domingo, 25 de janeiro de 2015

Alvorada sem mistério...

                                                               Alvorada sem mistério






De acaso o encontro foi armado. A certeza que não teria demora desfez-se. No lugar de sempre estava a saudade, em um lugar perdido a amizade, no lugar escondido a vontade, mas não está na geografia qualquer lógica disponível.
Pareciam distantes, mas as histórias se cruzavam, os olhares se encostavam e a tarde ia embora sem compromisso. O grande compromisso era se vê livre. Era preciso ver na escuridão sua verdade escondida.
Como encontrar liberdade na prisão? Como se desvincular de uma construção fecunda? Como ir embora agora? Como era o agora sem história?
Nem uma pergunta foi respondida. Não há riqueza de detalhes possível para a consolação... Só há vontade de ficar perto... Só há o desejo de morar naquele coração.
Foi difícil sentir a delicadeza desse afeto... Foi difícil ir embora sem perdão... Ainda bem que não era o final da estrada, ainda bem que tinha muito de beleza nesse enredo. Ainda havia varanda á espera. Ainda a via, vendo seu mistério.

No detalhe do cabelo, nas palavras de aconchego, cada marca foi fazendo sentido, cada luta foi ganhando seu partido. Um cuidado delicado era preciso. Era preciosa aquela parte da estrada, mas um tesouro escondido.

(HCQF/maio - 2014)

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