terça-feira, 25 de março de 2025

Incubus

 Eu preciso admitir...

Eu gosto do tamanho dele...

Eu gosto da textura da pele dele

E de passar os dedos dentro da barba dele.

Eu gosto quando ele exige beijo

Quando ele pede fogo

Quando ele me olha e não diz nada

E eu enquadro o rosto todo dele 

E fotografo meu ponto fraco.

Hcqf 26 de março de 2025

sábado, 22 de março de 2025

 Eu ia dizer que "nosso" algo está acabando...

Mas é muita pretensão chamar de "nosso"...

Hcqf 22 de março 2025

- pra que ser dois?

- para não ser apenas um.

- mas agora estou sendo o "um" que eu quero e podendo ser melhor pra mim

- isso, o melhor só pra si mesmo.

- mas pra que dividir uma vida que ainda nao esta em todo o seu potencial?

- talvez para ampliar esse potencial e não encerrar tao cedo.

Hcqf 21 de março 2025

 Me emprestei pra você e não estou conseguindo me ter de volta...

Qual objeto que se oferece para alguém sem saber se a pessoa realmente quer, aí a coisa ficar em algum canto desinteressante e não frequentado ao ponto de perder de vista...

Quem emprestou corre o risco real de não reaver o empréstimo, afinal: o que foi mesmo que você me deu?

Mas não foi dado.

Emprestei meu lar pra você não esquecer que herdou um casa da sua mãe.

Emprestei minha escuta e discernimento pra você lembrar de si mesmo, ao menos, quando estivesse comigo.

E você me disse que estava numa epifânia sem remédio, tendo insights sobre a si e sobre o seu melhor, agora, sendo "um", inteiro... se sentindo autosuficiente e seguro, sozinho, mesmo eu emprestando horas das negociações das minhas folgas com a minha vida, para que você estivesse comigo.

Mas para quê dividir seu momento com alguém? Você me pergunta, pretensiosamente, como se peeguntasse a um espelho - coisa inanimada, objeto reflexivo, onde você reflete seus piores sentimentos - local esquecido e empoeirado com os dizeres: se cuida!

Emprestei meu jeito de amar para você assumir que ama outra pessoa e reza pra ela voltar. E eu, devota das causas impossiveis , respeito sua presse e dispenso meus serviços, como a babá Mcpheer e sua verruga desaparecendo por você ter aprendido a acreditar em mágica.

Adeus

Hcqf 22 de março 2025

segunda-feira, 17 de março de 2025

Uma mulher na casa dos homens

 Você me diz que a viu em um espaço público e não tirou o olho dela... Meses depois, conversaram virtualmente algum tempo e enquanto você a conhecia pensava: "eu namoraria essa menina"... Isso ao longo dos mesmo dias que usava minha janela para encontros sem nenhum sentido.

Você me disse que foi difícil conseguir o primeiro beijo dela, na mesma hora entendi o quanto despreza meu jeito dócil, feito um filhote, de buscar e te dar meu desejo e meu sexo.

Desde a primeira saída o registro, o respeito, a conversa... tudo era sobre a dádiva de ter encontrado a pessoa certa, que mesmo antes no lugar errado já sabia que existia "o seu bar" no lugar certo para vocês começarem...

Aliás, esse espaço tão comum depois da 00hr na minha rotina, naqueles meses ao longo daquele ano... só que ninguém soube das vezes em que estive lá, sozinha, com você, o dono, sua esposa, uma garrafa de vinho...

Desde aquele dia, nunca mais pararam de se falar... e eu sabia dos dias e dias de vazios, das minhas frases sem respostas, ou dos símbolos desconexos que despejava na minha conta.

Veio o dia da vergonha e ela foi o primeiro pensamento e eu a última pessoa a saber... veio o dia da minha doença e você só soube porque vivi pra te dizer.

Isso, isso mesmo... alguma coisa em mim queria morrer com o seu desprezo, mas outra coisa queria viver pra te rever.

