L’amou(ria)
Então, qual a razão para desrespeitar um relacionamento
entre pessoas do mesmo sexo? Qual motivo para desqualificar um amor por ser
platônico?Ou ainda, por que desconsiderar o sentimento de alguém que permanece
com o parceiro mesmo sendo ele agressivo?
Todo amor é indispensável. Ninguém é capaz de conter a
potência que esse sentimento tem e sua capacidade de nortear nossas ações.
Somos fortes o suficiente para aceitar o amor de quem não amamos, mas não
somos suficientemente fortes para não sofrer diante de uma separação, seja ela
amigável ou não, seja ela definitiva ou não, e pior ainda será se for abrupta,
como a morte do ser amado.
Perder um irmão, os pais, um familiar muito próximo, um
cachorro ou gato de estimação, o amigo mais chegado, alguém por quem estava
perdidamente apaixonado: não tem uma dor mais cruel.
Imagino que ficar sem um membro, ou com um comprometimento
motor muito sério, seja algo dificílimo de aceitar, no entanto ainda está em
você a chave para dar outro sentido pra essa experiência e, principalmente, se
estiver perto o suficiente do aconchego de seus entes queridos.
Agora, fico imaginando a falta de alguém muito especial,
alguém que você queria estar tão perto que talvez, isso te fizesse parte dele e
vice-versa. Nessa situação a sensação de impotência, de fraqueza, de tristeza,
de dor é dilaceradora. E os pedaços que se perde são irrecuperáveis. Ás vezes a
pessoa vai pra muito longe pra nunca mais te ver, ás vezes fica perto, mas quer
ser como um estranho pra você, e por vezes a distância é algo intransponível,
porque a pessoa está no céu e você na terra.
Eu poderia conjecturar que só alguém que já sentiu tamanha
saudade é capaz de entender, e por isso julga esse ou aquele relacionamento o
mais certo. Contudo, essas perdas irremediáveis são capitais, não há como desconhecê-las,
pois (re)conhecer alguém com essa ferida, afeta.
(HCQF/fev-2014)
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