sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Wildiana

Nos conhecemos, 
ambos estávamos amando...
Eu encontrava sua namorada no ônibus e falávamos do livro que você tinha me emprestado

Você segurava a bolsa dela e vestia roupa clara
Ela fez outra faculdade, passou no mestrado... tudo com você.
Depois... ela conseguiu tudo que vocês queriam sozinha: concurso, uma família, uma casa.

Eu engravidei, morei no centro da cidade...
Fiquei dois anos sem ir à faculdade, que amo.
Descasei, comecei a criar meu filho com a minha família.
Meu "ex- amor" (da playlist do meu pai) casou, enricou e foi morar longe do nosso filho.

Passei no mestrado e te reencontrei.

Na sala de aula, você estava em busca do doutorado, cheio de incertezas e outra namorada...
Nos re-vimos pela primeira vez, não éramos mais os mesmos 
você cometeu um "ato-falho" quando me abraçou e disse, "Oi, amor".
Entendi "ele lembrou da minha amiga de infância".
Eu estranhei, mas vi com bons olhos, no mesmo lugar estava minha paixão mais menino: 
a saudade de casa.

Mudei pra sua cidade natal.

Saímos pela primeira vez, sem convite algum.
Na mesma noite deitamos juntos e eu fui casual pela primeira vez.
Você me ensinou a não buscar prazer e mesmo assim se satisfazer, por outra via. 
Você sempre ébrio e de roupa preta ou suja
Ligava sempre de madruga para escutar bandas desconhecidas 

Foram algumas noites em sua cama fria: 
aprendi posições diferentes; 
que homem também finge orgasmo; 
a beijar a boca de outras mulheres através da sua saliva 
e que cansaço significa arrependimento.

Então, aconteceu o amor na sua vida, enquanto me deixava no vácuo.
Buscava meu corpo na lembrança que meu rosto trazia da sua futura namorada.

Adoeci, precisei de colo... e você sumiu no natal.

Voltou a me procurar para deixar um recado: era carnaval, 
mês da fantasia, mês em que fui gerada.
Você disse de maneira cínica: "Vamos fazer amor"
Eu ri, espontaneamente, dizendo 
"para isso é preciso que antes exista"
Você riu e virou pro lado.

Você assumiu a garota certa pra sua família.
Eu foquei em um compromisso, que estava quase adiado.
Cumpri meus prazos, fiz novos amigos...
Você retornou nos dias em que ela não estava.

Você a chamou de sol e me colocou no escuro...

Parei de responder suas mensagens...
Encontrei um amante que me fez sentir de novo meu corpo...
Voltei a curtir meus amigos e algumas noites.

Você me indicou para um trabalho em outra cidade.

Voltamos a nos falar, mas não deitei mais com você... 
Molhava a cama, no chão da casa do seu amigo.
Embrulhada e abraçada consegui te encontrar e ir embora para casa, 
dormir segura...

Quanto mais sua amada, perfeita, se distanciava
Por vingança, você me afastava do seu amigo
Nos deixamos, antes dela ir embora...

Ela te pediu um tempo, ele nunca mais vai voltar.

O prazo dela está acabando
Todo dia um pouco...
Em contagem regressiva, você espera por ela, usando meu corpo.

Eu, que não tinha esquecido nem você, nem a dor de ser trocada,
Vivo momentos de liberdade, em que consigo ficar protegida
Embrulhada no meu edredom florido.

Em outros momentos de violenta entrega atendo suas súplicas por outra pessoa.

Nem tenho certeza que suplica por ela, ou pela primeira amiga, ou pela segunda namorada - a mais nova, que você disse que deixou quando estava comigo.
Apenas sei que mesmo diante de você não sou eu quem enxerga

Você é uma dúvida que me cativa
Presa ao meu "Fantasma de Canterville", sem a bondade do gigante de Wilde,
Mas você parece outros de seus personagens.

HCQF 29 de agosto 2025

Conversa que nunca existiu

 - Oi?

- Oi.

- Vai pra aula?

