Eu nunca te olhei com cobiça... E na verdade nunca (nem) vi algo de que verdadeiramente pudesse me acrescentar... Sempre foi com generosidade, vontade de ver crescer...
Muito se perdeu, e foi cedo que percebi a sua altivez diminuir... sua altura é de cumprimento, falta alguma coisa, um "delicado essencial" talvez... algo de se cumprir um desejo de ser... você fica na metade do caminho...
Não consigo explicar.
Tão educado, tão sábio, tão intenso e com pouco... nada.
A educação é de "malandro de bar", de quem tenta dar pequenos golpes em garçons, que é banido de bares sem pagar a conta...
A sabedoria se esvai... suspende o raciocínio e aposta na mentira... decepciona até por não conseguir firmar essa tentativa... é pego e desmorona...
A intensidade parece pó ao vento... de repente uma carreira longa, em pouco tempo uma penumbra no ar... e logo mais, nada.
A etiqueta de um pobre bêbado, a astúcia de um charlatão incompetente e o fulgor de um homem cansado... ao contrário de tudo que mostra, mas faz-se em atos.
Um episódio ridículo entre três jovens demonstra. A mais independente - após fuga do cativeiro de mais de 10 anos - humilha sua recente conquista profissional: "ele contou vantagem, saiu pedindo e não queria pagar a pizza".
Você diz que já esperava que eu me sabotasse na vida pessoal, ao dizer que o último lance demonstrava falta de postura profissional. E não reparo que a ofensa é maior do que percebo: você realmente demonstra que não me admira no que se refere a como me cuido, me protejo, escolho meus desafios... E se vale disso para me manter cativa.
A postura infantil com coisa de trabalho é bem mais ridícula de explicar que a tal da sabotagem na vida amorosa (que com você nunca existiu): como uma saída pós-festa às 1h tem a ver com trabalho?
Se você costuma ter reuniões de trabalho após beber e com garotas que você tem relações furtivas depois do horário comercial... realmente existe um problema quanto a postura profissional, mas não da minha parte.
São tantas camadas de erros, mas um ainda precisa ser esmiuçado, pois é o motivo de todo o deslocamento até chegar nele: o fracasso sexual.
Você achou que estava conquistando uma nova parceira sexual, quando na verdade a moça confrontou sua mesquinharia financeira, deixou à mostra sua renda ainda insuficiente para seus luxos, desqualificou o produto que tentou vender para ela, ganhou uma humilhação da pessoa com quem queria se satisfazer.
Nessa noite, com certeza, você não iria conseguir ter uma performance sexual eficiente, quanto mais intensa... rsrs
Sua educação alemã não fez qualquer diferença diante de uma comanda de pizza média diante de uma mulher independente financeiramente...
Nesse momento recordo seu canto, a plenos pulmões, para impressionar a moça com seu inglês, seu estilo musical e sua banda de rock... E tudo desmoronando por você não ter se colocado à disposição para pagar a conta.
Agora entendo o seu gosto para mulheres, sua ex também desaprovaria a insinuação para ela pagar a comida e você a bebida. Pode até ter acontecido, vezes suficientes para ela terminar. De alguma forma entendi tudo: eu já sabia que não te exigia nada e ainda entendi que a questão é financeira, realmente.
Você diz que é um potencial de ser, você tá falando de dinheiro. Que vai se concentrar para ter, mas vai perder tudo em prazeres vis. Ela percebeu isso, eu não me importava, porque tentaria não te ver chegar aí - na futilidade dos vícios ou na ambição desmedida, qualquer uma, ou ambas.
No entanto, isso implica tanta coisa que talvez você não devesse mesmo abrir mão: como sua máscara de sedutor barato que não faz jus a magnitude de seu apetite sexual; ou deixar de querer ser influente para com humildade chegar talvez um dia a ser uma referência; ou ainda ter coragem de ter pouco, parecer com isso que você é, para pisar no chão e impulsionar voo. Coisas que nem importam tanto no mundo capitalista, para o qual você está (des)preparado e eu não tenho munição.
É triste ver um potencial perdido, contudo não ver potencial em alguém é ainda pior. E é isso o que enxergamos quando estamos perto um do outro.
Hcqf 21 de julho de 2025
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