segunda-feira, 24 de julho de 2023

Tô te amando de longe

 Confesso que o livro  de Alain Didier-Weill está me arrebatando e exigindo pausas: com música, poesia e algumas pessoas...

Entre uma página e outra, encontrei Marília Mendonça, depois de Stevie Nicks. 

A brasileira veio antes, chegou depois de umas férias da minha irmã no nordeste, quando foi a um Luau daquela menina inciando sua carreira como cantora, depois de compôr sucessos para duplas sertanejas. Hilda chegou impressionada com a força daquela voz. Talvez, como diz Didier-Weill, uma voz que diz ao sujeito "Em você, estou em casa".

A minha escrita, sem hierarquia, anuncia depois essa rainha da música brasileira, Gal Costa. Essa mulher da voz de prata, que encantou seus amigos músicos e a crítica, desde sempre. Amo escutar ela rasgar o peito e cantar: "antes de você eu sou, eu sou, eu sou amor da cabeça aos pés".

Bem, escolhi essa música, porque Marília completaria mais um ano de vida (22 de julho) e a existência do filhinho dela me atravessa o peito sempre quando penso no seu legado, que para ele não vai ser tão importante, quanto seria a presença dela.

Gal e Nicks foram muito elogiadas, Marília Mendonça ainda é bastante julgada, por sua voz imortal interpretar suas composições com temas "clichês".

Porém disse um homem europeu bastante respeitado que "todas as cartas de amor são ridículas", tal que é bem visto quem assemelhar seu sofrimento amoroso ao que disse essa Pessoa.

E tem coisa mais ridícula no amor do que a sofrência, "dito melhor", sofreguidão? 

Marília, Gal, Stevie talvez não precisem de nenhuma explicação para estarem em uma playlist. Sendo que, sinceramente, os motivos de cada um para escutar música, por vezes são incompartilháveis, ou como indica esse psicanalista francês,   no sofrimento psíquico está escondida "a perda do inaudito, invisível e imaterial".

Talvez explique as letras sobre separação que embalam muitos relacionamentos a despeito do tema (rsrs). Não é sobre o que diz,exatamente, é sobre o que toca,onde entoca,o que finca.

Talvez,cada um procure um lugar onde não precise de explicação alguma para ser amado.E em silêncio encontre algo além do sentido de existir.

Mesmo de longe, onde não dá pra escutar direito a voz de alguém, ainda dá pra sentir algo que tenha sido,o verdadeiramente, compartilhado.

Ainda sobre Hilst, Dionísio,Didier-Weill e Kaur...

Hellen

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