Um casal de homens se beijando em uma estação de ônibus, trouxe a lembrança do que não tenho.
Eles se tocavam com suave intimidade até que uma cortina de chuva, bem forte, trouxe o vento frio e a água gelada, empurrando os dois amantes para longe dos olhos preconceituosos e/ou saudosos da gente que se escondia da chuva e, de alguma forma, da solidão de não ser aquelas duas almas.
Eram jovens e despretensiosos como suas caricias... não se sabe, quanto puderam ser mais íntimos ou tolos não estando mais vigiados pelos olhos famintos.
Um enlace pela nuca e um beijinho bem rápido abriu um espaço entre aquele pequeno mundo de dois e todos que os invejávamos. Fomos devargazinho levados à nudez daquele momento. Cada um, sozinho mesmo, estava com calor por estar vestidos. Queimamos no inferno dos segundos de solidão, enquanto dois anjos desnudos sentiam o doce vento do paraíso. Lembrei de Amy winehouse, em "Tears dry onde way" que canta que "o céu é uma chama que só os amantes podem ver".
Estive a admirá-los, ainda que não pudesse defender a dignidade do seu encontro. Não queria que nada atrapalhace, mesmo sabendo que talvez Barulho, Vento, Chuva fossem seus coadjuvantes naquela noite.
E eu uma simples escritora, tímida, diante de uma cena amorosa cotidiana, como há muito não experimento... eu procurei na memória alguma última lembrança de um toque assim tão fundo... por não encontrar gastei a pena solitária e distraída a contar o que em fantasia foi sentido.
Hcqf 27 de maio de 2025 - dia de Roberto
Nenhum comentário:
Postar um comentário