Aaah, como eu adoraria te encontrar... Receber um convite, por certo, mas até mesmo convidar...
Queria muito dizer "sim" para qualquer hora e lugar, queria demais suspirar cada mínimo detalhe ao me arrumar para ti.
Mas não devo!
Vivemos um reencontro avassalador como foi nosso primeiro beijo. Tudo some quando meu corpo responde ao abraço-laço-chamado da tua pele.
Eu me viro e meu corpo gruda no seu tronco, eu me re-viro e mergulho mais fundo no seu cheiro, no seu ombro, no seu rosto e ao des-virar dentro do sonho nas profundezas da gente, acordo/encontro sua boca e o meu corpo entra na mais frenética dança até que o mundo desliga e eu descanso.
Como é difícil não lembrar... enquanto escolho uma palavra, chegam inúmeras lembranças e eu recolho gotas de saliva, suor, lubrificação e desejo a lágrima mais sincera a escorrer pela saudade que estou agora...
Mas não posso!
Não dá pra viver tudo isso a sós...
Você está lá, mas tá com medo. Entrega sorrisos, desejos, músicas e doces elogios... Embora não tenha intenção de permanecer, mesmo querendo que eu fique.
Ficar, esse é o termo tão popular, quanto a trivialidade animal da cópula.
É só sobre me ter?
Não sei, não consigo racionalizar a sua presença. O que sinto-sei é que me envolve como areia presa ao corpo molhado depois de alguns mergulhos nas águas doces ou salgadas da vida.
Como vou dizer que sim, ou chamá-lo, como eu quero? Me diz, como?
Quando o que eu sei-sinto-sabe que você recusa permanência.
Não tenho tempo para mensagens simultâneas e frequentes... Ainda que desejasse os elogios que você devota quando envia uma mensagem, ou quando encontra minha orelha na cama.
Vamos sim, eu espero ter maturidade, para lhe encontrar noutra oportunidade, que eu não possa correr o risco enorme de te fazer fecundo.
Precisamos de encontros furtivos, testar se o nosso encanto, quando estamos juntos, não é uma vaidade sua de sempre ganhar um jogo.
Talvez nos rever na brincadeira em grupo... Onde eu possa te enxergar de longe, flertando e tocando outros corpos. E essa dor, que sinto de longe, agora, possa anunciar a necessidade que sei-sinto de que não é para ser.
Ah, não se engane, desde a primeira vez foi muito difícil largar sua boca, te pedir pra beijar minhas amigas, te pedir pra sentar e vomitar sentada no seu colo...
Foi difícil e ainda é lembrar que sentei do lado do seu amigo e você ficou em pé no ônibus segurando minha cabeça tonta, e depois me deixou no outro ônibus morrendo de medo das satisfações que tinha que dar em casa.
Escondi seu nome do meu melhor amigo, não compartilhei as doçuras que senti e sinto do seu toque desde a minha boca até a força da sua mão na minha cintura... Segredei a te alguns olhares quando conversamos sentados no meu lugar favorito de frente pro futuro e pro vento no rio Guamá.
É difícil agora também.
Contudo, você teve/tem alguém que atende aos seus critérios de relacionamento... Alguém que não sobressalta seus batimentos (não sei como mas eu sei que é assim, eu sei quando causo isso em alguém, porque acontece dentro de mim também). Porém, ela não corre o risco de te trazer a responsabilidade de proteger pra sempre alguém tão frágil... e que mesmo aos seus cuidados vai sofrer com a dureza do mundo e a crueldade das pessoas.
Eu sempre soube do amor seus limites, no entanto conhecer sua infinidade foi num beijo doce e azul, que ainda bate na aorta de saudade; e também quando vivi a experiência de deixar ir, sempre que necessário, um pedaço meu que dói... Alguém que não posso curar e mesmo assim tento.
Escolho dividir o seu amor, para não retê-lo em meus defeitos e dilemas, ou fazê-lo sofrer a solidão que eu sinto criando ele sozinho.
Neste instante sinto-sei disso e outras verdades profundas do mundo, como que o amor quando escolhe duas vidas no mesmo instante, engendra o futuro a despeito da morte.
Você não quer sentir-saber. Eu cansada do que sei-sinto, respeito e desejo te reencontrar mais vezes e sentar pra conversar e talvez ouvir outra música linda... E então, possa partir do saber e sentir, para o sentir e saber com alguém.
Ou ser surpreendida por você, como sempre!
Hcqf 28 de julho de 2024
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