Quase sempre de repente,
despertada pelo calor de uma pessoa, ou de suas histórias, ou pela ânsia de
tocá-la, ou ser tocada, ou ainda pelo intenso prazer de cortejar minhas formas... qualidades que me resguardam de
um prazer vazio, oportunizam-me um deslumbre liquefeito em cadência de
desejo, fulgor, amassos (os mais íntimos que já senti) e toques profundos.
Sinto desejo por mim quando me
penetra a vida de paixões, cobiças por sentir as fronteiras que me condenam a
uma jovialidade lânguida por fora, mas frenética por dentro.
Em fricções harmoniosas entre os
dedos, as fantasias e o sabor glacial que contorna a minha boca, afago o meu
animo e continuo o passeio em que engendro o meu relevo, em uma anti-descoberta.
Percorro meus espaços, desenhando meus furos, frestas, ranhos, depressões,
planícies e planos altos, sobrepujando um desassossegado gozo que me acaricia as
entranhas, enquanto lubrifica-me as partes sólidas.
Ao longo desses instantes não
sou mais só rigidez, a flexibilidade que não expresso cinicamente, esfria-me o
ventre em contrações que fazem minhas mãos por mim escorregar, lavando as
vestes quando ainda as tenho, levantando as ancas já aquecidas, intumescendo
meus seios e alagando minhas extensões mais baixas. Enquanto ao sul do meu
corpo, as sensações se entrecortam, espalham e excedem. Ora correndo como uma
energia vibrante e caliente, ora escorrendo como um pingo leve de água bem
gelada a percorrer-me a tez ardente.
(HCQF, Agost-2017)
OBS: Imagens colhidas do Google