terça-feira, 1 de abril de 2025

 Não tenho o que dizer

Mas preciso representar o nó engasgando minhas palavras...

Hcqf 01 de abril

terça-feira, 25 de março de 2025

Incubus

 Eu preciso admitir...

Eu gosto do tamanho dele...

Eu gosto da textura da pele dele

E de passar os dedos dentro da barba dele.

Eu gosto quando ele exige beijo

Quando ele pede fogo

Quando ele me olha e não diz nada

E eu enquadro o rosto todo dele 

E fotografo meu ponto fraco.

Hcqf 26 de março de 2025

sábado, 22 de março de 2025

 Eu ia dizer que "nosso" algo está acabando...

Mas é muita pretensão chamar de "nosso"...

Hcqf 22 de março 2025

- pra que ser dois?

- para não ser apenas um.

- mas agora estou sendo o "um" que eu quero e podendo ser melhor pra mim

- isso, o melhor só pra si mesmo.

- mas pra que dividir uma vida que ainda nao esta em todo o seu potencial?

- talvez para ampliar esse potencial e não encerrar tao cedo.

Hcqf 21 de março 2025

 Me emprestei pra você e não estou conseguindo me ter de volta...

Qual objeto que se oferece para alguém sem saber se a pessoa realmente quer, aí a coisa ficar em algum canto desinteressante e não frequentado ao ponto de perder de vista...

Quem emprestou corre o risco real de não reaver o empréstimo, afinal: o que foi mesmo que você me deu?

Mas não foi dado.

Emprestei meu lar pra você não esquecer que herdou um casa da sua mãe.

Emprestei minha escuta e discernimento pra você lembrar de si mesmo, ao menos, quando estivesse comigo.

E você me disse que estava numa epifânia sem remédio, tendo insights sobre a si e sobre o seu melhor, agora, sendo "um", inteiro... se sentindo autosuficiente e seguro, sozinho, mesmo eu emprestando horas das negociações das minhas folgas com a minha vida, para que você estivesse comigo.

Mas para quê dividir seu momento com alguém? Você me pergunta, pretensiosamente, como se peeguntasse a um espelho - coisa inanimada, objeto reflexivo, onde você reflete seus piores sentimentos - local esquecido e empoeirado com os dizeres: se cuida!

Emprestei meu jeito de amar para você assumir que ama outra pessoa e reza pra ela voltar. E eu, devota das causas impossiveis , respeito sua presse e dispenso meus serviços, como a babá Mcpheer e sua verruga desaparecendo por você ter aprendido a acreditar em mágica.

Adeus

Hcqf 22 de março 2025

segunda-feira, 17 de março de 2025

Uma mulher na casa dos homens

 Você me diz que a viu em um espaço público e não tirou o olho dela... Meses depois, conversaram virtualmente algum tempo e enquanto você a conhecia pensava: "eu namoraria essa menina"... Isso ao longo dos mesmo dias que usava minha janela para encontros sem nenhum sentido.

Você me disse que foi difícil conseguir o primeiro beijo dela, na mesma hora entendi o quanto despreza meu jeito dócil, feito um filhote, de buscar e te dar meu desejo e meu sexo.

Desde a primeira saída o registro, o respeito, a conversa... tudo era sobre a dádiva de ter encontrado a pessoa certa, que mesmo antes no lugar errado já sabia que existia "o seu bar" no lugar certo para vocês começarem...

Aliás, esse espaço tão comum depois da 00hr na minha rotina, naqueles meses ao longo daquele ano... só que ninguém soube das vezes em que estive lá, sozinha, com você, o dono, sua esposa, uma garrafa de vinho...

Desde aquele dia, nunca mais pararam de se falar... e eu sabia dos dias e dias de vazios, das minhas frases sem respostas, ou dos símbolos desconexos que despejava na minha conta.

Veio o dia da vergonha e ela foi o primeiro pensamento e eu a última pessoa a saber... veio o dia da minha doença e você só soube porque vivi pra te dizer.

Isso, isso mesmo... alguma coisa em mim queria morrer com o seu desprezo, mas outra coisa queria viver pra te rever.

No natal você estava de vermelho e eu sabia que não fazia sentido nenhuma mensagem de fim de ano para mim, mas eu "te esperei", brutalmente. 

