De novo no vão penso sobre sexo e amor.
Amor e sexo referem cura, a mim.
Não sei quando começou, mas a transa só acontece comigo se for uma dança quase ancestral.
Mergulho em espaços, levanto, ando, seguro, oriento, abraço, dou colo, respiro e declamo...
Não sei de onde vem esse desejo/rito.
Nem sempre fiz amor, quase sempre transar me satisfaz... Aprendi a separar sexo e amor cedo, porque tinha que amar meus personagens favoritos e transar com as minhas fantasias.
É tudo tão "solene", vez ou outra me encontro com pedaços de Clarice, por tê-la reconhecido qual perfume bem sútil na minha pena mais sofrida: a escrita.
Solene, é isso que faço do meu sexo. Ares de feitiço... Odores, sabores e texturas... Estou sempre diante de um caldeirão, escolhendo meus temperos e temperamento quando vou ao encontro sexual.
Uma dança gostosa me levou por anos a fio, também já experimentei o descompasso de uma parceria equivocada... Agora viajou com a música, numa experiência dionisiaca regada a vinho, chocolate, enquanto sirvo e descubro quando expando meus limites.
Não posso mentir... Desta vez está doendo como nunca, no meu corpo. São toques demasiados que não me arrepiam...
Estranho o absurdo entre o anjo e a dama da noite. Suspiro e gozo,mas não chego ao orgasmo porque do outro lado há uma pedra.
Sinto um pedaço do poema de Camões para o Gigante do Triângulo das Bermudas: Adamastor. O querido velhinho da minha Hilda, que conversa com o quanto é singelo também o fantasma de Canterville, de Wilde.
Todos muito grandes para pequenos gestos que transbordam carinho.
É um "Privilégio", como desde a nossa primeira vez... Porém tem doído por (não) concretizar as passagens literárias. Não é para mim que devotam amor.
E eu querendo ser uma amada, a pequena dos sonhos de um homem enorme.
Que esse luto elabore meus complexos com meu pai, e me liberte de ser só pequena, também quero ser grande.
Hcqf 30 de jul 2023
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