Alvorada
sem mistério
De acaso o encontro foi armado. A certeza que não teria
demora desfez-se. No lugar de sempre estava a saudade, em um lugar perdido a
amizade, no lugar escondido a vontade, mas não está na geografia qualquer
lógica disponível.
Pareciam distantes, mas as histórias se cruzavam, os olhares
se encostavam e a tarde ia embora sem compromisso. O grande compromisso era se
vê livre. Era preciso ver na escuridão sua verdade escondida.
Como encontrar liberdade na prisão? Como se desvincular de
uma construção fecunda? Como ir embora agora? Como era o agora sem história?
Nem uma pergunta foi respondida. Não há riqueza de detalhes
possível para a consolação... Só há vontade de ficar perto... Só há o desejo de
morar naquele coração.
Foi difícil sentir a delicadeza desse afeto... Foi difícil
ir embora sem perdão... Ainda bem que não era o final da estrada, ainda bem que
tinha muito de beleza nesse enredo. Ainda havia varanda á espera. Ainda a via,
vendo seu mistério.
No detalhe do cabelo, nas palavras de aconchego, cada marca
foi fazendo sentido, cada luta foi ganhando seu partido. Um cuidado delicado
era preciso. Era preciosa aquela parte da estrada, mas um tesouro escondido.
(HCQF/maio - 2014)
(HCQF/maio - 2014)
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