terça-feira, 22 de agosto de 2017

Lique(faz)-me a tez



Quase sempre de repente, despertada pelo calor de uma pessoa, ou de suas histórias, ou pela ânsia de tocá-la, ou ser tocada, ou ainda pelo intenso prazer de cortejar minhas formas... qualidades que me resguardam de um prazer vazio, oportunizam-me um deslumbre liquefeito em cadência de desejo, fulgor, amassos (os mais íntimos que já senti) e toques profundos.
Sinto desejo por mim quando me penetra a vida de paixões, cobiças por sentir as fronteiras que me condenam a uma jovialidade lânguida por fora, mas frenética por dentro. 



Em fricções harmoniosas entre os dedos, as fantasias e o sabor glacial que contorna a minha boca, afago o meu animo e continuo o passeio em que engendro o meu relevo, em uma anti-descoberta. Percorro meus espaços, desenhando meus furos, frestas, ranhos, depressões, planícies e planos altos, sobrepujando um desassossegado gozo que me acaricia as entranhas, enquanto lubrifica-me as partes sólidas.



Ao longo desses instantes não sou mais só rigidez, a flexibilidade que não expresso cinicamente, esfria-me o ventre em contrações que fazem minhas mãos por mim escorregar, lavando as vestes quando ainda as tenho, levantando as ancas já aquecidas, intumescendo meus seios e alagando minhas extensões mais baixas. Enquanto ao sul do meu corpo, as sensações se entrecortam, espalham e excedem. Ora correndo como uma energia vibrante e caliente, ora escorrendo como um pingo leve de água bem gelada a percorrer-me a tez ardente. 
(HCQF, Agost-2017) 
OBS: Imagens colhidas do Google

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