quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Para antigos poemas

 Têm "certas coisas" que se diz "calado" por não fazer sentido...

Com Dickinson ao meu lado, nestes últimos dias na cama, entendo o que queria, mas não sei dizer sobre o que esperar com isso...

São madrugadas entre letras: algumas que escrevo, outras que tento ler...

Tudo tão incompreensível, sem você.

Falta... faz falta...

Ecoa em mim a questão: o que pode existir entre o Som e o Silêncio?

Eu imagino que uma diferença, mas vejo na realidade uma distância.

Insisto em refletir: quem é só medo e quem é só desejo?

Não temo coisa alguma, com você. Mas tenho medo de nunca mais sequer te ver. Como há você de temer algo?

Desejo? Quem deseja mais do que eu diante de você, que nada demanda?

E eu fugi do seu beijo... Tive medo da sua boca encostar na minha alma e eu não conseguir abrir os olhos mais... eu tô falando de morte mas também de fantasia.

E aconteceu... entre nossos lábios, depois que a minha língua tocou o céu na sua boca... aberta e doce...eu senti sua barba, percebi que abria os olhos e acariciava seu nariz e seu rosto com a minha pele.

Eu acordei entre o Sim e o Não sobre ir ao seu apartamento... aonde Dickinson me leva.

E eu só queria não ter sentido aquele frio na espinha que transbordou em suspiro entre as nossas salivas como som das ondas numa praia bonita.

Já não sei o que estou cantado, apenas sei que eu não queria deixar ir.

Queria a cama no seu apartamento; encontrar você no hotel na estrada; sentir você completar o sentido dos meus poemas de 2023 e achar que isso é sobre ouvir "uma sinfônia de silêncios e de luz"...

Real-mente, "têm certas coisas que eu não sei dizer" então finjo/fujo pra não dizer o quanto te amo sem saber se é recíproco.

Hcqf 27 de janeiro de 2025

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Eu não entendo de amor em alemão

Você diz que as pessoas sabem de nós...
E eu me pergunto sobre o que elas sabem...
Será que sabem do escuro de sempre?
Do frio sem lençol na casa fantasma?
Dos monólogos entrecortados por versos muito tristes?
Da mesa no fundo do bar vazio?
Que em outra esquina, mais tarde ainda, a lanchonete esconde um brownie de macadâmea?
Ou talvez da conveniência de ir a uma mercearia 24h comer macarrão instantâneo?
Que existe uma senhora que socorre meninas de noite com assuntos verdadeiramente importantes?
Que os conselhos de uma mãe negra, mesmo na madrugada, dão colo a uma mãe branca?

Você diz rindo que pessoas que eu admiro sabem de mim...
Mas o que elas sabem?
Será que sabem que eu chorei do seu lado e você dormia?
Que horas antes de uma reunião eu encontrei um "bom dia" enviado ainda enquanto eu estava do seu lado?
Que frequentamos a mesma casa sem mobília por meses até você decidir se mudar e mobiliar outro lugar?
Que a poeira permitiu que um recado fosse deixado?
Que o espelho na frente da sua cama te pedia pra se cuidar?
Que ficaram vários vestígios daqueles encontros em objetos cuidadosamente perdidos no seu quarto?
Que um livro perdido na bagunça da estante não dedica nada a ninguém?

Você diz que as pessoas naquele dia perceberam uma nossa tensão sexual..
O que elas sabem do que há entre nós?
Será que elas viram que você não me olhava nos olhos?
Que evitava ouvir minha voz e me ver deambular?
Que você nem mesmo me disse sobre um evento?
Que evitou sair nas fotos do meu lado?
Que quase não falou comigo naquele dia?
Que você me dedicou pensamentos que na verdade nunca existiram?

E rir dizendo que não foi você quem contou...
E você lembra que em algumas madrugadas a aliança dos seus amigos te fez dedicar algumas palavras inteiras sobre amor?
Que o mar se estender no horizonte te faz lembrar da seriedade do amor pra um pugilista?
E que você odeia o jovem romântico dos seus 25/23 anos?

E me conta que eles dizem que pareço gostar muito de você...
Mas será que eles sabem que você diz que me ama aos risos?
Que não conheço sua família e que você apresentou a eles outra mulher?
Que há um ano tento fugir das suas carícias e investidas secretas?
Que eu elogio o escuro, no qual você me esconde?
E que a luz que você diz que brilha, ilumina encontros às escura em esquinas?
Que as músicas que me apresenta ninguém mais escuta?
E que uma frase escrita em outra língua não representa nada se não for traduzida?

HCQF 26 de janeiro e 2025
 

Diz as pessoas de um relacionamento... assim, de qualquer jeito, impregnado de um desleixo com que reporta a situação.

Como se fosse uma notícia qualquer, algo notório, público... E diferente de tudo o que foi vivido.

Encontros remotos, secretos e noturnos... Como se escondessem um "lovecrime" ou testemunhassem uma desonra... 