O ano recomeçou, eu estava viva e sem você  e tudo ainda doía... você tinha um novo projeto de vida que não me contaria, porque não me incluía: eu morri para você, mesmo ficando viva.

Foram meses desde outubro, mês que conheceu sua sereia... muitas datas comemorativas sem querer saber se eu estava bem, muitas histórias que jamais imaginou que eu gostaria de saber... e que me contou, só agora, com a mesma falta de sentido que nos reaproxima.

Você não lembra... mas falou comigo em outibro e quase acabou com o meu Círio... também nos encontramos um dia antes do meu aniversário, afinal era difícil ter sequer um beijo da mulher da sua vida, enquanto era fácil arrancar minhas roupas, me tirar da minha rotina e me deixar à deriva...

Foi no mês do amor e da família que você desapareceu de vez... mesmo mês em que eu fui destruída quando perdi meu trabalho e todos os prazos de saúde e compromissos acadêmicos - querendo sua mão para me ajudar a entender porque que a vida dói tanto e ainda mais sem um amor de verdade...

Em janeiro, assim que melhorei, parece que você advinhou, eu não precisaria de você, mas eu tinha algo que você queria - um corpo feminino para o seu "Faz de Conta" que ainda não acontecia.

Sim, só a matéria, a alma da personagem amada já respondia suas mensagens sobre música com a franqueza que só o amor permite - de não entender ou fazer questão do que você entendia das letras... e ainda na aurora daquele mesmo ano, eu completava uma gestação a termo, sabendo que "Grávida" é sobre os olhos da sua da sua mãe (e estão na sua alma gêmea). Mas só agora entendo que o "Sol na [sua] cabeça" pegava o trem azul e te deixava sozinho e eu tive que bloquear seu endereço eletrônico para não mais receber suas tantas mensagens de despedida, ou dizendo que não queria me magoar, só não queria nada comigo... nada além de uma transa para contar aos amigos e não ficar pra trás na corrida... 

Tudo, enquanto construía um projeto de vida saudável, arrumava sua casa, recebia fotos lindas com mensagens fofas da sua nova e maravilhosa vida.

Chegou o carnaval e você lembrou da sua fantasia... eu... tive que contar da minha quase morte e seu desdém resumiu como me vê: você está a mesma COISA.

Nesse mesmo mês, na verdade na outra semana, você contou pra mim e pro mundo todo da felicidade de estar amando de verdade uma mulher recatada, inteligente, trabalhadora, boa filha, a namorada dos sonhos - não a fantasia mais usada...

O golpe foi tão fundo e eu estava tão rasa, que já não tinha muito pra perder... reconquistei um amigo, ele me defendeu de você contra mim (e minha vontade)... mais um homem que abriu a porta para outros... então sua fantasia se realizou e soterrou a mulher leal que eu havia sido e você jamais fez questão, como agora fez (esquisito como é).

Implorei sua amizade, vocé respondeu que eu me machuquei sozinha, já que sabia de tudo que você não tinha prometido para mim. 

Falando de promessa, depois da sua amada a palavra fidelidade andou rondando nossas conversas: você me perguntava se eu seria fiel, depois de tantos homens que eu me relacionava, nesse outro seu ano com sua namorada, eu solteira e abandonada na lata do lixo.

Bem, foram alguns meses em que me mandou músicas de madrugada, tentou um contato sem sentido, jogou um ponto, um jota e a rede pra brincar com meu corpo... e eu só cedi quando você me prometeu trabalho...

Eu, mãe, saindo humilhada do mestrado, queria lutar pelo meu sonho... e ainda me cuspou uma frase: olha, se você passar no doutorado posso ver se consigo uma bolsa pra ti com a minha querida.

Nossa, além de mestre à revelia dos ritos institucionais do patriarcado capitalista, eu agora poderia ser ajudada pelo meu vilão e sua heroína/vício... 

Engoli o choro, qualifiquei, terminei duas disciplinas, te ajudei a construir um evento importante (só pra mim), defendi e consegui fechar a porta pra você. 

Mas antes preciso dizer, vocês sairam em fevereiro, duas semanas depois de você me dizer que queria que eu te beijasse e fizesse amor contigo. Só agora entendo através do contrário do que dizia: ela se parece com você. Isto é, enquanto ela não permitia um beijo, uma intimidade, iria arrancar da vadia que te atende.

Então veio março e um corte digno da fidelidade medieval depois de me deixar dias no vácuo, veio o meu bloqueio.

