segunda-feira, 18 de julho de 2022

Mãe das musas*

  Meu limite é um coração fechado...

 Não para mim, apenas, mas para qualquer coisa,  exceto, o intento último de ver seu amor ideal e imortal se realizar...

Não tenho armas suficientes para ajudar quem se perdeu no amor profundo das próprias convicções...

 Sou feita da sede de que são feitas as transformações que as ondas provocam ao bater com força as rochas, por anos a fio...

Tenho em mim... as ondulações de hormônios e humor influenciadas pela lua... 

Tal que carrego mudanças de hábitos, ideais e vicissitudes.

Mesmo as que já estiveram tatuadas em carne e osso no corpo que me perfigura pequena e sensata.

Sou também firme e reta na ética que me alenta nas dores mais atrozes que os amores já me obrigaram a sentir... 

Visitei o Fracasso algumas vezes pelo gosto de brindar às derrotas como vitórias ao destino que não me define...

Sou ilimitada... Não posso me entregar a um corpo domado pelo vício em outro sexo... 

Preciso que se recrie comigo uma dança obscena e lasciva a cada encontro, no qual me desmoralizo de meus pecados e me vejo livre das minhas raízes, para amá-las em secreto.

Porém sem detê-las em plenitude...

Sou afecto... Sou infectante... Tal qual a ternura sombria de uma mãe imponente... 

Sou severa, protusa e espirituosa... A Luz que rege meu dia com seus afazeres e cuidado, conhece meu recinto materno: sou presença e ausência, na mesma espécie de ente mitológico.

*obs: memória é mãe das musas, em grego antigo.

Hcqf 18 de novembro de 2021



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