quinta-feira, 3 de julho de 2025

(Te)screver

 Hoje cedo comecei um poema, mas não o conclui... como encerrar uma conversa com quem não está mais?

Agora, tão tarde, já quase não lembro o que disse... mas sei que tentei representar a tua ausência em mim... talvez por isso faça sentido não conseguir.

Dizer para quem não pode ouvir... Escrever sem poder remeter... 

Queria... diria... faria... parece que a saudade criou o futuro do pretérito, isto é, isso que confunde a lógica ligando dois tempos inexistentes: o passado e o amanhã...

Nem aqui, nem agora, os advérbios também refere o que não aconteceu já que se vier, ainda virá, mas só depois... 

E só se vier, isto é, talvez... modo e condicionalidade organizam um muro a ser transposto ou não acontecerá...

Diante da perspectiva do improvável... em língua brasileira... correspondo ao dialeto anglofônico que cercava nossos encontros... marcando nossa "broken comunicação".

Enquanto escrevo, fugindo das palavras da manhã, sentindo remorsos no centro do corpo, faço uso de palavras sem sentido, para sentir...

E também não consigo terminar o que tentei (te)screver...

Hcqf 4 de julho de 2025


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