Vamos ter uma conversa civilizada...
Se eu pudesse começar a te contar a minha vida, porque eu queria isso... eu teria muito medo de dizer que eu não tive a proteção de um pai...
E quando isso aconteceu, foi de um jeito tão incompreensível pra ti, que outro dia você falou do meu pai, como se estivesse ao meu alcance (nenhum dos dois).
No dia que me contou um pesadelo, não sei se eu entendi o que narraste, nem sei se ele aconteceu de fato, ou foi uma intimidação covarde... Quase deu certo: eu fiquei muito preocupada...
Se eu realmente pudesse atravessar as dimensões que envolvem o real, eu estaria do teu lado, abraçada e querendo te proteger desse medo de desapontar teu pai...
Acho que era sobre isso o delírio... Eu desviei o assunto pra te proteger... porque se eu pudesse entrar na tua intimidade e te perguntar todas as vezes que tu me deste alguma abertura... Eu teria feito. Mas ainda não dou conta nem de imaginar sentir que a gente se entende...
Te colocar pra dentro do meu mundo tá acontecendo sem que eu controle de fato... de repente meu filho pergunta se estou falando com você, chora de ciúme e pega o telefone com força e sempre a explicação é um único nome...
Porém a minha história de verdade é sobre uma menina pobre que estudou a vida inteira para ter uma carreira que ajudasse a família a limpar a sujeira que meu pai fez: ele abandonou as duas primeiras filhas e isso nos constrange profundamente.
Eu careço de proteção, isso é real, e não gosto de admitir...
A sua história que revela desalento nos traços tristes que discorre, não me assusta, pois o medo me faz companhia desde sempre...
O desalinhado que sobressai pra ti, eu gosto que as pessoas reconheçam nas frestas que eu deixo, abre caminho para os meus defeitos menos evidentes e mais marcantes...
Ser amada apesar dos meus erros e não pelas minhas "qualidades", é o coração da menina que deseja ser aceita pelo pai independente da idade e do tempo...
Não é o guerreiro que sustenta e provê a família que me excita... o que desejo está no cara que se deita ao meu lado despido de vaidade e me torna cúmplice de seus segredos... São os ouvidos da criança que deseja as histórias de infância do homem que ela mais ama e pra quem ela sorri sem parar, no intuito de ganhar colo, proteção, amor (em sonho)...
Eu conheço homens bons, são tios, amigos, ex-amores, mas não sei nada sobre o jeito de quem mais desejo saber...
Eu desejo proteção, o que não permito se realizar, porque evito demonstrar fraqueza... Falo como uma raposa, uivo como uma loba, para esconder a gatinha preta que me habita.
Já ensaiei te dizer isso algumas vezes, a metáfora é sobre trazer uma sorte inesperada... Não posso prometer... Mas sempre apontei direções corretas a quem amo e amei, mas nunca as encontrei na bússola que me orienta...
Desta vez, astronauta, escolhi atirar e ventilo nomes femininos sem parar... (the ship wrek - Florence)... Quero que eu saiba o que fazer quando o navio naufragar.. Já estou sentindo a turbulência das águas.... Eu confio muito no meu potencial de afogar meu desejo...
Primeiro a amiga que não é presente mas que me atravessa a vida... Depois o amor da tua vida, no meu natalício... Apareceu o teu amor mais amigo e eu comecei a desaparecer de vez...
Mas dessa vez eu não quero conquistar meu intento, quero conquistar o gosto que eu almejo.... Quero sentir o amor que silencias... Já estou errada desde o começo...
Desculpa, eu não olho a tua boca, eu não miro nos teus olhos... É profunda a tua influência sobre o meu corpo... Eu desfoco, procuro outros pontos que eu também desejo tocar com os lábios... Eu miro os teus braços, miro tuas mãos no teu cabelo, só pode ser de propósito... Eu fico desalinhada, em puro desespero... Porque eu sei, não consigo fazer nada...
A mulher brava e forte que me veste, fica nua e inofensiva.... É dela as palavras que sempre mudam o cenário dos sentidos... Não é uma atriz, é uma menina... Nada sabemos sobre impurezas buscamos abrigo, queremos amor...
A moça que se aproxima, já ganhou a batalha... Nunca venci a guerra contra as mulheres que eu tornei minhas adversárias... o intuito é fazê-las me paralisar, posicioná-las feito porta bem trancada: dali em diante perdi o direito de seguir, devo partir.
Você me disse que parecia que eu estava apaixonada por ela... Queria eu nem estar apaixonada... Mas não foi ela quem me fez atentar pro teu forte traço, foi um amigo de infância, meu primeiro beijo, minha primeira decepção... Aquele que eu consegui entornar amigo, mas que ainda hoje existe um inconveniente ruído na nossa comunicação...
Foi também ele quem participou da minha história de amor primevo: eles eram amigos de sala... Assim meu pretendente podia me ver... E até hoje o cabelo claro que eu represento com Marilyn, é ele... O doce outubro que quero fazer virar novembro....