Abril junto com um desbloqueio, o ponto nonsense... junho e seu conto de fadas estava mágico e eu longe, como você queria (mais que eu).

Maio e o aniversário da minha vida de mãe e vc já levando alguns vácuos meus...

Junho e as minhas respostas frias as suas investidas dúbias que hoje eu sei servem pra você mentir sobre o que faz: "eu fui fiel pra ela como nunca... e aquelas mensagens?... não aconteceu nada"... verdade eu não cedi.

Julho  e o seu silêncio me fez dar oportunidade para alguém que eu não sabia que era seu amigo... 

Agosto e o meu sonho de ser profa e defender a Hilda de Dionísio... e vc na minha janela e no seu bar.

Setembro e eu mergulhei nas águas de Ariana, mas soube do evento que sempre sonhei participar.

Outubro minha defesa e a descoberta que você estava todo tempo dentro daquele meu sonho que fez questão de dizer que estava organizando... molhei a cama do seu amigo falando, chorando, que iria dar tudo de mim para fazer parte, enquanto eu saciava de verdade, dois animais.

Novembro, muitas brigas, alguns encontros, que sempre entendia como presentes do destino, porém você fazia questão de ressaltar que era uma nova fantasia de tentação que eu me vestia pra testar teu relacionamento...

Meu Deus, se eu pudesse me revestir de alguam coisa para você... se eu realmente tivesse a chance de ficar vestida diante de você, dos seus olhos, das suas investidas, ao som da sua playlist... eu vestiria a minha roupa de casa, velha, larga, desboatada e te deitaria na minha cama e a gente pela primeira vez sossegaria.

Dezembro, o evento e os desencontros e controvérsias sobre o que as pessoas sabem da gente... se nunca existiu nada.

Janeiro, seu dia, seu mês, sua família, sua mulher, sua esposa... você me disse sem dizer: a escolhida. E ela fez seu papel maravilhosamente, te deu seu maior presente, não parecer um "loser" no dia 11.

Você me diz que ela pediu um tempo, mas você a quer pra sempre. Doeu! E veio descontar sua dor na minha lombar... no meu rosto... no meu ouvido... entrou na minha casa... falou com meu filho... eu e minha mãe cuidadamos da lembrança de colo da sua mãe...

E eu não mereço respeito algum quando decido te tirar da minha vida intima e te colocar na vida profissional. Você me jogou no pisão na casa dos homens...

Eu e você, é só sobre isso e mais nada.

Hcqf 17 de março de 2025

Antes de reler minhas próprias palavras inesquecíveis... bem, vim jogá-las nessa cova, para enterrá-las, querendo que seja pra sempre...
Assim mesmo como ficou: queria eu que fossem eternas, mas morreram quando foram contadas, contrariando a dor da poeta...
Foram constatações atiradas como pedras, todas a cravar pequenos furos no som e recobrir onde seriam camas de palavras, plantaram silêncio e nenhuma música restou...
Nenhuma tocada era para mim, todas para outro ouvido... minha audição habituada a sua rejeição, pelo tanto que não escuta o que é de mim, soou o ecoo do vazio naquela mesa... entre as cadeiras, o hanburguer e a garrafa de cerveja...
Apenas objetos... sem sentimento, sem sangue... sangrei quando me distanciava pela rua triste e escura... fui entrando na minha roupa pelas brechas do frio na via...
Olhei mais vezes para trás do que gostaria.

Hcqf 17 de março de 2025

quinta-feira, 6 de março de 2025

Sempre e já-mais

Sempre ele que encerra as conversas
Sempre eu que inicio...

Sempre ele que deixa de responder
Sempre eu que fico à espera...

Sempre são minhas as mensagens longas
Sempre dele as respostas curtas...

Nunca dele as perguntas
Nunca minhas as certezas
Nunca nossas as histórias...

Sempre as suas lembranças
Nunca uma memória comigo...

Nunca meus dias de luta
Sempre seus dias de luto...

Sempre os espaços que ele gosta
Nunca uma sugestão minha.

Sempre uma fresta na sua agenda
Sempre uma quebra na minha rotina

Sempre eu que insisto
Nunca ele corresponde...

Sempre as suas músicas
Sempre os seus amigos

Sempre ele que desmarca
Nunca uma justificativa 
Nunca foi recíproco.

Hcqf 07 de março 2025


quarta-feira, 5 de março de 2025

Holandês voador

 Não entendo o que acontece... Nos vemos e não nos olhamos...

No mesmo lugar, dois estranhos... separados, alguma conversa...

Mas não dá pra entender como uma amizade...

Trocamos sinais... conectados, pela virtualidade...

Mas ele foi direto: "TU chegou tarde DEMAIS".

Eu acordei...depois de sonhar mais de um mês com um encontro...

Seria um local onde não houvesse uma tela entre nós.

Arrisquei ser invasiva, não ser bem aceita, sofrer alguma represália... e tudo isso aconteceu...

No entanto, no mesmo lugar, sem a obrigação de deixar a razão sobressair... poderiamos bebericar, sorrir, sentar perto... e finalmente olhar ma mesma direção...

Nada disso foi possível...

Ao invés disso: constrangimento, algo como ciúme, muita represália, nem um espaço pra um encontro de olhares...

Uma janela real abriu-se, com o pedido para sentar ao lado: ele foi engraçado, mas também indiscreto, contou de um plano secreto para quem estava me constrangendo o tempo todo...

Ele me entregou... E se defendeu... protegeu seu orgulho de homem... virou o rosto, a cadeira várias vezes, ficando distante, apesar de não demonstrar indiferença, mas demonstrando desatenção e frieza.

Ao final certa inclinação de cuidado, bem raso, bem discreto, quase imperceptível.

Até agora ainda vejo que notei um grão de mostarda em meio a gerginlim preto... parecem a mesma coisa, porém uma das sementes origina uma substância amarela muito conhecida, enquanto na outra o escuro se preserva e isso identifica sua natureza.

Foi aí que encontrei um risquinho de preocupação, cuja causa ainda desconheço. Talvez, ciúme porque encontrei um amigo carinhoso. Ou alguma insegurança pelo fato de ter ficado próxima ao anfitrião. Poderia ser uma tentativa sorrateira de conquistar uma noite comigo. E ainda em nada disso, realmente, sequer pressinto algo que resvaleça algum cuidado, mesmo que perdido, ou esquecido dentro de uma postura covarde por esconder que fosse uma atração carnal, vil ou imunda.

E aqui começa o nojo... sentimento familiar, com o qual abandono objetos que conquistam meu desprezo.

Um contato que poderia ser um abraço, entornou-se uma lembrança remota. Dos segundos que estivemos mais perto, a sensação de virtualidade, vazio, alguma coisa que esfumaça até suas vestes... parece que abracei o vento.

Lembro que provoquei a proximidade: toquei seu cabelo, sensação de nada... Pedi um abraço e apenas um tronco, sem cabeça, dobrou-se na minha direção... e agora parece que nem mesmo tinha braço... enlacei a mim mesma, frágil e envergonhada... a cabeça baixa, os olhos cerrados... e mergulhada em tamanho silêncio, pude ouvir um estampido ruidoso, algo entre: tomem cuidado, cuidem-se, tenham cuidado.

Mas as palavras me faltaram... acho que sorri num desatino, dei de ombros... aquela cena era tão pueril, quanto tudo naquela falsa-presença.  

Agora mesmo, ainda necessito de grande esforço para pescar elementos nesse desencontro.

Continue no mesmo local  mas já em outro ambiente. Fiz inúmeras confissões... Ganhei colo e um conselho encoraja(dor): faça por você; talvez uma página precise ser arrancada  para que as marcas não maculem o restante do que vier a ser traçado.

Sai de lá. vim embora. cheguei em casa. Tomei banho. Deitei. Não consegui dormir. Pensei em mandar uma mensagem. Sonhei acordada. Queria que fosse um apelo de um coração inseguro, em busca de coragem: talvez fosse. Cochilei. Abri os olhos. Liguei o celular...

Surgiu uma mensagem de esperança no meu peito: obrigada pelo cuidado; queria que o abraço tivesse durado mais um pouco.

E a resposta foi precisa como um tiro: tarde demais!

Antes escreveu: obrigada pelas palavras.

Imediamente depois...

TU, particula de tratamento que pode indicar intimidade, mas regionalmente, aqui, refere trivialidade, desleixo, descuido na interlocução.

Chegou, verbo que...

Obs: um trecho inteiro não foi salvo do apagamento...

05 de julho de 2022




Não quer

Atiça e corre...
Chega como quem quer tudo,
Deixa o corpo inteiro vibrando,
Desliza fantasia à dentro
E desvia.

Perturba os sentidos.
Faz sentir a pele latejar...
Fala sobre sensações 
Depois mais nada...

Quando aproxima o corpo
E encosta no ventre 
Arrepia 
Põe o sonho à prova
A realidade desmente.

Em ato não sustenta sua fala/falta.
Cala do outro lado desejos.
E em silêncio se dá o encontro.
Desilusão que vigora 
No fundo da companhia 
Que estava sozinha com seu intento.

Hcqf 05 de março de 2025

terça-feira, 4 de março de 2025

Sobre você e eu, sem nós...

 Você diz que sabe o porquê penso que seu relacionamento está "apenas" passando por um "breve" tempo de afastamento...

Mas será que você sabe que não temo o contrário? Como reagiria se eu admitisse isso?

Reafirma que entende minha perspectiva sobre a efemeridade dessa sua atual separação...

Mas será que imagina o quanto dói conjecturar que possa ser que eu tenha pouco tempo ainda para ficar tão perto assim?

O relógio ainda nem rasgou a folhinha do calendário e eu já acenei um horizonte... mesmo assim continuo a lista das minhas incertezas sobre você e eu, sem nós.

Você ratifica e insiste que já tentou de tudo: falou, foi atrás... conta como se eu fosse parte da torcida por seu relacionamento. 

Mas será que sente a minha torcida por você? Para que saia dessa e de qualquer fase triste, pesada... 

Fomos tão longe nas suas histórias e suas dores que seu sofrimento contou para quem você, real-mente, estava confessando dessabores que amargaram o gosto da sua vida. Ela esteve, você aprofunda, na vergonha no dia da briga - que eu só soube por insistência quase invasiva; também foi o primeiro pensamento no mesmo dia à tarde, de toda essa "nossa" história, depois da briga que lhe feriu a vaidade e o coração de filho "adotivo".

Será que enxerga a frustração que rasgou a minha face? Rebaixando com isso minha expressão entre um ciúme, alguma desilusão e uma sensação de fracasso. E será que sentiu nesse o gosto/motivo do doce mesmo assim oferecido? 

Confessou dos dias difíceis que dividiu com sua "verdadeira" melhor amiga. Foram situações sobre brigas, idas a hospitais em que ela foi a primeira ligação e a primeira visita esperada. Tempos de mudança de casa, escolha de móveis, novos hábitos e companhias de noite. Além de admitir que construíram a maior parte das vezes que me disse que arrumou a casa, comprou roupas novas, desejou uma TV para verem agarradinhos, sob às cobertas, suas músicas preferidas... tantas e tantas situações imaginadas várias vezes nos meus sonhos, que eu jamais pude imaginar que você também queria, pois nunca quis isso comigo.

Será que lembrou das conversas sobre suas dores de amores pelas noites, enquanto me mostrava o bairro onde viveu sua vida toda? Ou que me mostrou o tesouro que a sua mãe enterrou no centro da cidade mais nova e que hoje a cidade já está mais desenvolvida? Será que imagina o quanto foi constrangedor frequentar, por várias vezes, vários cantos da sua história? 

Enquanto tentava esconder, até de mim mesmo, a dor de ser esquecida, lembrei dos amigos do seu avô que já encontramos no supermercado, nas esquinas, naquele bar com as luzes penduradas de uma árvore à outra - brilhando como um vídeoclipe cantando Gênesis, Brad, Pain of Salvation... Mas que também "tem a hora da sessão coruja" com Interpol, Fiona Apple, Portshade, Jeff, Cornell, Lane, Vitor, Marina, Lobão... E Madrugada na sua verdadeira casa diante de uma samaumeria que enquadra uma foto linda com o nascer do sol.

Será que isso é sobre "You write me love letters with your father's pen"?

Esqueceu, mas não comigo, a parte que mais preza no seu corpo. Voltou correndo, frustrado, para reaver aquele pedaço da sua alma deixado na minha cama. Desci tão rápido quanto pude após registrar, na mesma hora que você, aquele deixado.

Será que sabe que gostaria que aquilo fosse um enorme lapso? Um presente do seu inconsciente para esse seu abrigo tão maltratado como seus tesouros herdados: sua casa, seu dom para música...