- Não

- Vou estar lá hoje.

- Legal (Não se preocupe)

- Tenho algumas novidades... rsrs

- Eu não.

- Acho que você já sabe...

Eu fico esperando alguma desculpa.

- Ah, ok.

- Foi do nada, eu precisava me organizar... Você sabe...

- É, eu imagino.

- Não fica triste...

- Tá tudo bem, só não vou pra aula por falta de tempo... mas estou adorando.

- Fica bem, espero não ter te magoado (de novo) não foi minha intenção... Você..

- Eu sabia...

- Oh, então, tchau.

E de novo ele esconde o que veio dizer.

E eu faço o que é preciso.

Vamos embora como se nada tivesse acontecido.


HCQF 29 de agosto de 2025

Meu lado E-rrante

Outra ligação noturna
Não era tarde da noite
Mas já tardava o convite

Você disse "vem"
Eu disse "não"
Querendo ir...

Você disse "Quero seu cabelo, seu cheiro"
Eu disse "Deixa eu ouvir sua voz"
E você tropeçava nas palavras em soluços...

Eu ri da sua embriaguez
Você se fez de desentendido e insistiu 
Só para me tirar do meu sossego 
E mergulhar na sua fantasia 
Com outra pessoa parecida comigo.

E persistiu como se fosse a última oportunidade:
 "Vem".
E eu disse: "se te digo não, você pode se afastar..."
Então Vá.

Entendi a ameaça
Está chegando a hora
Talvez uma nova chance
Para outra pessoa

Um show
Uma viagem
Uma defesa da sua honra
E não houve nada do que foi dito antes

Você não investiu em NINGUÉM 
Não se cuidou para OUTRA PESSOA
Mas melhorou SOZINHO

Realmente aquelas não eram súplicas 
Era sua despedida de solteiro
Não haveria qualquer vestígio
Como também não houve sentimento

Você já até conseguiu o que veio buscar
Mas não o que queria 
Porque não foi igual ao seu amigo

Você conseguiu o argumento para me esconder
Eu disse "não" antes do que você queria
Voltei para a caixa de bonecas da minha infância 
Você não vai decepcionar sua família 

Vou pra faculdade 
Provar roupas coloridas
Deitar em uma cama cheia de travesseiros 
E dormir com meu ursinho 
Embrulhada em um endredon florido

O trabalho está pesado
Eu tenho um filho
Moro de aluguel
E escrevi um Capítulo de livro

Nos conhecemos na universidade 
Fazemos doutorado
Você nasceu onde eu moro
Mas foi embora para a cidade onde trabalho
(ambiguidade)

Nossas fantasias não combinam
E na realidade não nos conhecemos

HCQF 29 de agosto 2025

obs: ainda inspirada depois de conhecer um pouco sobre Helena Ferrante.

domingo, 17 de agosto de 2025

Você tentou me beijar
Tentou me cheirar 
Me chamou de inimiga

Eu neguei a gente 
você ratificou nossa "amizade" 
contou de outra ruiva

até que eu permiti um beijo
veio o ciúme do seu colega
eu cedi minha noite

ainda estava com a boca molhada do seu lábio
entreguei meu corpo
você pediu mais
eu cedi meu sono

dormi abraçada ao seu peito
seus pés me seguravam
eu encostei no seu pescoço 
e cheirei sua barba 

nunca foi desse jeito 
sonhei no seu colo
andamos no seu bairro

sentamos no bar da copa de 22
você me viu levantar 
pediu para eu ficar
mas não fez nada para me parar

sugeriu que eu te encontrasse
bem depois
eu respondi com muita vontade de ir
que não podia mais

você insistiu e disse "vem"
eu ainda digitava sobre a gente 
a noite, o beijo
mas você sumiu 

