sábado, 23 de março de 2024

Höhle: poema macabro

 Escrevo para me entregar e poder ser livre, de novo...

Estou presa em uma gaiola, suja e escura...

Daqui enxergo turvo, o escuro levou parte da minha acuidade visual em sua capa de intelectual.

Toda janela que se abre arde nos meus olhos... Mesmo se um flash de luz atravessa a umidade ainda enxergo treva e nada, como o buraco na alma de quem me tortura.

Essa escuridão fria constrói fantasias de calor pela fuga da realidade que suscita...

O cheiro ruim de morto-vivo deixado nas madrugadas no meu corpo, quase leva toda a minha fome de (i)mundo...

A sede que me restou veio com as tardes na companhia da vergonha impregnada em tudo dentro dessa caverna.

Essa claridade no meio do dia tem revelado a insanidade que toma o morcego que se alimenta da minha energia...

Tenho gritado palavras desconexas e a minha voz cada vez mais me ressuscita...

Mesmo meu ouvido atormentado por ruídos musicais e gritos em um inglês sem sentido.

De tanto alucinar um colo, estou quase aprendendo a bater minhas asas pequeninas...

Consigo imaginar a vida fora desse amontoado de pedra, lágrima, cerveja e cocaína...

*Höhle é caverna em alemão.

Hcqf 23 de março de 2024

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