terça-feira, 28 de julho de 2020

Pra ter

Ser mãe não me dá prerrogativa pra saber como é ser pai. 
Não ter convivido com meu pai também não explica em si a ausência de um pai, quando na verdade me faz entender apenas sobre a minha história com o meu.
Na minha vida eu fui levada a significar o dia dos pais, com certa literalidade, isto é, dia de vários pais: pais-tios, pais-primos, pais-sogros... 
Não sei se posso dizer:"feliz dia". 
Não sei mesmo se eu posso dizer algo sobre a figura, pai.
Desde longe este é um momento que remexe em mim...
Não é com dificuldade que eu dedico "feliz dia dos pais" pra alguém. Mas é sim, difícil encontrar alguém que caiba nessa palavra quando eu digo.
E eu acho que eu sempre quis encontrar essa pessoa pra quem eu pudesse dizer.
É preciso elucidar o óbvio, o quanto essa palavra ficou cara pra mim. O quanto...
Não sei como não dizer...
 É bem capaz que eu não diga pra quem quero. Ainda mais que seria como "desdizer", já que eu queria sentir a presença, sentir ser o presente, ser então de alguém que fizesse sentido.
Não sai com dificuldade, entretanto é sobre a difícil entrega de um dizer/ser de/para alguém.
Talvez entreguei-me sem regalo antes da data certa... Talvez demonstrei o valor dessa espera que me fez ter pressa... Talvez, e quiçá ainda, talvez eu queira encontrar a calma perdida.
Eu só queria contar que acho lindo um pai lembrar da filha. Escutar o pedido de saudade e voltar, mesmo depois da rotina ter tomado conta. Ver o abraço se materializar em sensação e abrigar o olhar, a batida do coração e o cheirinho no pescoço.
Saudade também é amar! E que nunca se fale sobre ela sem citar uma pessoa, mas ainda assim ela esteja lá. 
Que se guarde o nome, a sensação, mas não se cale aquele que fez do braço um abrigo, do coração um sentido.
E o desejo de felicidade desse dia encontre quem fez da paternidade uma moradia.

H.C.Q.F 28 de julho de 2020

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Saúde Mental



Muito se fala sobre depressão, ansiedade, bipolaridade, suicídio, entre outros conceitos entorno da vida psíquica. Com efeito, existe uma enorme gama de informações que podem ser obtidas pela rede mundial de computadores. Torna- se, então, relevante refletir quais conteúdos são mais procurados e mais encontrados. Isto é, o que está mais acessível no que tange à saúde e à doença mental?
A maior parte das pesquisas são relativas aos sintomas e diagnósticos de psicopatologias. Porém o que originou a busca não se torna motivo de investigação. Isto é, o que pode estar no universo de motivações para uma busca sobre depressão, ou suicídio?
Neste sentido, parece que apesar da grande quantidade de informações acerca de doenças mentais, pouco ainda se fala sobre o drama épico e/ou trágico, ou ainda fantástico contido na mente humana.
Assim, o sofrimento psíquico, em si, ainda continua envolto em tabus (como nos casos do suicídio, da eutanásia, do luto, etc). Estando por vezes imbricados nos conflitos, angústias e perturbações que "apertam o peito", causam dores pelo corpo, desfazem relações e constroem círculos viciosos.
De todo modo, muitas informações disponibilizadas por instituições, universidades e entidades que trabalham em saúde mental estão na internet. Dados como: serviços gratuitos, valores de atendimento acessíveis, locais onde existem centros de referência em atendimento pelo SUAS, etc. Estando mesmo nas páginas de órgãos como os conselhos de psicologia, serviço social, a Organização Mundial da Saúde, etc.
Com isto é preciso ressaltar que, não é em si a publicação das informações o que não é interessante. Mas sim que não existe uma forma de na rede mundial de computadores controlar todas as informações que são disponibilizadas. E muitas delas são desnecessárias por serem irresponsáveis e sem passar pela curadoria de um profissional da área.
Os índices de suicídios e diagnósticos de transtornos mentais são alarmantes e necessitam sim de visibilidade e atenção. No entanto é fundamental favorecer o acesso aos serviços de saúde mental disponíveis tanto na rede pública, quanto privada.
H. C. Q. F. 23 De julho de 2020
Página do artista da imagem
@juanmiguelpalacioslopez

