Não ter convivido com meu pai também não explica em si a ausência de um pai, quando na verdade me faz entender apenas sobre a minha história com o meu.
Na minha vida eu fui levada a significar o dia dos pais, com certa literalidade, isto é, dia de vários pais: pais-tios, pais-primos, pais-sogros...
Não sei se posso dizer:"feliz dia".
Não sei mesmo se eu posso dizer algo sobre a figura, pai.
Desde longe este é um momento que remexe em mim...
Não é com dificuldade que eu dedico "feliz dia dos pais" pra alguém. Mas é sim, difícil encontrar alguém que caiba nessa palavra quando eu digo.
E eu acho que eu sempre quis encontrar essa pessoa pra quem eu pudesse dizer.
É preciso elucidar o óbvio, o quanto essa palavra ficou cara pra mim. O quanto...
Não sei como não dizer...
É bem capaz que eu não diga pra quem quero. Ainda mais que seria como "desdizer", já que eu queria sentir a presença, sentir ser o presente, ser então de alguém que fizesse sentido.
Não sai com dificuldade, entretanto é sobre a difícil entrega de um dizer/ser de/para alguém.
Talvez entreguei-me sem regalo antes da data certa... Talvez demonstrei o valor dessa espera que me fez ter pressa... Talvez, e quiçá ainda, talvez eu queira encontrar a calma perdida.
Eu só queria contar que acho lindo um pai lembrar da filha. Escutar o pedido de saudade e voltar, mesmo depois da rotina ter tomado conta. Ver o abraço se materializar em sensação e abrigar o olhar, a batida do coração e o cheirinho no pescoço.
Saudade também é amar! E que nunca se fale sobre ela sem citar uma pessoa, mas ainda assim ela esteja lá.
Que se guarde o nome, a sensação, mas não se cale aquele que fez do braço um abrigo, do coração um sentido.
E o desejo de felicidade desse dia encontre quem fez da paternidade uma moradia.
H.C.Q.F 28 de julho de 2020
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