domingo, 12 de novembro de 2023

Amor depois do amor (😉💚)

 Ele demonstrou muito...

Eu acostumada com pouco, desconfiei...

É fatídico que Recurso e Penúria ensinam sobre o amor, isso tá em Platão... E esteve ontem, enquanto eu tava sozinha, comigo e com ele.

Ele veio e disse, isso numa mesma ocorrência não está sendo redundante comigo....

Ele veio e falou com o fotógrafo, com quem eu estava na mesa. Ele o contratou, mas eu não sabia e só me aproximei porque reconheço o relacionamento dele com sua namorada. 

Foi então  que o músico se referiu a mim e disse: "chegou tarde... Pensei que não vinha... Eu ia ficar chateado" e saiu. (Sinto que quero reviver, resguardar esse encontro, não sei se dá).

Eu só senti o impacto do corpo dele, cheiroso, no meu... Foi um abraço de lado. E eu fiquei miúda dentro da demonstração que recebera... Não é comum comigo.

A noite continuou, era um momento de trabalho dele e meu de explorar a mais nova região, antiga em mim (a solidão) e encarar o que quero conhecer.

Começou seu momento, parece que senti sua expectativa... (Agora, enquanto escrevo, sinto um desligamento, porque a timidez me engoliu). 

Bem, foi bonito e em alto e bom som/sim (literalmente, chega sinto quase uma dor de cabeça por isso, mas dói mais meu estômago e toda a pressão que guardo em me alimentar mal).

Sua cena acabou... Sim, ele é alguém que gosta de demonstrar o que expressa, ainda não sei o que faz com o que sente quando sente...

Ficamos por minutos afastados e antes de concluir uma hora, veio ele... Em pé ao nosso lado, meu e de uma nova fã (ou não)... E de novo, fez questão de demonstrar: "quase não vinha...". E me olhou com os olhos cor de mel, ou que lembram mel... Foi doce e direto, ainda não tinha sido potente... E eu ainda impotente com aquela enxurrada que eu desconheço existir há 4 anos mais ou menos (minha separação do antigo companheiro).

Sorri. E na verdade, quase me escondo nos braços dele... Intimidada por ter reconhecido que a outra moça demonstrava algum interesse, que eu desconheço, mas desconfio, inclusive nele.

Algumas palavras, depois que a moça foi ao banheiro, olhando diretamente pra mim, sem que eu pudesse encara-lo de volta... Ele foi buscar meus olhos no chão, na mesa e até em sua boca, mas nunca tanto tempo um diante do outro... O que é isso que eu estou descrevendo? Um desencontro? Um desejo de romance?

Um amigo dele chamou-lhe a atenção para prestigiar seus outros amigos que tocavam... Bem, fiquei com a moça na mesa e ela logo se foi...

A bateria do meu celular descarregada me salvou... Precisei carregar e esperar... E ele de um lado para o outro...poucas vezes me enxergou... Por quase duas horas fiquei invisível pra ele... Doeu, era assim que eu me sentia sempre... Era hora de partir...

Sai de dentro da sala de música, ele sentado com os amigos... Corri pro carro de aluguel... E veio a mensagem: acabei de te ver sair... Ele escrevia enquanto eu me despedia pela mesma via... Ele disse que fugi dele à noite toda... E disse que ficou "triste" por não termos conversado... 

Foi, então, que tive coragem de dizer: estou perto... E ele em tom inacreditável para mim, disse: volta... E disse outra coisa... Tudo se perdeu no "volta".... Ali naquele pequeno momento, eu vivia um filme de amor... Eu disse, já retornando: "é para eu voltar?". E ele disse: "Sim". O que eu escreveria em maiúsculo, porque ele fez a expressão "afirmação" rimar com firmeza.

De repente eu cheguei... Com vontade de fazer xixi, encontrei com ele com a mão suja de banheiro... Pedi pra lavar... Demorei de propósito... Retornei e não pude me reunir com seus amigos... Um deles me parecia reprovar nossa aproximação...

Ele afirmou o pé do meu lado na mesa....sentado, cansado, ouvindo "aleatoridades" (como diria uma paciente minha, que estimo por nossa contratansferencia de cura)...

Primeiro sentado, depois em pé, como eu, olhando nos meus olhos, tocando minha mão, sem elogiar, sem se "amostrar", mas demonstrando quem é... E aquilo "Tudo" me deu medo... As palavras de uma amiga que trabalhou com ele vieram como pensamentos intrusivos: família muito rica, não dá pra mim, tio Ângelo e tia Naza, não é para mim...

E conversamos até o sono nos abater pela conversa cansativa e sem um futuro... Mas tinha pedaços do seu passado, algo como sentar com seus amigos... Tinha uma solenidade também... Que tenho eu diante dele... Quero me curvar e estou dura de quedas e desembarques muitos...

