Eu preciso demais ir embora...
Já não quero ficar, estou angustiada e toda atribulada de ocupações reais, que precisam da minha atenção.
Já não é mais sobre meu coração, é sobre minha alma, meus sonhos, meu trabalho, meus deveres, meu filho, minha gata, minha irmã.
O que aconteceu nessa última parte do meu peito, o tamanho do desgaste e da tristeza... da ofensa... era pra ter me jogado há metros de distância.
Fui seca, fui direta... mas estava aberta ao diálogo, transparente como igarapé preservado... onde tudo em mim des-aguou...
Desaguei feito leito de rio, aos poucos, embora suficiente para dar conta de uma bacia hidrográfica... esse significante, a geografia, foi e ainda é, um dos bebês da minha vida... quero a ele tudo de bom. Preciso da existência dele, mas ja não mais com a doença com que o cultivei nos primeiros dias...
Necessito des-aguar, isto é, enrijecer... tornar meu porte mais firme, para quando receber a demanda doente de tristeza, eu possa saber que esse drama, não é o meu... essa tragédia, faria melhor sendo pintada na pele, que nas vísceras...
Falta nele fronteira, falta a ele território... diante dessa ocupação sem limites, sou a história de uma mulher desrespeitada, como tantas... como Rupi, Hilda (minha irmã) e a poeta, Virginia, Conceição, todas e outras...
Eu, em mim, limpei meu corte com poesia... Kaur, Leminsk, Shakespeare... como gosto!
Mas aprendi a saborear a dor... e isso é quase tudo sobre esse nó.
Voltei às quatro linhas da análise... e ainda faltei. Estou cara a cara com meu monstro: Breu Branco a exalar na madrugada... sumo de madeira clara dos interiores do Pará... cheiro de terra, doçura de amor/flor, leve e amanteigado, cheiro amargo, como o azeite da oliva mais nova.
Desaguei veneno em mim... cuidei de uma espécie de ser, entre o nunca e a espera, escuro e deselegante comigo...
Está na linha entre a vida e a morte, um abjeto triste... e eu desejando o que quero: tirar ele de dentro de mim.
Hcqf, 13 de agosto de 2023
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