Ali, mesmo diante de personagens da infância, de histórias longínquas, da sua cidade natal... nunca nomeou sua companhia, nunca esteve com uma companheira... sempre uma figura sem o privilégio de escutar o próprio nome nas esquinas pela madrugada insone.

Não, não deve ser esse o conteúdo do que conta.

Também não confessa o que escuta dos ouvintes...

Apenas entrega algumas "meias-palavras" entre sorrisos avulsos sem sentido.

HCQF 26 de fevereiro de 2025


Intratável

Ninguém sabe o quanto me custa...

O quanto dói rever e decidir dar um tempo.

Não consigo me afastar completamente,

Não tenho nem ilusões mais,

Só fixações.

Acabou!

Diz ele que está cada vez mais apaixonado.

Tem uma Helen-a...

Eu nunca tive o A de amor,

Nunca fiz sentir.

Agora ainda recebo uma última mentira em mensagem: 

"Estava guardado pra vc (Emily)".

Guardado para mim?

Sem dedicatória?

Com um recado sem critério,

Letras e palavras desleixadas...

Um "Leiebe dich"

Por não caber falar para eu entender?

Nada nisso tudo...

Nem um nós para encerrar.

Sou eu que tenho que me despedir...

Hcqf 25 de fevereiro de 2025

domingo, 16 de fevereiro de 2025

 Não consigo dormir... sem você...

Queria te dizer que sinto muito, sinto tudo ao mesmo tempo, porque não demos/damos certo.

Não posso dizer: eu não amo mais você. E isso ficou entalado na minha garganta, quando você sem dizer, mesmo assim disse que sou eu que você escolheu deixar.

Depois de dois parágrafos iniciados em negação, quero desreprimir isso que me engasga sem você.

Somos tão diferentes em tudo, mesmo os dois não tendo referência de pai.

Temos alturas incompatíveis, os corpos proporcionalmente dispares...

Essa palavra me pegou, dispares, é isso que sempre fomos e tivemos.

E isso foi tão bom. 

Lembro, sem querer, que andamos por horas entre bares, noite à fora...

Dançamos sem música...

Pulamos e você caiu... foi constrangedor e divertido.

Consigo imaginar maior intimidade que tudo que vivemos, mas conhecer o sepulcro de alguém tão importante e ver o sol renascer ali...

Eu sei o que senti...

Quero que as palavras cheguem... mas começo a adormecer...

Lembro nossos desencontros sexuais e percebo o quanto temos razão em nos distanciarmos...

E fico constrangida.

Aperto os lábios por saber que o celular, as mensagens, seu contato de telefone...  são tudo o que tenho de você... e isso é nada porque é sobre estar distante.

Desculpa, tentei escrever sem "nãos" e na verdade isso é outra coisa que sempre escondi de você: que não sabia o futuro... eu sabia sim.

Penso nas reviravoltas da vida e sei que a vida dá voltas e tudo muda...

Estaremos e seremos diferentes demais para acontecer sequer um beijo. 

Como aconteceu naqueles últimos dias...

Quero te rever mesmo assim.

Hcqf 17 de fevereiro de 2025


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

 Se eu pudesse escolher... 

Se tivesse a possibilidade inquestionável de fazer exatamente o que quisesse... 

Eu teria uma conversa franca com alguém.

Eu realmente não sabia que mesmo sentada ao seu lado, pode se estar longe de todos, da confusão da vida... e pode, sim, estar fingindo escutar, ou contar o que pensa, ou sente, ou mesmo quem é...

O mais difícil é saber que eu estou lá, sendo quem sou e falando o que penso.

Hcqf 25 de julho 2024

São Valentin

 Ainda dói...

Eu vejo caminhar, eu escuto rumores sobre a vida...

Eu imagino companhias...

E eu nunca estou, verdadeiramente, lá.

Não faz sentido estar tão perto, ainda que eu insista.

Persiste em mim um desejo de gota...

Sou eu, ou é a chuva que não esconde o frio desses dias.

Ter para quem dizer... mais do que com quem contar.

Eu sei porque contei e não pude dizer mais nada depois da porta-escuta fechar a janela da casa abandonada.

Troquei os nossos in-cômodos de lugar, como quem arrasta um sofá, ou uma mesa com o tampo de marmore (sozinha)...

Levantou poeira... é carnaval... meu eu mais remoto é de fevereiro...

Eu mesmo sou dos confins do ano e do universo... 

Escapo pelo nevoeiro pueril dos nossos desentendimentos cotidianos...

Para re(a)ver o en-canto/cômodo da sacada e as músicas tristes...

Anúncio d'Alva que revimos, juntos, sentados em frente a ciumeira frondosa...

Única testemunha viva da colisão daquelas duas noites tristes.

Feliz dia dos abandonados!

Hcqf 14 de fevereiro de 2025.


Primeira saudade do ano

 Um dia gostaria que ele me procurasse como quem procura água com sede.

Aquele momento, ínfimo para alguns, no qual nada acontece ao redor e a geladeira é um devaneio no deserto...

Hcqf 14 de fevereiro de 2025