sábado, 18 de julho de 2020

Re-em-vida



Laszlo Gulyas

 Quando o coração dói... É tão difícil sentir direito as horas...
Nossa, não importa política, dramas familiares, apelos por justiça...
Nossa, a cabeça fica tonta, o corpo amolece... Acho que estou doente... Não, não, senti meu coração, de novo...aaaah, como dói só perceber que ele existe quando se despedaça... Cada pequeno motivo que se desgruda da parede do peito e escorre com lágrimas e mais lágrimas...
Nossa!
Tá doendo muito!
Nem me recordo direito a última vez que o vi sangrar... Mas sem esforço surgem dois nomes, pelo menos: L e W.
Nem sabem o quanto lapidaram meu coração...
Na ordem contrária do tempo, foi o Sr. W quem levou consigo o primeiro pedaço... Nem sei se ele guardou, como eu guardei, por pelo menos 14 anos uma fatia do momento em que nos declaramos... As falas-escritas guardei na memória e foram o curativo toda vez que imaginei ter escondido algum bocado de emoção e sentido, sobre o infinito que encontrei bem no centro do meu corpo e diante de mim, sempre que reconheci amar o quer que fosse...
Exatamente o Sr. W, foi meu primeiro professor. E em sua escola reinava a gentileza e o amor. Inclusive em mim, ele me fez enxergar, o que eu não pudia deixar de reconhecer depois dali, o amor que tenho por mim.... Ele é a minha constelação favorita: libras. Aquela que " sempre vai estar no meu coração" como canta Phill Collins pelo tempo "eterno bastante pra se tornar inesquecível", como adivinhou meu Chorão preferido.
A constelação de câncer me despedaçou por aproximadamente oito anos... Quase eu não percebi sua chegada, só via a questão que eu fazia dele... Esse Sr. L também me entregou seu coração em forma de carta. Foi inesperado... Na hora, foi tão real, que não se parecia com um sonho... Quando ele levantou pra ir embora, meio sem jeito, eu quase caí pra atrás... E ainda agora, quando ele insinua sua emoção, eu demoro a perceber... O sentido desse afeto é o impossível de acontecer... Ele é o menino dos filmes que eu amo... Aquele que a menina passa anos escutando contar romances inadequados e sem futuro, mas que no final estava sempre dizendo pra ela que a melhor amiga é a namorada dos seus sonhos...
Como é no espaço onírico, a conversa parece sempre devaneio, e eu fico tonta... Revejo as cenas encobertas pelos meus desejos reprimidos que me fazem cobrir meus olhos. Logo, cenas inéditas, mas antigas pelas experiências cinematográficas re-em-vidas.
Porque tudo fica tão confuso diante da paixão e do amor...
Que delírios provocam nos sentidos, que entorpecem as lembranças?
Gostaria de racionalizar e elencar experiências necessárias para evitar sofrimento. Mas não, fico tão abobalhada, que em memória, tropeço noutro bendito "carrasco do amor", o Sr. E. Esse sim, me deu todo o trabalho de costura que crio até agora...
Esse está na vida que cresceu dentro de mim... Nas músicas que me apresentaram a mim, meus verdadeiros gostos musicais: Indie.
Outro espelho... Talvez quebrado, ou que se quebrou... Fui detonada... Uma bomba explodiu em fogo e torpor... Mas o estrago quebrou a casa que eu estava construindo. Não restou nada! E ainda agora esse Nada quer me levar meu sossego fazendo um barulho e apagando a luz que acendeu meus dias... Quer levá-lo...
O Sr. E. fez do Nada um pedaço de caminho sombrio e mesquinho... Um estranho pros meus padrões de destino, mas que eu preciso investir amizade para cultivar a luz que eu tanto luto pra fazer brilhar.
Um dos motivos pra esse escuro tomar conta agora e me fazer discorrer, é o apagão que está a minha vida, desde o dia que não durmo mais, todos os dias, sentido e vendo outro coração pulsar... O meu pedaço mais caro e amado está distante e a saudade quer passagem e eu não queria deixar ela entrar... Mas ela já estava dentro e agora é quem me faz companhia.
H.C. Q. F. 19 De julho de 2020

Escutando...
https://youtu.be/xWGHylpuRt4


Nenhum comentário:

Postar um comentário