Não existe o medo de errar, mas existe o medo de perder... Uma das ambiguidades que cabe no amor.
Ele entrega ao amado ser uma aceitação tão grande, que os erros fazem parte, os defeitos também...
Fora do amor, errar faz doer e partir...
Dentro do amor, errar faz aprender e amar ainda mais...
Vendo um episódio de Anne, senti a dor da pequena órfã ao ser devolvida ao orfanato, devido a suposição de furto. Exatamente aí não cabe o amor...
O medo de ser devolvido... O deixar de pertencer...
Por isso ser amado é tão constitucional, constrói parte importante da nossa identidade, aponta onde podemos ser encontrados e para onde podemos voltar...
Não caber mais num lugar, que alguém disse que você teve, faz perder o sentido de amado ser.
Devolver alguém também faz o sentido de amante morrer.
Se você ama pelo que a pessoa é, existe essa condição, não é amor.
Se você é amado pelo que tem, existe uma condição, não é amor.
Se existe amor diante da dor, também não é amor...
Amor é o que permanece depois de tudo: depois que o tempo passa, que a situação muda, que o temperamento se intensifica, em meio a doença e a saúde.
Não é amor o que traz saúde, isso é remédio,ou boa alimentação.
Não é amor o que faz sofrer, não seria, amor é o que passa horas e dias com doer e com alegria...
O amor é ambivalência, polissemia, paradoxo, ambiguidade, distopia...
Faz sofrer e chorar, também sorrir e cantar.
É amor quando é todo dia.
H. C. Q. F. 20 De setembro de 2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário