro e eu mergulhei nas águas de Ariana, mas soube do evento que sempre sonhei participar.
Outubro minha defesa e a descoberta que você estava todo tempo dentro daquele meu sonho o qual fez questão de dizer que estava organizando... molhei a cama do seu amigo falando, chorando, que iria dar tudo de mim para fazer parte, enquanto eu saciava de verdade, dois animais.
Novembro, muitas brigas, alguns encontros, que eu sempre entendia como presentes do destino. Porém você fazia questão de ressaltar que era uma nova fantasia de tentação com a qual eu me vestia para testar teu relacionamento...
Meu Deus, se eu pudesse me revestir de alguma coisa para você... se eu realmente tivesse a chance de ficar vestida diante de você, dos seus olhos, das suas investidas, ao som da sua playlist... eu vestiria a minha roupa de casa, velha, larga, desboatada e te deitaria na minha cama e a gente pela primeira vez sossegaria.
Dezembro, o evento e os desencontros e controvérsias sobre o que as pessoas sabem da gente... se nunca existiu nada.
Janeiro, seu dia, seu mês, sua família, sua mulher, sua esposa... você me disse sem dizer: a escolhida. E ela fez seu papel maravilhosamente, te deu seu maior presente, não parecer um "loser" no dia 11 (que você me disse que era dia 10, mentiu sobre o seu dia de nascimento).
Você me diz que ela pediu um tempo, mas você a quer para sempre. Doeu! E veio descontar sua dor na minha lombar... no meu rosto... no meu ouvido... entrou na minha casa... falou com meu filho... eu e minha mãe cuidamos da lembrança de colo da sua mãe...
E eu não mereço respeito algum quando decido te tirar da minha vida intima e te colocar na vida profissional. Você me jogou no pisão na casa dos homens...
Eu e você, é só sobre isso e mais nada.
Hcqf 17 de março de 2025
Você diz que sabe o porquê penso que seu relacionamento está "apenas" passando por um "breve" tempo de afastamento...
Mas será que você sabe que não temo o contrário? Como reagiria se eu admitisse isso?
Reafirma que entende minha perspectiva sobre a efemeridade dessa sua atual separação...
Mas será que imagina o quanto dói conjecturar que possa ser que eu tenha pouco tempo ainda para ficar tão perto assim?
O relógio ainda nem rasgou a folhinha do calendário e eu já acenei um horizonte... mesmo assim continuo a lista das minhas incertezas sobre você e eu, sem nós.
Você ratifica e insiste que já tentou de tudo (com ela): falou, foi atrás... conta como se eu fosse parte da torcida por seu relacionamento.
Mas será que sente a minha torcida por você? Para que saia dessa e de qualquer fase triste, pesada...
Fomos tão longe nas suas histórias e suas dores que seu sofrimento contou para quem você, real-mente, estava confessando dessabores que amargaram o gosto da sua vida. Ela esteve, você aprofunda, na vergonha no dia da briga - que eu só soube por insistência quase invasiva; também foi o primeiro pensamento no mesmo dia, de toda essa "nossa" história, depois da briga que lhe feriu a vaidade e o coração de filho "adotivo".
Será que enxerga a frustração que rasgou a minha face? Rebaixando com isso minha expressão entre um ciúme, alguma desilusão e uma sensação de fracasso. E será que sentiu nesse o gosto/motivo do doce mesmo assim oferecido?
Confessou dos dias difíceis que dividiu com sua "verdadeira" melhor amiga. Foram situações sobre brigas, idas a hospitais em que ela foi a primeira ligação e a primeira visita esperada. Tempos de mudança de casa, escolha de móveis, novos hábitos e companhias de noite. Além de admitir que construíram a maior parte das vezes que me disse que arrumou a casa, comprou roupas novas, desejou uma TV para verem agarradinhos, sob às cobertas, suas músicas preferidas... tantas e tantas situações imaginadas várias vezes nos meus sonhos, que eu jamais pude imaginar que você também queria, pois nunca quis isso comigo.
Será que lembrou das conversas sobre suas dores de amores pelas noites, enquanto me mostrava o bairro onde viveu sua vida toda? Ou que me mostrou o tesouro que a sua mãe enterrou no centro da cidade mais nova e que hoje a cidade já está mais desenvolvida? Será que imagina o quanto foi constrangedor frequentar, por várias vezes, vários cantos da sua história?
Enquanto tentava esconder, até de mim mesmo, a dor de ser esquecida, lembrei dos amigos do seu avô que já encontramos no supermercado, nas esquinas, naquele bar com as luzes penduradas de uma árvore à outra - brilhando como um vídeoclipe cantando Gênesis, Brad, Pain of Salvation... Mas que também "tem a hora da sessão coruja" com Interpol, Fiona Apple, Portshade, Jeff, Cornell, Layne, Vitor, Marina, Lobão... E Madrugada na sua verdadeira casa diante de uma ciumeira com vida que enquadra uma foto linda com o nascer do sol.
Será que isso é sobre "You write me love letters with your father's pen"?
Esqueceu, mas não comigo, a parte que mais preza no seu corpo. Voltou correndo, frustrado, para reaver aquele pedaço da sua alma deixado na minha cama. Desci tão rápido quanto pude após registrar, na mesma hora que você, aquele deixado.
Será que sabe que gostaria que aquilo fosse um enorme lapso? Um presente do seu inconsciente para esse seu abrigo tão maltratado como seus tesouros herdados: sua casa, seu dom para música...
Desci correndo com um sorriso triste nos olhos e nos lábios. Percebi que você tinha pressa para desfazer qualquer rastro de importância sobre aquela noite em um espaço importante para mim.
Será que lembra que deixou cair uma correntinha de coração que desamarrei do pescoço quando deitei na sua cama depois de tentar organizar sua vida?
Parece a mim tão óbvio, mesmo sem querer enxergar e apesar de sentir, que não teve qualquer relevância receber "o meu carinho que carece abrigo"...
Estava lá, na hora que saí de casa para encontrar grandes amores, a corrente que esqueci com você, pela segunda vez seguida, para ter certeza que retornaria a frequentar sua intimidade. E ao mesmo tempo, pude entender porque você riu de mim ao lhe dizer que a minha torcida é pelo que desejo com você e sinto por você...
Será que sabe - mesmo, mesmo - que eu percebo o que diz entender porque eu acho que vocês deram "apenas" um tempo?
Já que mesmo tendo alguma óbvia intenção de me iludir (por esporte, lazer, machismo, automatismo, oportunismo, vingança ou desrespeito comigo)... ainda assim, obviamente - se você quis me entregar minha cadeia de corações significantes - queria também se livrar de alguma prova que te afastasse verdadeiramente de sua querida namorada.
Ou talvez, simplesmente, quis me afastar de você para que possa buscar um caminho melhor. Ou, mesmo que tenha tentado me devolver, a mim - desatando nossa/minha "correntinha" (sem valor). O que fez tão sem consideração que ao me "exigir" o que pode ter sido um beijo de adeus dessa "aventura" (como você nos classifica) deixou caída e desprotegida uma parte minha da "nossa" história, na minha porta, numa calçada solitária, num dia cinza.
Você disse que iria embora, algumas vezes, na última noite. Será que sabíamos que era porque não voltaria já-há-mais?
E será que imagina que tem feito entre 23° e 26° na Cidade Nova... e o que você me fez, faz chover na minha alma? Isso alaga meu corpo, meus sonhos e turva à minha visão a tal ponto que não exergo nada, nem mesmo essa nítida e verdadeira desilusão.
Hcqf 04-05 de março de 2025
Talvez a dificuldade de escrever esteja na dificuldade de registrar um acontecimento fantasístico.