fiquei sozinha
não foi o bastante 
de novo

hcqf 17 de agosto 2025



segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Presença que faz falta

Seus problemas não são financeiros... Você herdou uma casa imensa e ainda foge de uma herança do nome do seu pai...
Não, sua questão não é com as coisas que existem em suas formas materiais. O que te incomoda não é palpável... 
É justamente o que não consegue ver, tocar, alcançar... que se amontoa em uma névoa impalpável...
Outro dia disse que sua forma de amar é proporcionando coisas, algo assim... 
Nem lembro direito, pois no mesmo dia tentou seduzir outra mulher (da minha vida) em uma conversa sobre restaurantes, ervas finas, culinária artesanal e outros dotes de um bom anfitrião... A todo momento você queria proporcionar com seus gostos e experiências uma ambiente requintado... Eu não participei da conversa, meus gostos não são caros e até o carro era da minha amiga... 
Você conseguiu frustrar as expectativas dela tanto financeiras, quanto sexuais: não quis pagar a conta inteira e ainda sinalizou que "estava comigo" ao dizer que pagaria a minha parte... Um episódio sem qualquer sentido a não ser o pretexto que você encontra incrivelmente pra decepcionar. 
Mas no fundo existe toda uma explicação possível para isso de querer proporcionar... não realmente pra mim... mas para quem você ama, pelo tempo que for...
Você disse: "a noite estava surpresa desagradável... eu vi passar um camarão empanado e disse para ela pedir, porque sei que ela adora... para harmonizar o garçom indicou um vinho rosé... e ela se embebedou muito rápido... Fomos pra casa e transamos como nunca... ela se permitiu a coisas que acho que pesaram para ela... foi o nosso último encontro. Ela não sustentou ter passado do ponto em várias coisas naquele dia".
E percebo que guardou a preferência e se preocupou em reverter a frustração que envolvia a situação... quer dizer quis proporcionar o que fosse necessário para deixá-la melhor e bem com você. 
Que tenha dado errado, pode até ser porque já estava planejado para não dar certo... para ser sobre acabar e você tentou adiar, ou mesmo mudar o final sinalizado por ela...
Mas esse fim traz algo do seu início: sua mãe te deu uma casa... deixou para você uma herança que a substituta dela em toda a vida que tem não conseguiu ela ter e deixar para seu primo/irmão. 
Quer dizer as coisas que tem não substituem o que você perdeu. Mãe-avó, mãe-tia, mãe-irmã, mãe-madrinha... nenhuma igual seu ideal-de-mãe, que existiu e fez o inacreditável possível: construiu uma casa para vocês. Têm as casas: casa-da-cidade-nova, casa-herança-de-mãe, casa-herança-de-pai, casa-da-cidade-grande... nenhuma é um lar com sua família completa.
Mas ninguém tem esse lar completo... é por isso que se procura um amor... para então encontrar, construir a sua própria casa.
Nenhuma família deixa de fazer falta... é por isso que a saudade alimenta as datas comemorativas... Ninguém celebrar os pais que teve, a gente sente falta do que tem, como é e teme perder, o que sobrou depois do ideal e ainda faz sentido.
E você não questiona as suas lembranças/estátuas... deixa elas intocadas, sem reclamações, sem críticas,  blindadas para as suas dores de ausência...
Você não conversa com quem tem saudade... fala com quem tá cansado de te ouvir sobre o que você tá esgotado de entender...
Não adianta dar alguma coisa e não ficar para criar lembranças e sentido. É preciso dizer algo sobre o sentimento que te fez dar aquele algo, para que vire verdadeiramente presente.
Ao final, coisa alguma substitui a presença de quem faz falta... e é preciso encontrar um sentido na saudade para poder existir com essa falta.

Hcqf 10 de agosto de 2025



sábado, 9 de agosto de 2025

Não aconteceu

- Por que você sai com todo mundo menos comigo?

- porque seria a primeira vez e eu não quero cometer o mesmo erro.

- mas já saímos várias vezes...

- você nunca, realmente, cumpriu um convite.

- você nunca confiou que eu poderia mudar.

- você ainda é o mesmo desde o primeiro dia.

- por isso nunca deu certo entre a gente, nem em um jantar...

- você nunca me levou para jantar...

- ah, mas já jantamos juntos várias vezes.