domingo, 19 de julho de 2020

De poesia e pertencimento


Parlare


Pertencer

Étriente


Home


Adiós


Nem ao menos um país, ou qualquer território, é capaz de abrigar como o coração. Vivemos em busca de pertencer a este lugar, que dentro de outra vida, nos faz reconhecer nossa vontade de ser de/para alguém.
Estar contido no amar do outro completa, de algum modo o rascunho que traçamos, sem mesmo, jamais esperar.
Ninguém quer se encontrar até de fato se perder de amor...
E diz Tolstói "cada um viveu o tanto quanto amou", ao que Quintana explica que "amar é morar na alma um do outro". Embora haja quem tenha centenas de anos  por ter a anima poliglota, de um único amor. Todavia, a poesia não quer dar ciência, embora seja um saber que sobreviveu ao rio do esquecimento.
De modo que nos aponta Guimarães Rosa "os outros conheci por ocioso acaso, a ti vim encontrar porque era preciso"... o que em vigília se esconde, revela-a-si na poesia: o amor é a pátria a quem todos pertencemos.
H.C.Q.F 19 de julho de 2020

Imagens do Google


Encontro marcado


Encontro
"eu vou segurar seu coração mais ternamente do que o meu"*


"Diga-me amor, diga-me o paraíso
Conte-me sobre a vida e como estão as pessoas
Diga-me o Sol, diga-me o verão
Conte-me sobre o mundo e seus habitantes engraçados

Diga-me o dia, a partida
As coisas que valem a pena esperar
Diga-me a alegria, diga-me a esperança
Mas nunca me diga adeus

Nesse turbilhão que me atrai
Me abrace forte se você me ama
Tudo é muito mais bonito em seus braços

Diga-me o trigo, diga-me os campos
Até que horas podemos ser inocentes
Me conte o sonho, me conte a água
Este rio me diz para onde vai

Diga-me a terra, os elementos
Como sabemos que nos entendemos
Diga-me antes, depois
Como você me ama tanto?

Nesse turbilhão que me atrai
Me abrace forte se você me ama
Nós sempre dançaremos pela tristeza
Me abrace forte se você me ama
Tudo é muito mais bonito em seus braços

Diga-me amor, diga-me o paraíso
Como as pessoas deste mundo
Diga-me o Sol, diga-me o verão
Eu sei que você vê muito claramente"🎶
(SOHA, Tourbillon - Serre-moi Fot Si Tu M'aimes)

*Cena do filme "5 to 7"(Encontro Marcado)
**Imagem da flor retirada do Google
19 de julho de 2020

