Diz a poesia: "de tudo ao meu amor serei atento... e sempre e tanto, que mesmo em face do maior encanto, dele se encante mais meu pensamento..." (isso, escrevi de lembrança).
Versos desse seu poeta tão querido e que chegou tão tarde acodindo minha madrugada vazia.
De encanto e pranto faz o sentido desse canto em que te reencontro nos meus sofrimentos.
Estou desamaparada pela dor que a política do nosso país impõe neste momento.
Desaba sobre as nossas vidas cada desesperança e ódio plantado pela ganância dos poderosos.
No entanto, sou só uma pena temerosa pelos amores guardados esperando amanheceres prósperos, podendo estes ficarem longínquos e irrealizáveis diante da falta de horizonte.
E um medo maldito arde no meu peito, pelo rebento que defendo com minha própria vida, em meio a rotina e sacrifícios para que ele não conviva com toda essa atmosfera dolorosa.
E é imensa a dor de imaginar um país sem futuro, ao tom da liberdade, para as crianças e os amores...
Um aperto que me alcança a pena por dizer "a nossa vida" apenas para ser coerente com a geopolítica que nos cerca... embora eu esteja um sonho solitário doendo sozinha uma dor enorme...
Queria eu dizer da esperança de poder te esperar gozar seus sonhos - talvez um a um - e me ver admirar seus vôos, por menores ou mais tímidos, mesmo de longe.
Nesse instante, insone, sou revolta pelo temor de não poder amar em demasia, como é próprio do amor, e poder te aguardar em meus dias...
Não posso! Agora quero chorar esse momento em que a geografia nos faz conterrâneos e a história contemporâneos de uma mesma derrota humana: o desamor pelo outro e pela vida, como um todo.
Queria poder desaguar as lágrimas que não sessam de não desmoronar...
Contudo, vem da força que comunga a vida, isso que me leva a discorrer sobre nós. Eu sonhei três, embora sejamos nós dois e você... ainda e talvez sempre... apesar do quanto revisitei esse meu desejo de ser uma casa com vocês.
E agora escorre meu sonho, pingo a pingo... e como lastimo que não fui ter contigo a virada do ano...
Agora desejo, no meu mais profundo íntimo, que renasça um futuro. E seja, então, o nosso país, novamente, um horizonte de vida para nos reaproximarmos para nos apaixonarmos de novo.
Hcqf 18 de out de 2022
*título remete ao sentido Shakespeareano de tragédia.