No natal você estava de vermelho e eu sabia que não fazia sentido nenhuma mensagem de fim de ano para mim, mas eu "te esperei", brutalmente. 

O ano recomeçou, eu estava viva e sem você  e tudo ainda doía... você tinha um novo projeto de vida que não me contaria, porque não me incluía: eu morri para você, mesmo ficando viva.

Foram meses desde outubro, mês que conheceu sua sereia... muitas datas comemorativas sem querer saber se eu estava bem, muitas histórias que jamais imaginou que eu gostaria de saber... e que me contou, só agora, com a mesma falta de sentido que nos reaproxima.

Você não lembra... mas falou comigo em outibro e quase acabou com o meu Círio... também nos encontramos um dia antes do meu aniversário, afinal era difícil ter sequer um beijo da mulher da sua vida, enquanto era fácil arrancar minhas roupas, me tirar da minha rotina e me deixar à deriva...

Foi no mês do amor e da família que você desapareceu de vez... mesmo mês em que eu fui destruída quando perdi meu trabalho e todos os prazos de saúde e compromissos acadêmicos - querendo sua mão para me ajudar a entender porque que a vida dói tanto e ainda mais sem um amor de verdade...

Em janeiro, assim que melhorei, parece que você advinhou, eu não precisaria de você, mas eu tinha algo que você queria - um corpo feminino para o seu "Faz de Conta" que ainda não acontecia.

Sim, só a matéria, a alma da personagem amada já respondia suas mensagens sobre música com a franqueza que só o amor permite - de não entender ou fazer questão do que você entendia das letras... e ainda na aurora daquele mesmo ano, eu completava uma gestação a termo, sabendo que "Grávida" é sobre os olhos da sua da sua mãe (e estão na sua alma gêmea). Mas só agora entendo que o "Sol na [sua] cabeça" pegava o trem azul e te deixava sozinho e eu tive que bloquear seu endereço eletrônico para não mais receber suas tantas mensagens de despedida, ou dizendo que não queria me magoar, só não queria nada comigo... nada além de uma transa para contar aos amigos e não ficar pra trás na corrida... 

Tudo, enquanto construía um projeto de vida saudável, arrumava sua casa, recebia fotos lindas com mensagens fofas da sua nova e maravilhosa vida.

Chegou o carnaval e você lembrou da sua fantasia... eu... tive que contar da minha quase morte e seu desdém resumiu como me vê: você está a mesma COISA.

Nesse mesmo mês, na verdade na outra semana, você contou pra mim e pro mundo todo da felicidade de estar amando de verdade uma mulher recatada, inteligente, trabalhadora, boa filha, a namorada dos sonhos - não a fantasia mais usada...

O golpe foi tão fundo e eu estava tão rasa, que já não tinha muito pra perder... reconquistei um amigo, ele me defendeu de você contra mim (e minha vontade)... mais um homem que abriu a porta para outros... então sua fantasia se realizou e soterrou a mulher leal que eu havia sido e você jamais fez questão, como agora fez (esquisito como é).

Implorei sua amizade, vocé respondeu que eu me machuquei sozinha, já que sabia de tudo que você não tinha prometido para mim. 

Falando de promessa, depois da sua amada a palavra fidelidade andou rondando nossas conversas: você me perguntava se eu seria fiel, depois de tantos homens que eu me relacionava, nesse outro seu ano com sua namorada, eu solteira e abandonada na lata do lixo.

Bem, foram alguns meses em que me mandou músicas de madrugada, tentou um contato sem sentido, jogou um ponto, um jota e a rede pra brincar com meu corpo... e eu só cedi quando você me prometeu trabalho...

Eu, mãe, saindo humilhada do mestrado, queria lutar pelo meu sonho... e ainda me cuspou uma frase: olha, se você passar no doutorado posso ver se consigo uma bolsa pra ti com a minha querida.

Nossa, além de mestre à revelia dos ritos institucionais do patriarcado capitalista, eu agora poderia ser ajudada pelo meu vilão e sua heroína/vício... 