Nossa, tô com muito medo do que eu escrevi... As referências na frase são fúnebres: doce novembro é uma história de amor linda que uma doença terminal pôs fim... Eu não te falei mas eu tô doente, meu corpo tá cansado de desejar sem ter fim essa história triste de amor pelo meu pai que não aparece.
Outra referência ruim: lembrei que meu filho tem me falado sobre o meu pai... Ele afirma: não fica triste mamãe, seu pai vai trazer bombom pra ti... Ou então: fica calma, mamãe, seu pai vai te levar pra passear... Ele não sabe que eu sei que a dor que ele sente de saudade do pai dele, eu sinto... Ou talvez na sabedoria da infância, tudo isso que ele me diz, tantas vezes no dia, demonstre que ele sabe muito bem da dor que transparece em mim...
Hoje ele reconheceu meu desespero, em não largar o celular esperando a tua resposta vazia... Ele disse: não chora, mamãe, você tá triste de amor? Não tive como mentir, ele poderia jamais me acreditar os sentimentos... Olhei no mais profundo dos olhos dele e disse: sim, estou triste de amor...
Ele tinha acabado de pedir colo, por dizer que estava triste de amor, e que o coração dele doía... Ele tava pedindo atenção e carinho... Ganhou a minha verdade, meu coração, meu colo, meu respeito, minha admiração e muitos beijinhos...
Eu sou triste de amor... Hoje meu filho me reconheceu... Não tinha como ser de outra forma: minha mãe fria e meu pai ausente, permitiram muita negligência e abandono... Fui especialmente marcada de desalento e desatino nas palavras minhas dores e amores...
Quando eu te chamo de bebê, e vc não aceita, achando que é parte do carinho vil que insitei com as palavras torpes de sempre... Percebo que a gente ainda não se reconhece... Vc não sabe quando uma palavra diferente é uma ponte pro meu coração... Eu desejo tanto escrever que seja ainda...
Por favor, me dá um espaço no seu peito! Vou chegar de mansinho... Vou falar bem baixo... Vou te esperar... pra almoçar, pra tudo...
Quando eu digo que vou esperar, eu estou dizendo que você tem comigo todo o tempo que quiser... Toda hora vai ser sempre... Desculpa, sou muito apaixonada.. só sei ser assim...
Porque eu não te escolhi numa prateleira... Não te formatei num aplicativo... E quando a sua mão calou meu medo de revelar a minha poesia... Meu ímpeto queria segurar ela bem forte... Queria segurar ela lá no palco enquanto falava...
Porque depois que eu vi a tua mão estendida... Eu não vi mais nada... Não lembro se a segurei, não lembro como cheguei ao palco... Tenho lapsos de alguns momentos, tipo os seus olhos tímidos me olhando procurar coragem na imagem projetada no espelho...
Se falei e como falei não escutei, nem senti... Foi rápido como um gozo curto... Eu mesmo em pé, mesmo de microfone na mão, ainda estava sentada à mesa olhando seus dedos sobre sua perna numa obra de arte enquadrada pelos tons vermelhos e o tom da tua pele...
A gente não combina em nada... Hoje escrevo tudo isso porque não haverá outra conversa... Apaguei teu contato... que já teve inúmeros pseudônimos...E vou começar a te tirar da minha vida... Iniciei uma linda história de amor consagrada, entre você e a escolhida pra me sabator...
Já tenho até a desculpa ensaiada: ela tinha um relacionamento abusivo, precisava que o amor lhe salvasse, teve também uma infância difícil, que ela não vai ter medo de te contar... Ela é a personagem que conversa contigo de madrugada: sincera, autêntica, independente, amorosa e um xodó da vida...
Dessa vez quero tentar te deixar perto e poder escutar o violão que te acompanha revelar doçura nesse escuro estrelado.
Já tenho a distração escolhida, um rapaz que está morando fora... Ele vem em dezembro... Tenho tesão nele, mas é só (e depois? Continuo a conversa com as mensagens que trocamos)... Com ele não será nada... Vou cultuar a tua voz e teus versos imensos e frios por um tempo... E esse vai ser o enredo desse trecho da minha estrada.
Talvez minha saúde careça de atenção... Então vou jogar meus olhos para essa situação e tentar desejar vencer a batalha contra o que quer que me espere na curva...
Pena que não espero, ou vejo possibilidade de ser você tocando e cantando pra mim:
Fale mais de vc
Dos seus discos
Do tempo de criança
Do elo perdido
E do primeiro amor
Que te deixou assim
Com tanto medo
Do mais novo amor....
Senta aqui...
(Do meu lado)
Prometo não avançar
O sinal
Vermelho
Dos teus olhos
E quando vc pedir pra parar
Eu paro...
É uma história de amor (2x)
(o que proponho a você, minha menina,
é um final feliz)...
E já que eu não vou poder mais fantasiar um encontro carnal das nossas almas... Deixo aqui uma saudade de te dizer que a gente podia se fazer bem que só...
Desculpa te deixar retraído e receoso, faz parte da cena que sempre me leva o amor embora...
H.c.q f 15 de nov 2021/ trechos modificados 06 de janeiro de 2022.
Vídeo
https://youtu.be/kBOJsYynIx8
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