domingo, 22 de dezembro de 2024

 Fala comigo, por favor.

Dói minha alma, eu fico ranzinza, acinzentada...

Me chama, me chama...

Você tem uma chave que capota minha caixa torácica... Volta, por favor, eu imploro!

Não disse que não te quero... Eu disse que não me quero, sem você.

Eu disse que te amo, sem dizer... Eu cantei, certas coisas, quando você me ligou naquela madrugada...

Era o meu coração dizendo através de você...

Me entende....

Me atende!

HCQF 9 dez 2023

sábado, 21 de dezembro de 2024

Feliz ano velho

 Quando um quer e o outro não quer, é teimosia.

Um queima e o outro esfria, amizade.

Quando um teima e o outro treme, é injustiça.

Nenhum dos dois persiste, então nunca existiu algo.

Quando só um escreve, o outro responde por inércia.

Quando a janela silencia... Faz sentido.

Hcqf 21 de dezembro 2024

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Chove em janeiro dentro de mim

 Primeiro você começa a me rodear como quem se prepara para dar o bote...

Depois eu piso no de propósito em uma armadilha para te encontrar.

Você não aparece, eu caio em uma prisão,mal feita.

Outro predador me espreita e me encontra enjaulada.

Ao se aproveitar, talvez por querer, também me liberta de você...

Nos perdemos novamente.

Mas Ao te rever, brigas e mais desencontros.

E você disse que a boca nega o que o coração quer dizer.

Mas os atos nos atravessam.

Eu te sinto chegar perto e esquivo, por reflexo.

Nossos olhos se repelem até que você escurece a face inteira, quando te encontro desprevenido me olhando sério.

Você estava com sono, eu constrangida.

Você havia dito pra uma platéia: "não esqueci". Mas eu sei que quando afirma, mente pra mim.

Mais umas tentativas de me dizer alguma coisa, eu não levanto a cabeça, você sempre fala comigo e com todos à mesa...

Se refere a mim, pra se despedir, primeiro.

Eu vejo o que você faz e como decide ir embora se justificando que faz toda diferença "dormir 10 minutinhos".

A chuva forte e fria me faz rir e gritar de frio.

 Você se aproxima e eu penso na sua blusa e na sua casa, mas ando duas casas pra frente no tabuleiro. Fico entre as pessoas e você pra trás no frio, na chuva.

Chove muito, muito e mais...

Entramos no carro: todo mundo ali dentro tem alguém, menos eu.

Na verdade sai do carro quando alguém vi que todos sabem da sua namorada.

Nada aconteceu! 

Nada, nem antes, nem agora.

Eu tomei banho, dormi bem e eu continuo chovendo frio.

11 de dezembro (janeiro) de 2024.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

O misterioso interior de uma concha

A música diz: "A concha vazia parece fácil de quebrar...".

 Eu que só vejo a pérola, escura e rara, não entendo o porquê de ter se fixado só no seu brilho escuro. 

Não dá para ver o feitiço da primeira visada, a qual nunca abandona o ser olhado, tornando misteriosa qualquer pequena porção de estrela.

Insisto no que enfeitiça na concha, mesmo invadida pelas ondas, e ressalto: "parece que a água é uma ameaça que pode roubar seu pequeno mistério, no entanto a concha tem seu en-canto: foi quem o viu primeiro".

Talvez seja indesvendável essa primeira mirada do dia que foi visto por inteiro.

Uma mágica que envolve em um perolado o grão de areia.

Um dos mais lindos presentes escondidos na poeira. 

Secretamente abrigado no mais íntimo br-eu.

Mas se é escuro pode ser confundido com o nada, quando a ambição de enxergar algum lucro naquele pedaço da galáxia, cega para o entorno.

 Tem mais vazio que pérola na concha. Tem também mais perigos em volta, do que lá no fundo onde é acolhida.

É isso que a concha esconde do destino no mundo: a profundeza do primeiro colo e o olhar sob esse abrigo.

É quente e infinito pertencer também ao outro.

PS: porque escuto as pausas no que você diz e escrevo em poemas segredos.

HCQF, 25 d novembro, 2024.

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Não faz essa falta não
que a distância de ti
faz um vazio desses de doer quando chove

não faz esse silêncio
que a tua voz fica mais alta
eu escuto gritos dentro do meu peito

não faz assim
o tempo é curto quando você vem
e infinito longe de ti

hcqf 4 de novembro de 2024

Coisas sobre te dizer

 Quando você vem

Começa a arar uma parte do meu território 

Como se fosse plantar algo

Alguns sementes são lançadas 

Ainda que não onde a terra foi arada


As que caem, ao acaso, em espaços adequados

Germinam assuntos que se fortalecem

Porém há aquelas que se depositam como lixo

Ficam amontoadas até dificultar o fluxo vital na região 

Com essas tenho um trabalho dobrado

Seleciono algumas para tentar resgatá-las do destino desnecessário que lhes coube

Outras permitem reciclar alguma moção sádica 

Incinero como dejetos nossos

E a fumaça nubla meus olhos por algum tempo


De suas idas e vindas tenho acumulados esses nossos vazios

E alguns buracos mais profundos tenho guardado para não escolher ceder de sede

Nesses pequenos oasis as vezes me embebedo qual champanhe 


De tantos buracos entre as mensagens e os encontros 

Tenho aprendido a cultivar um recanto

Ainda não passamos nenhuma primavera juntos

Eu, você e meus sonhos

Embora o verão tenha sido muito quente 

No outono quase te esqueci

E o inverno está muito longo

Hcqf 4 de novb 24