terça-feira, 13 de julho de 2010

Minha sábia amiga.


Quando estava no 3º ano do ensino médio recebi das mãos de uma grande amiga um presente, que (confesso) não era dos primeiros em minha lista pessoal: um livro de Clarice Lispector, " A hora da estrela".
Nunca imaginei voltar a ele agora depois de formada, mas voltei. Interessante que não foi planejado... Minha mãe não encontrou algo no guarda-roupa, então resolvi procurar em uma gaveta velha, já fora da mesinha da qual fazia parte (o tal pertence).
Bem, ocorre que enquanto procurava encontrei dois pequenos cadernos com anotações tão simples quanto meu vocabulário naquela época (não que agora ele seja rebuscado - longe de mim a pretensão de ser erudita, ainda me falta um longo caminho).
A realidade é que tal era a simplicidade das lembranças ali guardadas, que por um momento me encontrei sentada no colo de minha linda e sábia vovó, único dos parentes velhos que convivi na infância, posto que os outros já não estavam em minha vida de corpo presente.
Incrivelmente, a simplicidade das sábias palavras dos antigos são tão fortes e diretas que não magoam pela velocidade com que chegam ao nosso coração. Embora até possam magoar quando essa é a mais tenra intenção.
E assim foi que me encontrei de novo com minha velha amiga, que era sim a melhor de todas, não por escolha, mas pela certeza dos seus atos simples, diretos. Não obstante nunca objetivos, sempre tão subjetivos quanto algo proveniente do plano emocional das nossas ideias.
Foi assim que me encontrei novamente com meus sonhos de não me deixar abater, de perseguir meus objetivos dias e dias e dias...
Aí que encontrei-me com Macabéia, personagem desajustada, discriminada, sofrida de Clarice, em pensamentos guardados a sete chaves, como meus tesouros...
Vivi a alegria de um presente inesquecível, que na tal época não sentira, agora então não apenas sinto, vivo neste aquele presente... E minhas sábias amigas que me aconselharam pelas palavras escritas: Lica, vovó, Clarice, Macabéia e Hilda.
E é assim que estou: feliz por ter reencontrado minha tão amada amiga: Macabéia.
Precisava deixar isso escrito, pois tenho uma mãe tão maravilhosa e guerreira - parece um pai espartano defendendo seu território, que me ensina (eu não aprendo não sei por qual razão) a ter tamanha garra. Quero aprender!
Mas a essa eu posso agradecer, enquanto a outra só em pensamento posso visitar, já não mais conversar e tocar... Hoje que não vive do meu lado, essa tal amiga de que falo, aprendi a fazer novas amizades, tão novas quanto passageiras (algumas).
Entretanto tenho ainda muitas verdadeiras amigas.Minha irmã, cujo nome divide com minha vovó, hoje é uma das mais preciosas. Assim como minha mãe, mas que querida, amada, respeitada e admirada.
Amo tudo o que tenho, mas como sempre me recinto. Amo ainda muito o que já não está de corpo e alma comigo. Sei que não é para sempre, acho que é por isso que não desespero.
Chorando agora, vou terminar com minhas tão prolixas colocações, por onde comecei: Clarice em " A hora da estrela". E ela nos diz: "Que cada um reconheça em si mesmo, porque todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro - existe a quem falte o delicado essencial..." (p. 12)
Não estarei sendo de todo sincera se deixar a entender que este é um recado para os outros: é pra mim!
Caso achar que precisa disso lembrar, tome ele também pra você. Sinta-se à vontade...
(Hellen Freitas)

Um comentário:

  1. Q post comovente Hellenzitah, sei como eh perder os avos, naum tenho nenhum vivo e sinto mta falta de meu avo paterno, q pra mim era o maior exemplo de pessoa a ser seguido.
    Gostei mto da maneira com q vc se expressa ao escrever, vc se expessa com o CORACAUM e isso tem um valor incalculavel. Imagino q hj, a pessoa q vc se tornou, haja uma grande responsabilidade dessa avo e dessa mae guerreira q vc nos diz ter.
    Eu tbm amo minha mae do fundo do meu coracaum, ELA EH MINHA VIDA!
    Bjos e tbm tomo a liberdade de te seguir. ;)

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