Eu não queria que ele fosse outra coisa, se não como ele foi: escutou, foi gentil, me acolheu, deixou carinho nas palavras e até agora eu não sei como acordei...
Acho que ainda estou naquela conversa, como quando olho o último recado não visualizado com a solicitação de que ele continue "cantando pra mim, para eu dormir".
Não dá pra acontecer... Aí já é um exagero.Eu só quero o tempo de sofrer até vê-lo com outra pessoa.
Preciso me preparar, vai doer qual a separação do Thiago...
Meu peito alagou meu colchão, numa enxurrada que brotou dos meus olhos, depois que acordei com dor de saudade, pedi um olhar ele não mais atendeu.
Agora a minha auto-sabotagem me levou bem longe... Estou solitária no trabalho, pensando em sair, querendo viajar pro exterior de mim e revolver o dia de ontem quando a minha covardia me fez perder uma possibilidade de ser tratada com carinho.
A situação circula nesse sentido, porque quero escutar a palavra mágica. Quero ouvir ele dizer, mas ele se contém, eu suss-urro, me entrego, digo e repito em puro gozo de prazer: amor, amor...
Ele não corresponde.
Eu já fui assim quando tomando todo cuidado para não blasfemar, diante do divino... Eu estava como refere U2 no "templo do amor", mas a contemplação me cegou antes que eu pudesse me sentir parte daquele espaço.
Aliás, também refere à topologia psíquica, essa condição de indisponibilidade para eu ocupar algumas posições: quanto à responsabilidade de amar. E eu estou inibida demais para sustentar.
E todo o peso dessa circunstância de dúvida me refreou.
Mas eu gostaria de pressionar e seria ainda mais doloroso tanto quanto vergonhoso.
Estou me sentindo culpada e constrangida. E por várias vezes diante do espelho amoroso revejo meus complexos familiares de parecer com o meu abjeto e ser muito cobrada pelo outro objeto possível.
Não é sobre o que eu passei na infância, não é sobre a culpa de ninguém. Estou sofrendo pela covardia que me engendrou pequenina no tamanho e na demanda que faço do outro.
Por mim, só correspondo. E quando solicito, faço com violência e alguma teimosia.
27 de jul de 2023.
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