sábado, 18 de julho de 2020

Re-em-vida



Laszlo Gulyas

 Quando o coração dói... É tão difícil sentir direito as horas...
Nossa, não importa política, dramas familiares, apelos por justiça...
Nossa, a cabeça fica tonta, o corpo amolece... Acho que estou doente... Não, não, senti meu coração, de novo...aaaah, como dói só perceber que ele existe quando se despedaça... Cada pequeno motivo que se desgruda da parede do peito e escorre com lágrimas e mais lágrimas...
Nossa!
Tá doendo muito!
Nem me recordo direito a última vez que o vi sangrar... Mas sem esforço surgem dois nomes, pelo menos: L e W.
Nem sabem o quanto lapidaram meu coração...
Na ordem contrária do tempo, foi o Sr. W quem levou consigo o primeiro pedaço... Nem sei se ele guardou, como eu guardei, por pelo menos 14 anos uma fatia do momento em que nos declaramos... As falas-escritas guardei na memória e foram o curativo toda vez que imaginei ter escondido algum bocado de emoção e sentido, sobre o infinito que encontrei bem no centro do meu corpo e diante de mim, sempre que reconheci amar o quer que fosse...
Exatamente o Sr. W, foi meu primeiro professor. E em sua escola reinava a gentileza e o amor. Inclusive em mim, ele me fez enxergar, o que eu não pudia deixar de reconhecer depois dali, o amor que tenho por mim.... Ele é a minha constelação favorita: libras. Aquela que " sempre vai estar no meu coração" como canta Phill Collins pelo tempo "eterno bastante pra se tornar inesquecível", como adivinhou meu Chorão preferido.
A constelação de câncer me despedaçou por aproximadamente oito anos... Quase eu não percebi sua chegada, só via a questão que eu fazia dele... Esse Sr. L também me entregou seu coração em forma de carta. Foi inesperado... Na hora, foi tão real, que não se parecia com um sonho... Quando ele levantou pra ir embora, meio sem jeito, eu quase caí pra atrás... E ainda agora, quando ele insinua sua emoção, eu demoro a perceber... O sentido desse afeto é o impossível de acontecer... Ele é o menino dos filmes que eu amo... Aquele que a menina passa anos escutando contar romances inadequados e sem futuro, mas que no final estava sempre dizendo pra ela que a melhor amiga é a namorada dos seus sonhos...
Como é no espaço onírico, a conversa parece sempre devaneio, e eu fico tonta... Revejo as cenas encobertas pelos meus desejos reprimidos que me fazem cobrir meus olhos. Logo, cenas inéditas, mas antigas pelas experiências cinematográficas re-em-vidas.
Porque tudo fica tão confuso diante da paixão e do amor...
Que delírios provocam nos sentidos, que entorpecem as lembranças?
Gostaria de racionalizar e elencar experiências necessárias para evitar sofrimento. Mas não, fico tão abobalhada, que em memória, tropeço noutro bendito "carrasco do amor", o Sr. E. Esse sim, me deu todo o trabalho de costura que crio até agora...
Esse está na vida que cresceu dentro de mim... Nas músicas que me apresentaram a mim, meus verdadeiros gostos musicais: Indie.
Outro espelho... Talvez quebrado, ou que se quebrou... Fui detonada... Uma bomba explodiu em fogo e torpor... Mas o estrago quebrou a casa que eu estava construindo. Não restou nada! E ainda agora esse Nada quer me levar meu sossego fazendo um barulho e apagando a luz que acendeu meus dias... Quer levá-lo...
O Sr. E. fez do Nada um pedaço de caminho sombrio e mesquinho... Um estranho pros meus padrões de destino, mas que eu preciso investir amizade para cultivar a luz que eu tanto luto pra fazer brilhar.
Um dos motivos pra esse escuro tomar conta agora e me fazer discorrer, é o apagão que está a minha vida, desde o dia que não durmo mais, todos os dias, sentido e vendo outro coração pulsar... O meu pedaço mais caro e amado está distante e a saudade quer passagem e eu não queria deixar ela entrar... Mas ela já estava dentro e agora é quem me faz companhia.
H.C. Q. F. 19 De julho de 2020

Escutando...
https://youtu.be/xWGHylpuRt4


sexta-feira, 10 de julho de 2020

Papa e Mamá!