Ao final, a notícia sobre o outro dia, o contato que desapareceu, a resposta, o sorriso e o telefonema "que eu não vi nem a cor" fizeram mais sentido.
Acolhi sua dor no meu sonho em uma página rasgada da sua vida...
Estivemos juntos na minha casa, conversando na minha cama, você, eu e as pessoas da minha vida como nunca poderia ter sido...
E se foi como um devaneio...
Quem esteve nisso comigo, vai me fazer querer esquecer mais do que lembrar o ocorrido.
Foi embora e a viagem levou sua noite comigo, ou talvez a nossa última. E isso em fim tenha existido.
Hcqf 04 de março 2025
Têm "certas coisas" que se diz "calado" por não fazer sentido...
Com Dickinson ao meu lado, nestes últimos dias na cama, entendo o que queria, mas não sei dizer sobre o que esperar com isso...
São madrugadas entre letras: algumas que escrevo, outras que tento ler...
Tudo tão incompreensível, sem você.
Falta... faz falta...
Ecoa em mim a questão: o que pode existir entre o Som e o Silêncio?
Eu imagino que uma diferença, mas vejo na realidade uma distância.
Insisto em refletir: quem é só medo e quem é só desejo?
Não temo coisa alguma, com você. Mas tenho medo de nunca mais sequer te ver. Como há você de temer algo?
Desejo? Quem deseja mais do que eu diante de você, que nada demanda?
E eu fugi do seu beijo... Tive medo da sua boca encostar na minha alma e eu não conseguir abrir os olhos mais... eu tô falando de morte mas também de fantasia.
E aconteceu... entre nossos lábios, depois que a minha língua tocou o céu na sua boca... aberta e doce...eu senti sua barba, percebi que abria os olhos e acariciava seu nariz e seu rosto com a minha pele.
Eu acordei entre o Sim e o Não sobre ir ao seu apartamento... aonde Dickinson me leva.
E eu só queria não ter sentido aquele frio na espinha que transbordou em suspiro entre as nossas salivas como som das ondas numa praia bonita.
Já não sei o que estou cantado, apenas sei que eu não queria deixar ir.
Queria a cama no seu apartamento; encontrar você no hotel na estrada; sentir você completar o sentido dos meus poemas de 2023 e achar que isso é sobre ouvir "uma sinfônia de silêncios e de luz"...
Real-mente, "têm certas coisas que eu não sei dizer" então finjo/fujo pra não dizer o quanto te amo sem saber se é recíproco.
Hcqf 27 de janeiro de 2025
Diz as pessoas de um relacionamento... assim, de qualquer jeito, impregnado de um desleixo com que reporta a situação.
Como se fosse uma notícia qualquer, algo notório, público... E diferente de tudo o que foi vivido.
Encontros remotos, secretos e noturnos... Como se escondessem um "lovecrime" ou testemunhassem uma desonra...
Ali, mesmo diante de personagens da infância, de histórias longínquas, da sua cidade natal... nunca nomeou sua companhia, nunca esteve com uma companheira... sempre uma figura sem o privilégio de escutar o próprio nome nas esquinas pela madrugada insone.
Não, não deve ser esse o conteúdo do que conta.
Também não confessa o que escuta dos ouvintes...
Apenas entrega algumas "meias-palavras" entre sorrisos avulsos sem sentido.
HCQF 26 de fevereiro de 2025
Ninguém sabe o quanto me custa...
O quanto dói rever e decidir dar um tempo.
Não consigo me afastar completamente,
Não tenho nem ilusões mais,
Só fixações.
Acabou!
Diz ele que está cada vez mais apaixonado.
Tem uma Helen-a...
Eu nunca tive o A de amor,
Nunca fiz sentir.
Agora ainda recebo uma última mentira em mensagem:
"Estava guardado pra vc (Emily)".
Guardado para mim?
Sem dedicatória?
Com um recado sem critério,
Letras e palavras desleixadas...
