~* Trechos do Texto,
"Perdoando Deus", de Clarice Lispector, ditos da maneira como fazem
sentido em mim:
"É porque só poderei ser mãe das coisas quando puder
pegar um rato na mão. Sei que nunca poderei pegar num rato sem morrer de minha
pior morte...
Talvez eu tenha que aceitar antes de mais nada esta minha
natureza que quer a morte de um rato. Talvez eu me ache delicada demais apenas
porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho
de amor inocente...
Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado:
pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as
incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido
carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem
compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em
oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É
porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É
porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda
não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele".
(LISPECTOR, Clarice.
1998)
~* Como se fazem
sentir em mim:
Não gosto da conveniência/solenidade de quando abrem-se as
cortinas... Prefiro a coxia mesmo! Mas ainda não sei se me (re)conheço atrás do
palco, ou diante da plateia. Como eu disse: tenho mais de pecadora que de
religiosa, e não estou falando de sexo, e sim de amor. É um pecado original
amar, para mim... Mesmo eu não querendo ser mãe... e sem querer acabar
pecando...
(HCQF, Agost-2017)
~* Uma música para dizer
(a)Deus:
- O
Bilhete e o Trovão -
No silêncio, na calmaria que antecede a dor
No escuro, na pausa entre
A chuva e o primeiro trovão
Seja minha canção
Estrofe, ponte e refrão
Quando a porta recusa-se a abrir e eu bato em vão
Quando vejo de longe o trem partir
Com bilhete em minhas mãos
Seja minha canção
Estrofe, ponte e refrão
Quando o lápis resiste obedecer
E eu tento me impor
Quando o copo balança
Em minhas mãos eu temo compor
Seja minha canção
Estrofe, ponte e refrão
Seja minha canção
O primeiro trovão
Seja minha canção
Um bilhete em minhas mãos
Seja tudo o que perdi
Seja o que está por vir
No silêncio, na calmaria que antecede a dor
No escuro, na pausa entre
A chuva e o primeiro trovão
Seja minha canção
Estrofe, ponte e refrão
Quando a porta recusa-se a abrir e eu bato em vão
Quando vejo de longe o trem partir
Com bilhete em minhas mãos
Seja minha canção
Estrofe, ponte e refrão
Quando o lápis resiste obedecer
E eu tento me impor
Quando o copo balança
Em minhas mãos eu temo compor
Seja minha canção
Estrofe, ponte e refrão
Seja minha canção
O primeiro trovão
Seja minha canção
Um bilhete em minhas mãos
Seja tudo o que perdi
Seja o que está por vir
(Os
Arrais)
~*Para ouvi-la:
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