quinta-feira, 17 de julho de 2025

Crônica cotidiana nada convencional

 Em meioa rotina e suas trivialidades, o ônibus passando diante de um estabelecimento para fins recreativos sexuais, trouxe uma reflexão despretensiosa, porém curiosa: por que voltar ao mesmo lugar?

Bem, isso aconteceu, porque na saída do motel tinha uma inscrição luminosa - qualidade nao avistada naquela hora da tarde com o sol à pino em Belém do Pará - que dizia: Voltem sempre.

A obviedade da indicação trouxe, primeiramente,  risos e algumas memórias furtivas. No entanto, o letreiro mostrava algo da ordem do mais que esperado, isto é, do almejado intensamente após uma estadia em um quarto daqueles, na grande maioria das vezes. 

Posto que, para estar em um encontro sexual - casual ou não, a qualquer hora do dia - é necessário antes ter planejado parte das tarefas e economias, além de algum impedimento moral a fim de que a ética da satisfação se estabeleça - entre outros critérios, especialmente, o consentimento - com o vigor das demandas em jogo.

Bem, assim sendo, querer retornar para aqueles momentos acompanha a rotina ainda por alguns dias/meses após o acontecido. E é de um mérito muito restrito conquistar certa frequência em futilidades tão gostosas como relações íntimas em um espaço especificamente arquitetando para esse fim.

Logo, "voltar sempre", nao se faz mais apenas presencialmente, mas em devaneios dioturnos e muitas vezes inconclusivos, permitindo que a lasciva vontade se reinscreva em fantasias dias e mais dias a fio...

Tamanha obviedade e coerência na chamada,  tomou minha tarde de risos e reflexões divertidas ao alcance de algumas lembranças não tão recentes quanto se gostaria.

E eu, que nunca fui aquele lugar, tomei pra mim aquela convocação de "volte sempre" a buscar prazer na/pela vida.

Hcqf 17 de julho de 2025

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