- eu comi porque tive fome...

- eu lhe disse que a comida era boa.

- você disse que era a última cerveja e não parou de beber e nem queria pagar.

- nossa, é isso então... só lembranças ruins.

- parece que você já esqueceu.

- eu acabei de lembrar de tudo isso.

- tudo que não existiu: encontros, jantares, etc...parece que só você estava lá, ou realmente não houve nada.

Hcqf 9 de agosto de 2025

Histórias de bolso

Realmente nunca fui suficiente...

A primeira vez que me trocou, a moça dividiria com ele um apartamento no centro, sonhos de melhorar de endereço, ficar mais perto de onde tudo acontece...

Aconteceram outras mulheres: uma da capital, outra dona de bar, a amiga separada de uma médica... 

Não alguém modesto: filho pequeno, nenhuma herança, aluguel atrasado, um mestrado de lado, sem sobrenome, nenhum padrinho, um espelho exigente, muito trabalho para pagar só algumas contas, amigos só os do coração e uma família bem pequenina que cabe dentro de sonhos de cidades distantes do centro.

Contudo, sempre encontrava meu telefone na solidão da cidade grande... depois do happy hour quando não faz mais sentindo a rotina do horário comercial, a carreira brilhante e a conta corrente.

Mas ele conquistou seu maior sonho de consumo. Ela era um troféu: sem filhos, estabilidade profissional, casa própria, preocupada com o mestrado e a mãe, gostava de camarão e vinho rosa. Essa lembrava os meus traços e juventude, tão pequena quanto eu, mas tinha medo de envelhecer e decepcionar, como eu nunca tive.

Foram quase cinco... semanas sem me procurar... conheci outras companhias noturnas, um pobre amante e cumpri todos os meus prazos... até vivi um sonho inimaginável em um evento acadêmico, que me custou voltar a responder mensagens de madrugada. 

Quer dizer, após quase dois meses em lua de mel com sua sereia da água doce, ele passou a enviar as mesmas mensagens de músicas perdidas nos anos 90, esquecidas em sacos de roupas sujas há algumas semanas.

Os convites também voltaram como sempre só muito depois do 5o dia do mês, quando era mais útil alguém sem grande pretensão salarial, que aceitaria a geladeira e a barriga vazia e histórias sobre coleções de pequenas derrotas, cheiro de urina e cerveja no quarto e na boca.

Eu vi começar e acabar o compromisso com a menina dos sonhos e ele passar a viver algumas semanas na companhia de um pesadelo...

Eu... agora frequentei lugares mais escuros e inóspitos do que no subúrbio. Na capital os garçons dos bares também fazem a segurança, não tem caderno e eles expulsam a chutes quem quer beber fiado. 

Ele sempre estava sem capa, endividado, bêbado e carregando a perda da esposa troféu do campeonato de melhores partidos. Fui o abacaxi que ele empurrou pelas esquinas até a cama suja e fria no apartamento bem localizado, perto de tudo no centro da cidade.

Foram assim muitos dias, em quase sete meses, de muitas brigas, tapas, prateleiras de CDs quebrados, vergonha de garçons de bares antigos. Lugares que quase ninguém mais frequenta, depois dos tempos áureos dos falsos ricos de Belém e a ambição de nunca mais voltar para os conjuntos habitacionais da COHAB, ou uma cidade dormitório de mulheres trabalhadoras com sonho de deixar ao menos uma casa para os filhos.

Faz um tempo que eu não atendo os chamados noturnos, que coloco limites na minha carência... Tomo banho, passo hidratante e durmo cheirosa do lado de quem me aceita sem imaginar minhas dívidas e quanto eu tenho no banco. Acordo com meus sonhos salvos e olho nos olhos de quem vê o meu valor para além dos meus diplomas e mesmo assim acredita que ainda vou conseguir aquele desejo pequenino que escorre quando não posso realizar um pedido do meu filho.

Ele continua mandando mensagem de madrugada, "apenas como amigo", mas é sempre ele que precisa ser resgatado bêbado de madrugada, ou quer compartilhar uma música muito triste e sem sentido... 