Desci correndo com um sorriso triste nos olhos e nos lábios. Percebi que você tinha pressa para desfazer qualquer rastro de importância sobre aquela noite em um espaço importante para mim.

Será que lembra que deixou cair uma correntinha de coração que desamarrei do pescoço quando deitei na sua cama depois de tentar organizar sua vida?

Parece a mim tão óbvio, mesmo sem querer enxergar e apesar de sentir, que não teve qualquer relevância receber "o meu carinho que carece abrigo"...

Estava lá, na hora que sai de casa para encontrar grandes amores, a corrente que esqueci com você, pela segunda vez seguida, para ter certeza que retornaria a frequentar sua intimidade. E ao mesmo tempo, pude entender porque você riu de mim ao lhe dizer que a minha torcida é pelo que desejo com e sinto por você... 

Será que sabe - mesmo, mesmo - que eu percebo o que diz entender porque eu acho que vocês deram "apenas" um tempo? 

Já que mesmo tendo alguma óbvia intenção de me iludir (por esporte, lazer, machismo,  automatismo, oportunismo, vingança ou desrespeito comigo) ainda assim, obviamente - se você quis me entregar minha cadeia de corações significantes - queria também se livrar de alguma prova que te afastasse verdadeiramente de sua querida namorada. Ou talvez, simplesmente, quis me afastar de você para que possa buscar um caminho melhor. Ou, mesmo que tenha tentado me devolver, a mim - desatando nossa/minha "correntinha" (sem valor) - fez tão sem consideração que ao me "exigir" o que pode ter sido um beijo de adeus dessa "aventura" (como você nos classifica) deixou caída e desprotegida uma parte minha da "nossa" história, na minha porta, numa calçada solitária, num dia cinza.

Você disse que iria embora, algumas vezes, na última noite. Será que sabíamos que era porque não voltaria já-mais?

E será que imagina que tem feito entre 23° e 26° na Cidade Nova e o que você me fez, faz chover na minha alma? Isso alaga meu corpo, meus sonhos e turva à minha visão a tal ponto que não exergo nada, nem mesmo essa nítida e verdadeira desilusão. 

Hcqf 04-05 de março de 2025

segunda-feira, 3 de março de 2025

Existido

Talvez a dificuldade de escrever esteja na dificuldade de registrar um acontecimento fantasístico. 

Ao final, a notícia sobre o outro dia, o contato que desapareceu, a resposta, o sorriso e o telefonema "que eu não vi nem a cor" fizeram mais sentido.

Acolhi sua dor no meu sonho em uma página rasgada da sua vida...

Estivemos juntos na minha casa, conversando na minha cama, você, eu e as pessoas da minha vida como nunca poderia ter sido... 

E se foi como um devaneio...

Quem esteve nisso comigo, vai me fazer querer esquecer mais do que lembrar o ocorrido.

Foi embora e a viagem levou sua noite comigo, ou talvez a nossa última. E isso em fim tenha existido.

Hcqf 04 de março 2025

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Para antigos poemas

 Têm "certas coisas" que se diz "calado" por não fazer sentido...

Com Dickinson ao meu lado, nestes últimos dias na cama, entendo o que queria, mas não sei dizer sobre o que esperar com isso...

São madrugadas entre letras: algumas que escrevo, outras que tento ler...

Tudo tão incompreensível, sem você.

Falta... faz falta...

Ecoa em mim a questão: o que pode existir entre o Som e o Silêncio?

Eu imagino que uma diferença, mas vejo na realidade uma distância.

Insisto em refletir: quem é só medo e quem é só desejo?

Não temo coisa alguma, com você. Mas tenho medo de nunca mais sequer te ver. Como há você de temer algo?

Desejo? Quem deseja mais do que eu diante de você, que nada demanda?

E eu fugi do seu beijo... Tive medo da sua boca encostar na minha alma e eu não conseguir abrir os olhos mais... eu tô falando de morte mas também de fantasia.

E aconteceu... entre nossos lábios, depois que a minha língua tocou o céu na sua boca... aberta e doce...eu senti sua barba, percebi que abria os olhos e acariciava seu nariz e seu rosto com a minha pele.

Eu acordei entre o Sim e o Não sobre ir ao seu apartamento... aonde Dickinson me leva.

E eu só queria não ter sentido aquele frio na espinha que transbordou em suspiro entre as nossas salivas como som das ondas numa praia bonita.