Um "Leiebe dich"
Por não caber falar para eu entender?
Nada nisso tudo...
Nem um nós para encerrar.
Sou eu que tenho que me despedir...
Hcqf 25 de fevereiro de 2025
Não consigo dormir... sem você...
Queria te dizer que sinto muito, sinto tudo ao mesmo tempo, porque não demos/damos certo.
Não posso dizer: eu não amo mais você. E isso ficou entalado na minha garganta, quando você sem dizer, mesmo assim disse que sou eu que você escolheu deixar.
Depois de dois parágrafos iniciados em negação, quero desreprimir isso que me engasga sem você.
Somos tão diferentes em tudo, mesmo os dois não tendo referência de pai.
Temos alturas incompatíveis, os corpos proporcionalmente dispares...
Essa palavra me pegou, dispares, é isso que sempre fomos e tivemos.
E isso foi tão bom.
Lembro, sem querer, que andamos por horas entre bares, noite à fora...
Dançamos sem música...
Pulamos e você caiu... foi constrangedor e divertido.
Consigo imaginar maior intimidade que tudo que vivemos, mas conhecer o sepulcro de alguém tão importante e ver o sol renascer ali...
Eu sei o que senti...
Quero que as palavras cheguem... mas começo a adormecer...
Lembro nossos desencontros sexuais e percebo o quanto temos razão em nos distanciarmos...
E fico constrangida.
Aperto os lábios por saber que o celular, as mensagens, seu contato de telefone... são tudo o que tenho de você... e isso é nada porque é sobre estar distante.
Desculpa, tentei escrever sem "nãos" e na verdade isso é outra coisa que sempre escondi de você: que não sabia o futuro... eu sabia sim.
Penso nas reviravoltas da vida e sei que a vida dá voltas e tudo muda...
Estaremos e seremos diferentes demais para acontecer sequer um beijo.
Como aconteceu naqueles últimos dias...
Quero te rever mesmo assim.
Hcqf 17 de fevereiro de 2025
Se eu pudesse escolher...
Se tivesse a possibilidade inquestionável de fazer exatamente o que quisesse...
Eu teria uma conversa franca com alguém.
Eu realmente não sabia que mesmo sentada ao seu lado, pode se estar longe de todos, da confusão da vida... e pode, sim, estar fingindo escutar, ou contar o que pensa, ou sente, ou mesmo quem é...
O mais difícil é saber que eu estou lá, sendo quem sou e falando o que penso.
Hcqf 25 de julho 2024
Ainda dói...
Eu vejo caminhar, eu escuto rumores sobre a vida...
Eu imagino companhias...
E eu nunca estou, verdadeiramente, lá.
Não faz sentido estar tão perto, ainda que eu insista.
Persiste em mim um desejo de gota...
Sou eu, ou é a chuva que não esconde o frio desses dias.
Ter para quem dizer... mais do que com quem contar.
Eu sei porque contei e não pude dizer mais nada depois da porta-escuta fechar a janela da casa abandonada.
Troquei os nossos in-cômodos de lugar, como quem arrasta um sofá, ou uma mesa com o tampo de marmore (sozinha)...
Levantou poeira... é carnaval... meu eu mais remoto é de fevereiro...
Eu mesmo sou dos confins do ano e do universo...
Escapo pelo nevoeiro pueril dos nossos desentendimentos cotidianos...
Para re(a)ver o en-canto/cômodo da sacada e as músicas tristes...
Anúncio d'Alva que revimos, juntos, sentados em frente a ciumeira frondosa...
Única testemunha viva da colisão daquelas duas noites tristes.
Feliz dia dos abandonados!
Hcqf 14 de fevereiro de 2025.
Um dia gostaria que ele me procurasse como quem procura água com sede.
Aquele momento, ínfimo para alguns, no qual nada acontece ao redor e a geladeira é um devaneio no deserto...
Hcqf 14 de fevereiro de 2025