Zinaida Serebriakova


Quando um filho passa o dia trancafiado no quarto, em busca de privacidade: ele não quer ficar trancado o dia todo...
Quando um filho espera todos estarem dentro dos seus quartos para se alimentar: ele não quer ficar sem comer...
Essa é uma conversa sobre nutrir, mas o sentido está em "papa" e antes de tudo em mamá...
Uma conversa difícil... Guardada em segredo por filhas anorexas, adolescentes bulímicas, meninos obesos e pais narcisistas perversos.
Infelizmente existe!
Está escondido no mito da "doce mãezinha", do "pai provedor", do "amor de família"...
Exatamente isso: um "seio familiar" que, estranhamente, não alimenta.
Nas casas mais abastadas a miséria, nos lares miseráveis o "frio na barriga".
Não está nas finanças, mas nas cobranças o problema. Não está no que atinge, mas no que afeta. Não está no que se descobre, mas no que se recobre toda vez que essa lembrança constrangedora aparece.
Adultos infelizes, desonestos, desleais consigo, destemperados e assombrados por censuras cruéis. Crianças humilhadas por objetivos herdados; intimidadas por um "amor" viciado, perverso; tiranizadas por histórias alheias.
Ambos deveriam ter sido separados. Daí a importância de um divórcio não litigioso; da busca pela reparação diante do abandono emocional, mas nunca a convivência forçada.
Não é fácil ter sido forjado qual ferro moldado para espada, querendo ser cálice, a emudecer as sombras dessas batalhas. Talvez seja um "metal contra as nuvens"... que só em meio a altas temperaturas venha a ser capaz de se flexibilizar...
Todavia a distância afasta o trauma... Voar é o remédio mais difícil de encontrar... Cortado o fio que impedia a caminhada, já não vaga a alma apenada, absolvida dos crimes que não cometeu, ganha a pena capaz de escrever estrada, horizonte, alvore(ser).
A mesa já é capaz de servir, a comida capaz de nutrir, a boca capaz de falar, os olhos capazes de vislumbrar e a mente, livre, desve(lar).
Construir um lar começa quando há o corte no destino familiar. A herança não mais importa, é preciso conquistar a própria casa.
Talvez, perdoar em si o medo de ter filho e nele rever seus vilões e/ou apresentar a eles as mentiras que escutou sobre quem deveria ser amor e não foi.
Dar uma segunda chance para os a(voz) ou nunca mais permitir que segredos desleais sejam recontados?
É preciso vencer o receio de protagonizar uma tragédia familiar, que não é inédita, para assim gerar um laço amoroso.
Filho não salva, passado não se redime, futuro não se concretiza, pais e mães também ferem, presente é o que se ganha por estar vivo.
Que cada filho saiba que tem em suas mãos seu próprio valor... Que não há uma dívida por ter sido inquilino de uma dor gestada por 9 meses, nos quais ele não tinha como ser despejado, mas pode ter sido esquecido alí...
Que ele se lembre de si, em algum momento, e num "acorde" saiba que a música que embala sua alma -  por vezes de maneira a sufocar -, pode ser desligada, ou ganhar novos arranjos.
O coração é um maestro que pode está destreinado, mas seu talento para orquestrar os sentidos entorno do desejo pulsam e fazem jorrar - vida, amor, talento -, como a saliva quando dá "água na boca".
Música e comida são temas primordiais, por isso a arte é capaz de fazer a mente, mesmo esgotada, trabalhar. Se um som faz sentir um sabor e um gosto permite um cheiro tomar conta da boca, tudo é possível pra um corpo que (alma)haja. Almeje ser!

****
"Quase acreditei nas suas promessas
E o que vejo é fome e destruição...
E nossa história
Não estará
Pelo avesso assim
Sem final feliz
Teremos coisas bonitas pra contar
E até lá
Vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra atrás
Apenas começamos
O mundo começa agora
Apenas começamos"
(Metal contra as nuvens - Legião Urbana)

https://youtu.be/IDTs12pcvOM


H. C. Q. F. 10 De julho de 2020

Imagem Instagram: @inspiration_in_art

Ala(r)do


Pensei que tinha encontrado alguém com os defeitos a mostra, com o coração aberto e a poeira tinha sido jogada fora...
Não foi...
Eu estava distraída e tropecei em um caminho entrecortado de paradas (talvez paredes)...
Para ele ainda tem algumas milhas, talvez (interna)cionais...
O encontro comigo não foi planejado. Perdidos, contamos, sobre a mesma estrada, histórias diferentes... Eram os olhos que perdidos desviavam o sentido da caminhada... Mas quem nos leva, carregando nosso peso e medida, são nossas pernas... Cansadas, passaram longos dias adormecidas e edemasiadas... Assim que o inchaço passou... lançaram-se ao acaso...
Era hora de partir...
O corpo é a agonia que se levanta... A alma, a angústia que deseja... Os olhos, o sonho que escorre, de vez em quando...
Quando as pernas (com a alma) desejam descanso para a agonia (do corpo) de desvelar o sonho (o que faz o olho enxergar), o amor se derrama na história.
É pequena a probabilidade de todos esses fatores se alinharem em duas vidas... Por isso, amar é raro, e morrer de amor é descansar.
H. C. Q. F. 10 julho de 2020
*Imagem do Google

Escutando:
https://youtu.be/3QsMH5OmXbw

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Pecado




A paixão me pegou...
Uma febre consumiu meu peito... Levou um pedaço do meu amor...
Não sei como eu vou amar de novo...

H. C. Q. F. 8 De julho de 2020
Página do artista: @juanmiguelpalacioslopez