quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Não sei...

Nunca sou a mais eloquente, nunca a mais ovacionada, não recebi prêmio, tudo que conquistei é jogado na minha cara. Lutei pra ser feliz e me questiono porque não me entrego para essas porradas que levo, problemas de gente pequena: ser humilhada, ser limitada, ter seus sonhos manchados e sofrer com agressões verbais. Por que insisto em mim?

Desde quando escolhi a psicologia, sabia que não ia fazer por fazer, não entraria por cerificado. Mesmo a UEPA que não atuo na pedagogia, eu conheci cada canto da universidade, seus funcionários, seus eventos, nossos professores, suas histórias...

Eu me apaixono pelo que faço, porque tenho gosto pelo que sou. De alguma forma, sinto vontade de mim, quero ser eu, quero ser como sou e ver onde chego. Não me abati pelo tempo ou por não haver honraria. Só caminho e me cuido agora não mais só por mim.

Os amores são um capítulo que tem me abatido fisicamente: um enorme preguiçoso sujo me deixou moribunda de saudade pelo que nunca me prometeu (sou muito pequena pra ele, não sei inglês); o outro teve comigo uma intimidade mas não consegue sustentar o que sente e nesse caso eu também constatei que ele era pouco pra tudo de demanda que existe na minha vida...

Mas o meu maior desatino amoroso é o meu mais íntimo objeto de desejo. Uma ilusão sem perdão, que eu ficciono ter conquistado com a minha "sinceridade". Não pode ser, ele tem sim critérios que os outros já me impuseram, porque na vida dele alguém como eu limpa o banheiro pro filho entrar na faculdade, que é o lugar pra onde as mulheres me jogam, um lugar menor e desvalido onde elas se enxergam.

Eu sei, porque fugi de lá ainda criança, quando decidi sonhar uma vida bonita pra minha boneca. Eu embonecava a nossa vida e me prometia que seria o melhor que pudesse pra mim. Procuro esse melhor nos objetos que escolho, e quando não são, eu imagino, mas quando eles são, os outros não enxergam a beleza que eu lapidei em mim. 

Um sonho vem chegando em meio a uma busca de encerrar um ciclo e eu percebo que meu estilo chega antes do que escrevo, e eu sou muitas vezes antes discriminada antes de ser lida, porque meu trabalho é tomado pelo que eu sou e isso é a minha força.

Meu filho é livre, cheio de vida, dizem que se parece com todos da minha família, mas na verdade é a minha cara e tem meu jeito: inteligente, firme, sério quando precisa ser e muito autêntico. Eu deixo ele ser e ele se vê e se sustenta. 

Isso porque eu não quero ter que permitir, eu apenas levo comigo o que carrego e só o que carrego sem aguentar peso dos outros: mágoas do meu pai, dividas com a minha mãe, alegações da minha irmã. Nada disso é meu, então, fica de fora... Eu devagar, e humildemente, me sinto e me cuido como sou.

Explico, vivo e me cuido. Amo viver como sou e gostaria de encontrar alguém que se ama e respeita quem é assim. Sendo o que eu sou, tenho encontrado a margem das conveniências e a face obscura das pessoas e algumas vezes esse é o lado mais bonito, como a noite permite enxergar o brilho das estrelas.

Eu amo estrelar, mas sou a coadjuvante, que não brilha, mas que vive seu papel com maestria, que é onde quero chegar: desejo ser mestre, surpreendentemente, no que eu lutei para chegar na psicologia. E que outros sonhos me alcancem, porque eu desejo mesmo é continuar sonh-ando e se for possível, no meio do caminho, amar alguém que ame a vida, pra me ajudar a ser mais leve.

Hcqf 25 de agosto lançamento do 1o livro tecituras