Clarice Lispector conta, entre outras "Descobertas do mundo", que "Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil".
E lança ainda mais perguntas aos amantes das suas reflexões... posto que desvela o incômodo desencontro de sentidos sustentados pelos amantes.
Tal que certos de serem amados, aqueles agraciados com tamanha certeza, tenham uma dimensão restrita do que em verdade é ilimitado.
Enquanto a quem é dada a desgraça de conviver com dúvidas, também se realiza a graça de sentir, que seja, um traço do infinito disso que amplia fronteiras entre o Eu e o outro.
Inconsolavelmente, como é próprio da poesia, confundem-se areia e (a)mar nas margens estragadas/espraiadas dos confins entre o oceano e o continente.
E eu, que já amei até enfim me saber amada, de novo perdida de amor, como se fosse a primeira vez, nada sei... e navego suas incertezas nas margens da escrita, porque reencontrei quem me provoca as perguntas sem esperança de respondê-las.
Hcqf 7 de julho de 2025
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