Ele disse para irmos em seu carro, ofereceu carona (recusei bastante vezes)... Ele desistiu de me conduzir à sua casa (talvez, agora, eu veja que poderia soar como invasivo para aquela moça tímida na frente de um músico)...

 Fomos a um posto e a hostilidade evanesceu e o carinho virou bruma... Alguns "puxões de orelha", alguns pequenos beliscões... E eu fiquei pressionada... Naquela região eu me reconhecia... 

Então, cedi centímetros e ele condescendeu milímetros... Eu tive que contar que minha boca estava em carne, não mais viva, devido a um hambúrguer que comi. Ele brincou e doeu, fazendo trocadilho com cemitério... Depois torceu e retorceu o braço: vegano disse que comeria pão de queijo... Me senti mal por ser uma volta para trás na sua política de vida(nova, eu descobri). 

Bem, ele insistiu: estava "apto a trocar saliva"; eu era uma "mulher de meias palavras"; enchi nossa noite de "mistério", "fugi"... Não consegui empostar  voz, corpo e alma na mesma sinergia... Dei voltas... 

Até que ele disse o que eu queria ouvir e já estava com o corpo pedindo (baixinho): "você quer dormir na minha casa?" . E eu vi o mesmo brilho caramelo, mesclado de mel  e muito açucarado... Nossa, que olhinho, quase, quase venceu meu corpo trancado pelas desilusões...

Eu não respondi, mas pedi pra ir até a casa dele... E ele encontrou uma forma de nos afastar: "ali tem um supermercado... ". Ele me cortou e eu voltei atrás... Ele queria me deixar em um lugar escuro, havia esquecido... Uma outra eu, transaria com outro homem bem ali. Aquele homem de sempre.

Chegamos no supermercado, foi triste.. ele cansado... Ia para o abate como os animais que quer defender, mas ainda não sei se é uma política mesmo...

Entramos, ele foi andando pesado, tanto que escolheu um pão de queijo velho e denso... Me pediu pra comer com ele... Eu não podia... E já havia dito para ele não se violar... Ele foi, comeu com certa raiva... E eu pedindo desculpa e aquilo "tudo" aborrecendo ele...

Entrou no carro sem mim... Me deixou pra trás... Eu fiquei do lado de fora... Eu pedi pra ele ir, ele disse sem querer mesmo, que ficaria pra me esperar... Eu admiti que não queria ficar sozinha ali... O carro de aluguel veio se reaproximando... 

Eu no ímpeto do que quis fazer fazia tempo, desde a casa de música... Vi o olhar, porém escuro de frustração, dizer algo sobre uma "noite perdida"... Fui abraçar, segurei o rosto e beijei sua boca... Querendo tocar seu corpo... Não sei o porquê  que ele fez, como fez, mas de olho entre aberto escutei e vi... de repente ele bateu no volante do carro e disse assim: "agora ela beija". E depois olhei de novo, agora me vi, como que com as mãos primeiro na cabeça, segurei-lhe o rosto e de novo beijei "seus lábios macios", diria Fábio Jr (meu romântico cafona favorito). Eu fechei os olhos e vi ele fechar também...

Fomos nos acompanhando, eu a pé e ele em seu carro... Entrei no carro de aluguel, ele esperando nos afastarmos geograficamente... Acenei em um gesto meio cinematográfico, depois não entendi, mas sei, era uma forma de boicotar mais aquela demostração dele...

Cheguei em casa e nada dele...

Escrevi sobre mil desculpas... Ele respondeu: "Fica tranquila, Hellen. Bom dia, bom domingo"... A única mensagem que consegui descrever fielmente...

Agora sofro, mais cedo cheguei de um encontro com meu corpo doído de saudade daquela boca e seus olhos....

Não sei se existe como nos encontramos... Certeza que posso vê -lo, mas revê-lo no lugar em que estivemos, eu não sei... E essa dúvida é uma cura, mas diz também sobre sentir meu coração e cantarolar suas batidas... Diz a canção, "imanente": I'm irreverent a revanent... Dîe by It... Eternally cycling tides"... desejando "mouth of the Eden".

Eu ouvindo amor, com medo da morte e sendo desejo...

HCQF 12 de Nov de 2023

"River Eden" é um rio que corta parte da Grã-Bretanha, paralelo ao lado norte da Irlanda, tem também um nome em latin dado por um geógrafo dos tempos antigos, Ituna, que vem da palavra celta, Itaúna que quer dizer água.. "Mouth of the Eden" é uma música de uma cantora que resguarda em suas canções tradições celtas. Talvez, "a boca de Eden" faça referência a foz, ou nascente desse grande rio que corta a Grã-Bretanha e ganha até outros nomes ao longo de seu curso. Mas a cantora se refere à Escócia em suas letras e eu aos meus incêndios em busca do paraíso no amor.


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