Uma palavra me apareceu e
aconteceu: ESCRITURA. E como gosto dela! Um lapso me fez imaginar sentido nela: criatura escrita,
ou sujeito escrito, ou ainda ex-cri(a)tura – (des)-crita...
Criatura
escrita, como uma inscrição de gente surgindo da composição de papel e
escrita-letra. Tal como um desenho só que abstrato, pensei sujo-imundo de
desejos incompreendidos de Ser...
Sujeito
escrito, na onda psicanalítica que me solavanca, da prática que me
cicatriza à teoria que me desgraça...
Ex-cri(a)tura,
cuja forma se desenforma como um vento... ora líquida, ora sólida, ora
tormento, angustia... tal como uma partida, ou em partes como a vida, mas que se
chocam a despeito de Kronos.
(De)scrita,
faz parte dos jornais que me ensinaram a escrever e a ler, ao lado de adultos
inseguros, numa casa velha, rendada como a saia de uma avó austera e presente.
Sempre no fogão, querendo alimentar nossos corpos e nos fazer esperar a família
se reunir para crescer. Tinha o que comer, onde dormir e para onde voltar...
Tinha a saudade da mãe solteira e trabalhadora, também do pai ausente,
re-ferido num pai-padrinho-tio, este mais criança que todos na casa, porém
também firme em suas opiniões e no medo que dava de desobedecê-lo.
De escrita
também de Ex-escrita, porque foi deixada de lado
para poder conhecer a solidão e a frieza da alma, que durou quase dois anos, mas
fincou mais outros tantos dias no meu peito. Mas é de escrita e invenção esse
momento, então que venham suas páginas de criati-ventura...
Espaços que me governam por um
breve momento, em que só consigo acalmar depois de criá-los como PÓ-R-SONS,
que me cantam algum tempo distante ao ouvido... E novamente outra forma onírica
me aparece, desta vez um pouco menos condensada, fluindo em ondas sonoras, colocando música
do pó de onde e para onde irei... São pequenos relatos da criança que me
encontra adulta-velha, mas me pensa jovem-menina...
(HCQF/Out-2016)
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