sábado, 16 de dezembro de 2023

Uma conversa que aconteceu

Texto 33 de 2023

Registros sobre tentar ganhar um presente raro em um ser humano.

Sem pretensão alguma, nos falamos na semana do meu aniversário, e sem cuidado algum, ou algo em vista, foi prometido de presente algumas palavras e uma poesia, sem saber de uma coincidência triste, que se constituía em promessa.

Nada foi dito sobre natência, porque havia o temor de repetir um episódio catastrófico referido como revestido de injustiça contra a honra de um amor antigo.

Uma repetição diferente, porque em nada as duas moças se pareciam para aquele homem do ouvido absoluto. Nada, era o que referia a aniversariante do dia, e tudo, a amiga que se perdeu por ciúme.

O motivo de se temer o encontro próximo ao aniversário, era uma situação com outro homem, ainda mais escuso e mentiroso. Um duelo por uma mulher do cabelo escuro e seios fartos, cujo ambos queriam honrar com uma forma diferente de tratar no sexo, na amizade e na vida. E que gerou uma briga de egos encerrada com uma distância que doía no peito mais escuro.

Sem convite de aniversário, mas com a pretensão de ser presenteada, fui buscar o que eu queria que fosse um regalo, em cima de uma cama dura e desarrumada das próprias mãos que quebraram a promessa. Revelou-se não ter existido momento algum tirado para uma dedicatória, ou mesmo o próprio livro, que vasculhada a estante de músico e de leitor voraz, nem resquício da tal obra escolhida, "especialmente", para não existir.

Esse presente que não aconteceu, tem gosto mesmo de "futuro de uma ilusão", de costume de engano. Uma promessa quebrada sobre um livro, não quebra apenas a si mesmo, quebra tudo que foi dito, mesmo antes, nada existiu há 8 meses.

O destino até ali foi todo forçado, tal que houve uma franqueza desleal em que se falou de "saudade", sem abreviar "sdd", de "transar".
Ali, descrito, que era sobre "carne" e o intento de "comer". Quem ouviu aquela falsa promessa não estava preparada, pois sentia uma saudade da noite mais antiga da sua vida. E correu como uma presa atrás do lobo que agora feria com seu desamor, deslealdade e esquecimento.

Um homem que vira uma  simples página, que se rasga em outra biografia... Uma página resumida, restrita, pequena, perdida por ele... Um capitulo inteiro, de 8 meses, que se queria fazer eterno para a aniversariante do outro dia.

Louca pra cair de amores por ele, em sua cama, seu banheiro, seu sofá, sua vida, naquele lugar desconhecido, que um dia se pensou que os separaria, sendo que nunca, verdadeiramente, estiveram juntos (diz a canção).

Uma entrega de muitas formas que encontrou um cuidado redobrado, de mentira, enquanto caminhava entediado pensando em um outro compromisso com alguém que ele marcou e respeitosamente iria, e não queria deixar esperando, e queria realmente ver naquele dia...
 
Não importava que ele tivesse mentido sobre o livro, ele não daria mesmo... Não importava que ele tivesse mentido sobre escrever, "estava tudo em seu pensamento", voltado para uma de suas cabeças, como uma memória passageira e inútil sobre como costurar um botão (de rosa) que ele nunca costurou, porque nunca se interessou, verdadeiramente, por costurar e nem por rosa alguma.

Afinal, faltava a rosa uma firmeza, estava parecendo muito perdida. Quem iria caminhar com um homem desinteressado por lugares banais da vida dele? 

Uma cena de novela que passa no horário das reprises e sua atmosfera ridícula. Num "vale a pena ver de novo" ao contrário, de uma forma que nunca mais ele queria ver aquela "bonequinha" de sorriso doce, de um olhar e braços abertos a tratar com gentileza qualquer um. Um riso e gentileza que se oferece, perdidamente, sem destino e sentido até mesmo a um estuprador, até mesmo a ele e sua vontade de transar depois de acordar, como qualquer  homem, e naquele dia acontecia às 15h de um sábado.

Mesma hora em que a bruxinha maldita chegava de uma rotina exaustiva de trabalho e mais naquele dia, pois estava desde a manhã fora de casa, tendo almoçado qualquer coisa na rua, apenas para continuar a trabalhar até a hora, tão sonhada, de quem sabe ganhar o amor de presente de aniversário.

Aquela pobre menina, com uma doçura enjoativa ao paladar apurado de um músico sofisticado, que recebeu lágrimas de crocodilo, que não maculou um poema inspirado nessa cena; também alguns beijos, abruptos, porque não podiam ser roubados como fazem os apaixonados de verdade; um "parabéns" frio e conveniente, como uma mensagem automática de telefone, que não tem nada que identifique o aniversariante esquecido pra sempre depois daqueles momentos toscos, como blusas de bandas desconhecidas.

A menina, a espera de um colo de pai, passou o dia antes do seu aniversário de 2023, entre espeluncas de esquina, com um homem desproporcional para as suas formas, para os seus sonhos e que desdenhou várias vezes da sua inteligência, atenção e sentimentos, enquanto falava de outras e de uma em especial, a qual sempre demonstrou se importar mais do que a tal pequenina.

Uma menina tagarelando pra um homem, que ama, como quem conversa pela primeira vez com seu pai, sobre cuidado, proteção, mas não sobre sonho, não sobre amor, porque não era sobre um encontro, era sobre um autoengano que se repetia e fazia aquela pobre menina, buscar abrigo e colo num cara esquisito que nunca se mostrou verdadeiro com ela.

HCQF 16-17 de dezembro (Nov) de 2023

Nenhum comentário:

Postar um comentário