sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Ves-ri de mim


Eu não tô apaixonada.

Acho que estou desenganada.

É de morte a situação.

Como pode um vento desejar uma Rocha?

Querer sentir sua superfície e frieza, sentir a dureza com que o tempo encrostou a sua história.

Como pode o incenso (inceso) querer incendiar ao invés de pefurmar (perfurar)?

É o inverso da sua natureza ritualística, de purificação e sutileza. Isso é da parte do inferno do desejo, querer desnaturar em viva chama.

Como posso olhar sua anatomia de perto? Eu que fico cego diante da sabedoria da natureza. 

Tem um saber estético que te contorna em altura e delicadeza. Privar-se da crueldade de se saber belo, é a própria beleza disfarçar o eterno, já que o tempo perece qualquer traço, do mais sofisticado ao mais singelo.

Sonhar com o sussurro gélido depois de se perder entre lençóis, como posso? Eu que esfrio de te olhar e não posso sequer imaginar as nossas mãos entrelaçadas.

Essa é uma aliança éterea. Se apaga, desenlace...

Mas é capaz de percorrer em segundos, no toque mais inofensivo e abrupto, o corpo todo e descarregar diretamente na sua foz, um mundo de afeto.

Esse encontro entre o sopro e a caverna, não tem registro - como têm as marcas deixadas pela água nas pedras. Mas o que há de indelével naquele laço, deixa em espera..


Hcqf 18-13 de nov 2022

Nenhum comentário:

Postar um comentário