Já não sei o que estou cantado, apenas sei que eu não queria deixar ir.

Queria a cama no seu apartamento; encontrar você no hotel na estrada; sentir você completar o sentido dos meus poemas de 2023 e achar que isso é sobre ouvir "uma sinfônia de silêncios e de luz"...

Real-mente, "têm certas coisas que eu não sei dizer" então finjo/fujo pra não dizer o quanto te amo sem saber se é recíproco.

Hcqf 27 de janeiro de 2025

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Eu não entendo de amor em alemão

Você diz que as pessoas sabem de nós...
E eu me pergunto sobre o que elas sabem...
Será que sabem do escuro de sempre?
Do frio sem lençol na casa fantasma?
Dos monólogos entrecortados por versos muito tristes?
Da mesa no fundo do bar vazio?
Que em outra esquina, mais tarde ainda, a lanchonete esconde um brownie de macadâmea?
Ou talvez da conveniência de ir a uma mercearia 24h comer macarrão instantâneo?
Que existe uma senhora que socorre meninas de noite com assuntos verdadeiramente importantes?
Que os conselhos de uma mãe negra, mesmo na madrugada, dão colo a uma mãe branca?

Você diz rindo que pessoas que eu admiro sabem de mim...
Mas o que elas sabem?
Será que sabem que eu chorei do seu lado e você dormia?
Que horas antes de uma reunião eu encontrei um "bom dia" enviado ainda enquanto eu estava do seu lado?
Que frequentamos a mesma casa sem mobília por meses até você decidir se mudar e mobiliar outro lugar?
Que a poeira permitiu que um recado fosse deixado?
Que o espelho na frente da sua cama te pedia pra se cuidar?
Que ficaram vários vestígios daqueles encontros em objetos cuidadosamente perdidos no seu quarto?
Que um livro perdido na bagunça da estante não dedica nada a ninguém?

Você diz que as pessoas naquele dia perceberam uma nossa tensão sexual..
O que elas sabem do que há entre nós?
Será que elas viram que você não me olhava nos olhos?
Que evitava ouvir minha voz e me ver deambular?
Que você nem mesmo me disse sobre um evento?
Que evitou sair nas fotos do meu lado?
Que quase não falou comigo naquele dia?
Que você me dedicou pensamentos que na verdade nunca existiram?

E rir dizendo que não foi você quem contou...
E você lembra que em algumas madrugadas a aliança dos seus amigos te fez dedicar algumas palavras inteiras sobre amor?
Que o mar se estender no horizonte te faz lembrar da seriedade do amor pra um pugilista?
E que você odeia o jovem romântico dos seus 25/23 anos?

E me conta que eles dizem que pareço gostar muito de você...
Mas será que eles sabem que você diz que me ama aos risos?
Que não conheço sua família e que você apresentou a eles outra mulher?
Que há um ano tento fugir das suas carícias e investidas secretas?
Que eu elogio o escuro, no qual você me esconde?
E que a luz que você diz que brilha, ilumina encontros às escura em esquinas?
Que as músicas que me apresenta ninguém mais escuta?
E que uma frase escrita em outra língua não representa nada se não for traduzida?

HCQF 26 de janeiro e 2025
 

Diz as pessoas de um relacionamento... assim, de qualquer jeito, impregnado de um desleixo com que reporta a situação.

Como se fosse uma notícia qualquer, algo notório, público... E diferente de tudo o que foi vivido.

Encontros remotos, secretos e noturnos... Como se escondessem um "lovecrime" ou testemunhassem uma desonra... 

Ali, mesmo diante de personagens da infância, de histórias longínquas, da sua cidade natal... nunca nomeou sua companhia, nunca esteve com uma companheira... sempre uma figura sem o privilégio de escutar o próprio nome nas esquinas pela madrugada insone.

Não, não deve ser esse o conteúdo do que conta.

Também não confessa o que escuta dos ouvintes...

Apenas entrega algumas "meias-palavras" entre sorrisos avulsos sem sentido.

HCQF 26 de fevereiro de 2025


Intratável

Ninguém sabe o quanto me custa...

O quanto dói rever e decidir dar um tempo.

Não consigo me afastar completamente,

Não tenho nem ilusões mais,

Só fixações.

Acabou!

Diz ele que está cada vez mais apaixonado.

