Estou tão envergonhada, pelas coisas como vieram e como estão, Habreu.
Não por ti, mas por mim e meu destino, favorito, da pulsão: deslocar na meta.
Errática, quase sempre estrago o que quero...
E eu posso até tentar uma explicação, psicológica, tal como fiz antes. No entanto, não quero.
Hoje, prefiro o não-saber e esse sentir, non sense, doído e insensato, como as sandices que se diz ao pé do ouvido, deitados, ou em qualquer posição que esteja a alma e os corpos.
Não sei o porquê de te fazer tão íntimo dos meus limites éticos, morais e corporais.
Contar e te fazer testemunha de constrangimentos infantis.
Ao contrário, eu queria escondê-los, todos, em um verniz sedutor, cujas formas mais encantadoras e plásticas de algo em mim sobressaíssem, longamente, como são longos os véus e os vestidos das noivas, ou a "seção coruja".
Mas não... faço com que sejas tão íntimo até dos meus erros.
O mal-dito cristianismo que consome nosso cotidiano na clínica, na política e, por isso, na cultura... atenta meu juízo e me faz intentar fantasias de uma segunda temporada da novela, Hellen(a): uma mãe e mulher.
Isso é tão ingênuo, quanto está em ser, o que acabei de negar querer: te fazer um espectador interno até do que desgosto dentro de mim.
Queria me pintar perfeita, planejar convites, conversas e encontros de novela.
Acho lindo!
É o sereno que não me diz-farça.
Fico justa, como o decote das roupas que, ousadamente, uso pra ti e ninguém mais...
Desculpa a poesia rasa, a dificuldade em ser objetiva, a pouca referência bibliográfica, não ter abraçado teu rosto (como eu queria) quando o choro corou suas bochechas e escorreu tímido até que seus dedos impedissem seu curso.
Eu queria ter impedido seus dedos.
Me perdoa!
Eu queria ter te beijado em prantos, como você merecia.
Eu, antes de tudo, te desejo, e desejo que seu amor não escute a autocensura.
E retribua com infinitos beijos sua comoção infantil.
Diz a poesia que "o amor bate na aorta", então deve o amante auscultar "essa disritmia".
Eu desejo que você encontre alguém que te faça chorar, um choro quente, guardado como o magma (nos tempos remotos do que foi a Terra) que desce lava, vermelha e preta, como o Flamengo.
És testemunha do que endereça em carta, o que foi antes de ser poesia.
Desculpa por eu te desejar assim, Amor.
Hellen-a C. Q. F., 21 de novembro de 2023.
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