Sou eu que sou a amiga... eu que posso ajudar, salvar, mesmo sem ter garantia alguma... Alguém que não pede nada em troca como é difícil de encontrar nas grandes cidades e nas mentes afogadas no mundo capitalista.

Isso que reflete quando alguém olha para mim, não veio de agora, não. Foi plantado no quintal de uma casa caindo aos pedaços num bairro perigoso do estado mais pobre e abandonado da minha nação. Onde ninguém tinha muito, aprendi a viver todo dia esperando o tempo do jambo, da castanheira e das flores que coloriram as ruas... elas pintaram paisagens lindas nos meus sonhos e ainda agora deixo um bocado colorido os lugares por onde passo.

E de novo fui trocada, não como a amiga que sou, mas como preza desses olhos de águia... Outra mulher com estabilidade financeira, que ganha bem e tem um apartamento no centro. Mas agora como eu (e outras de suas caças) é uma mãe, o que ele justificou sobre ela na minha janela, como uma característica que nunca impediu um compromisso comigo. 

Faltaram em mim outras coisas, acredito que materiais mesmo... de apalpar, de enfeitar, de mostrar nas fotos e nas reuniões de família e amigos. Diferente de alguém pequenino, espontâneo e que não faz mais sala, a outra mãe é um excelente partido com uma conta bancária, cartão de crédito, nome limpo e um filho adulto... Uma vida organizada, esperando uma ambição de mostrar para os outros viagens, shows e ganhar relógios e blusas de manga longa e um bordado no bolso.

No final, essa história é sobre esse pedaço de tecido que antes era costurado a roupa, mas hoje costurado ao corpo parece ter perdido o fundo. Nesses tempos o que importa é quanto cabe... não alguém como eu, que me preocupo com o que trago no peito e estou sempre esvaziando: a bolsa, as correntes na conta e o coração carente.

Não tenho o suficiente no bolso para ser escolhida. Não sou o suficiente para mostrar que tenho, porque escolho viver apenas com o que sou.

Hcqf 9 de agosto de 2025

Pensei (7 de agosto de 2021 - depois vejo o que é isso).


domingo, 3 de agosto de 2025

Pequenos

 Tenho rebobinado um pensamento injusto contra o meu corpo: seios muito pequenos. 

Tenho sofrido com esse apontamento que não me incomoda desde os meus 12 anos.

Todas as meninas comprando sutiãs lindos e eu sofrendo com as sobras de tecido com rendas.

Meus amores lapidaram, devagar, um deleite pessoal por eles... fui aprendendo a tocá-los, acariciá-los, elogiá-los, com amantes muito carinhosos.

Sabia da minha sorte, mas realmente não admitia menos do que encontrei nos cavalheiros que me tornaram mais caprichosa.

Sofri o teste da maternidade... em mim pedaços se fortaleceram, uma força me encontrou... porém um corte se refez: meu corpo é mais apontado, como quando eu era uma menina. Duas pontas que se encontraram numa vulnerabilidade por estar sem aquele aval masculino. 

De repente encontro reinvenção e cores, e a menina floresce na mulher mais fortalecida pelas responsabilidades da maternidade.

Ainda não deixei para trás as marcas dessas falas e apontamentos sobre meu corpo, voltando ao bojo, que não tinha protagonismo antes.

Vejo a necessidade de constituir a proteção que aceitei vindo de fora, mas precisava vir de mim. E agora faz falta, como não me importar com a forma delicada dos seios que sustentaram meu menino nos primeiros meses de nutrição, nas noites de sonho no colo amoroso da mãe e contornam meu centro proporcionalmente ao meu corpo, ambos pequenos e doces (como sempre).

E assim, da sutileza nas cores, a voz suave, fui me constituindo de maneira discreta e simples, apenas para alguns olhares, de olhos bem carinhosos.

E que minhas companhias voltem a ser tão assim, mansas como minhas formas e proporções. 

Hcqf 2 de agosto 2025