Tem uma Helen-a...

Eu nunca tive o A de amor,

Nunca fiz sentir.

Agora ainda recebo uma última mentira em mensagem: 

"Estava guardado pra vc (Emily)".

Guardado para mim?

Sem dedicatória?

Com um recado sem critério,

Letras e palavras desleixadas...

Um "Leiebe dich"

Por não caber falar para eu entender?

Nada nisso tudo...

Nem um nós para encerrar.

Sou eu que tenho que me despedir...

Hcqf 25 de fevereiro de 2025

domingo, 16 de fevereiro de 2025

 Não consigo dormir... sem você...

Queria te dizer que sinto muito, sinto tudo ao mesmo tempo, porque não demos/damos certo.

Não posso dizer: eu não amo mais você. E isso ficou entalado na minha garganta, quando você sem dizer, mesmo assim disse que sou eu que você escolheu deixar.

Depois de dois parágrafos iniciados em negação, quero desreprimir isso que me engasga sem você.

Somos tão diferentes em tudo, mesmo os dois não tendo referência de pai.

Temos alturas incompatíveis, os corpos proporcionalmente dispares...

Essa palavra me pegou, dispares, é isso que sempre fomos e tivemos.

E isso foi tão bom. 

Lembro, sem querer, que andamos por horas entre bares, noite à fora...

Dançamos sem música...

Pulamos e você caiu... foi constrangedor e divertido.

Consigo imaginar maior intimidade que tudo que vivemos, mas conhecer o sepulcro de alguém tão importante e ver o sol renascer ali...

Eu sei o que senti...

Quero que as palavras cheguem... mas começo a adormecer...

Lembro nossos desencontros sexuais e percebo o quanto temos razão em nos distanciarmos...

E fico constrangida.

Aperto os lábios por saber que o celular, as mensagens, seu contato de telefone...  são tudo o que tenho de você... e isso é nada porque é sobre estar distante.

Desculpa, tentei escrever sem "nãos" e na verdade isso é outra coisa que sempre escondi de você: que não sabia o futuro... eu sabia sim.

Penso nas reviravoltas da vida e sei que a vida dá voltas e tudo muda...

Estaremos e seremos diferentes demais para acontecer sequer um beijo. 

Como aconteceu naqueles últimos dias...

Quero te rever mesmo assim.

Hcqf 17 de fevereiro de 2025


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

 Se eu pudesse escolher... 

Se tivesse a possibilidade inquestionável de fazer exatamente o que quisesse... 

Eu teria uma conversa franca com alguém.

Eu realmente não sabia que mesmo sentada ao seu lado, pode se estar longe de todos, da confusão da vida... e pode, sim, estar fingindo escutar, ou contar o que pensa, ou sente, ou mesmo quem é...

O mais difícil é saber que eu estou lá, sendo quem sou e falando o que penso.

Hcqf 25 de julho 2024

São Valentin

 Ainda dói...

Eu vejo caminhar, eu escuto rumores sobre a vida...

Eu imagino companhias...

E eu nunca estou, verdadeiramente, lá.

Não faz sentido estar tão perto, ainda que eu insista.

Persiste em mim um desejo de gota...

Sou eu, ou é a chuva que não esconde o frio desses dias.

Ter para quem dizer... mais do que com quem contar.

Eu sei porque contei e não pude dizer mais nada depois da porta-escuta fechar a janela da casa abandonada.

Troquei os nossos in-cômodos de lugar, como quem arrasta um sofá, ou uma mesa com o tampo de marmore (sozinha)...

Levantou poeira... é carnaval... meu eu mais remoto é de fevereiro...

Eu mesmo sou dos confins do ano e do universo... 

Escapo pelo nevoeiro pueril dos nossos desentendimentos cotidianos...

Para re(a)ver o en-canto/cômodo da sacada e as músicas tristes...

Anúncio d'Alva que revimos, juntos, sentados em frente a ciumeira frondosa...

Única testemunha viva da colisão daquelas duas noites tristes.

Feliz dia dos abandonados!

Hcqf 14 de fevereiro de 2025.


Primeira saudade do ano

 Um dia gostaria que ele me procurasse como quem procura água com sede.

Aquele momento, ínfimo para alguns, no qual nada acontece ao redor e a geladeira é um devaneio no deserto...

Hcqf 14 de fevereiro de 2025