quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Dois é o infinito

Um dia ele me disse que também escreve, o que chama de "fragmentos de si".

Naquele tempo, eu imaginava motivos para ele estar aos pedaços: saudade de ter um abrigo diante da responsabilidade, um amor terminando, vontade de voltar para casa...

Com alguma convivência, em tempo e espaço, pude saber que fomos duas distâncias que se aproximaram: a dele de casa e de si; a minha dele e da realidade.

Por isso, tinha sempre sentido de saudade... porque fomos pedaços de caminhos, não uma única estrada.

Quando encontro de novo nele esse sentido de fragmentos, não sei mais qual o significado. Depois de saber que a distância nos aproximava, agora entendo que amei uma fuga  da realidade: ele queria voltar para casa e eu queria ir embora. 

Ele chegou para que o sonho se concretizasse. Eu perdi uma morada de 33 anos e vivi muitos pesadelos acordada.

 Reencontramos colo nos mesmos braços da nossa infância - isso tem 10 anos de distância, por isso nunca nos encontramos, nem quando estavamos no mesmo espaço.

Nunca ficamos sozinhos, pois mesmo quando dividimos algum momento juntos (até com menos de três pessoas) sempre tinhamos uma multidão entre nós - dois aqui é um número infinito.

Aprendi que esse encontro foi em outro tempo mesmo... Tanto assim, que a relatividade coloca em xeque, que tenha realmente acontecido.

Tempo, espaço, fragmentos: um toque do universo em duas vidas, com a magnitude da medida de anos luz de distância entre elas.

Hcqf 9 de dez de 2022


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