Engoli o choro, qualifiquei, terminei duas disciplinas, te ajudei a construir um evento importante (só pra mim), defendi e consegui fechar a porta pra você. 

Mas antes preciso dizer, vocês sairam em fevereiro, duas semanas depois de você me dizer que queria que eu te beijasse e fizesse amor contigo. Só agora entendo através do contrário do que dizia: ela se parece com você. Isto é, enquanto ela não permitia um beijo, uma intimidade, iria arrancar da vadia que te atende.

Então veio março e um corte digno da fidelidade medieval depois de me deixar dias no vácuo, veio o meu bloqueio.

Abril junto com um desbloqueio, o ponto nonsense... junho e seu conto de fadas estava mágico e eu longe, como você queria (mais que eu).

Maio e o aniversário da minha vida de mãe e vc já levando alguns vácuos meus...

Junho e as minhas respostas frias as suas investidas dúbias que hoje eu sei servem pra você mentir sobre o que faz: "eu fui fiel pra ela como nunca... e aquelas mensagens?... não aconteceu nada"... verdade eu não cedi.

Julho  e o seu silêncio me fez dar oportunidade para alguém que eu não sabia que era seu amigo... 

Agosto e o meu sonho de ser profa e defender a Hilda de Dionísio... e vc na minha janela e no seu bar.

Setembro e eu mergulhei nas águas de Ariana, mas soube do evento que sempre sonhei participar.

Outubro minha defesa e a descoberta que você estava todo tempo dentro daquele meu sonho que fez questão de dizer que estava organizando... molhei a cama do seu amigo falando, chorando, que iria dar tudo de mim para fazer parte, enquanto eu saciava de verdade, dois animais.

Novembro, muitas brigas, alguns encontros, que sempre entendia como presentes do destino, porém você fazia questão de ressaltar que era uma nova fantasia de tentação que eu me vestia pra testar teu relacionamento...

Meu Deus, se eu pudesse me revestir de alguam coisa para você... se eu realmente tivesse a chance de ficar vestida diante de você, dos seus olhos, das suas investidas, ao som da sua playlist... eu vestiria a minha roupa de casa, velha, larga, desboatada e te deitaria na minha cama e a gente pela primeira vez sossegaria.

Dezembro, o evento e os desencontros e controvérsias sobre o que as pessoas sabem da gente... se nunca existiu nada.

Janeiro, seu dia, seu mês, sua família, sua mulher, sua esposa... você me disse sem dizer: a escolhida. E ela fez seu papel maravilhosamente, te deu seu maior presente, não parecer um "loser" no dia 11.

Você me diz que ela pediu um tempo, mas você a quer pra sempre. Doeu! E veio descontar sua dor na minha lombar... no meu rosto... no meu ouvido... entrou na minha casa... falou com meu filho... eu e minha mãe cuidadamos da lembrança de colo da sua mãe...

E eu não mereço respeito algum quando decido te tirar da minha vida intima e te colocar na vida profissional. Você me jogou no pisão na casa dos homens...

Eu e você, é só sobre isso e mais nada.

Hcqf 17 de março de 2025

Antes de reler minhas próprias palavras inesquecíveis... bem, vim jogá-las nessa cova, para enterrá-las, querendo que seja pra sempre...
Assim mesmo como ficou: queria eu que fossem eternas, mas morreram quando foram contadas, contrariando a dor da poeta...
Foram constatações atiradas como pedras, todas a cravar pequenos furos no som e recobrir onde seriam camas de palavras, plantaram silêncio e nenhuma música restou...
Nenhuma tocada era para mim, todas para outro ouvido... minha audição habituada a sua rejeição, pelo tanto que não escuta o que é de mim, soou o ecoo do vazio naquela mesa... entre as cadeiras, o hanburguer e a garrafa de cerveja...
Apenas objetos... sem sentimento, sem sangue... sangrei quando me distanciava pela rua triste e escura... fui entrando na minha roupa pelas brechas do frio na via...
Olhei mais vezes para trás do que gostaria.

Hcqf 17 de março de 2025