Cheguei a festa/bar
Não reparei em ninguém
Fiz amizade com umas moças
Eu e minha amiga fomos atrás de um lugar
Na mesa encontrada
Uma decepção aguardava
Um homem da vida dela estava acompanhado
Minutos depois
Fomos comprar cerveja
Ele/Outro se aproximou da minha amiga
Eu percebi que ele chegava muito perto pra falar
Achei que eles teriam algo
Deixei-os em certa privacidade
Foi aí que notei ele me olhar
Perguntei quem ele era
Ela disse
um(a) amigo da faculdade
Retornei pra comprar petisco
Depois de um embroilho com a caixa do lugar
Me virei e rápido ele me parou
Buscou meu rosto lá em baixo
Trouxe pra cima, e bem em cima
Perguntou se eu poderia lhe dar meu contato
Eu meio desentendida e preservando minha amiga
Falei que tinha visto que ele era amigo dela
e se quisesse podia ficar lá perto (conosco)
Ele se apressou em ratificar
Queria um contato posterior comigo
( Agora entendo que a sós, talvez)
Errei meu contato de primeira
Ele acertou mesmo assim e eu tive que concordar
A insistência dele me pegou de surpresa
Eu tive medo de deixar aquela possibilidade de contato se concretizar
Mas ele conquistou um bocado de mim, desde aí
Depois ele desapareceu no pouco de gente que havia no lugar
Relaxei, conversei, escutei minhas amigas
Então, percebi outro homem chegar
Encarar e marcar território
Ele já mais vistoso ao meu gosto
E como se fosse sem pensar
Olhei pro lado
O arco de iris estava lá
Cercando sem fazer alarde
Foi o bastante
O outro fincou os olhos em mim
Um olhar gostoso
Um sorriso leve e alguns comentários com um amigo dele
Sem tirar os olhos de mim
E eu gostando e querendo
Mas olhava pro lado
Meu desejo já não estava tão longe
De amizade em amizade
Chegou numa mesa que encostava na minha
E mesmo de costa pra mim
Eu me sentia sua
Não pude mais me ofertar ao outro olhar
E aquele triângulo começou a mexer comigo
Eu presa ou dominante
Estava no centro
Entre dois cavalheiros
Um que me encarava de frente
E outro que me espreitava distante
O outro cavalheiro também sentiu a presença Dele
Bateu em retirada com os amigos
Apesar de deixar outro fumando
Bem perto
E eu cercada
Não sabia o que fazer
Pois nenhum deles realmente chegou mais perto
Foi então, que da mesa ao lado
Onde o desejo alado estava
Surgiu uma ponte
Um homem que perguntava sobre
A amiga que estava conosco
Mas saiu de fininho
Que ele não pôde nem cumprimentá-la
Falamos que ela havia ido embora
E ele deixou muito evidente
Queria que ela soubesse
Que sua presença foi notada
Que ele sabe onde ela mora
Sabe seu nome
E queria de alguma forma corteja-la
E não era a primeira vez
Esse homem robusto e cumprido
Fez meu desejado pretendente
Sentir a necessidade de me olhar com mais firmeza
Fez ele se levantar e ficar agitado
Tinha um certo ar de cobrança no seu olhar agora
Incrível como isso me excitou
Fiquei enlaçada por aquela
Já não mais micro-atitude
Uma atitude mais interessada
Eu tinha pressa de ir embora
Um compromisso no outro dia me chamava
Mas ele ia e vinha na minha vista
Sumia e reaparecia, do nada
Mas nada de chegar mais perto
Foi então, que meu coração acordou
Senti que ele viria
Porque os seus movimentos foram mais rápidos e elétricos
Mesmo assim
Ele veio
De-vagar
Primeiro vi ele perto de um menino
Depois vi o menino se aproximar
E então um cumprimento
"Oi, tudo bem como vocês, meninas?"
"Prazer, meu nome é Bianca"
Eu só disse: oi e sorri
Ele já estava fora da minha visão
Ele veio
andou ao redor da gente
Sempre rodeando meu ponto cego
Ainda tentei fugir
Puxei minha amiga, e disse
Ele tá vindo
Deu tempo da gente se afastar
E ele
De novo
De-vagar e rápido
Aparec-eu
Diante de mim
Qual espelho
Talvez quebrado
Não conseguia enxergar direito seu rosto inteiro
O que vi com alguma clareza
Foram seus olhos
Mas nem cheguei a notar as cores
Só vi que ele todo parecia inteiro
Cor de canela (Sandra de Sá)
Tons de amarelo, marron, bege, creme, ocre
Em pura cintilância
De novo
Na minha frente (prazer)
Pra dizer quase nada
E a mesma coisa
"Eu vou falar contigo pelo Insta. Tudo bem?"
Então veio o toque
Toc toc
Bateu a porta
Nessa hora
Parece que estávamos só nos dois na minha mente
Entrou...
Ele tocou minha mão
Foi esquisito como sempre é
Se curvou
Eu retribui com solenidade
Não sei se disse algo
Não sei se respondi com meu corpo
Só sei que ele sorriu
E de novo
Um arco-íris em tons castanhos (lembrei da música do Renato Russo)
Se abriu
Não vi mais nada
Corremos
Entramos no carro
Viemos pra casa
Eu, ele e meu desejo alado
Mas ele não cumpriu o combinado
Não houve conversa
Só algumas falas
Ele perguntou onde eu iria
Eu respondi que estava indo pra casa
Ele disse: "poxa"
Eu disse que queria que ele me deixasse dormir
(E hoje já tem 2 dias que estou direto acordada por esse desejo de vê-lo, tê-lo)
Ele perguntou onde eu morava
Eu respondi
Ele disse que estava "pela doca"
Eu só sinalizei que curti e li
E realmente adormeci
Acordei, fui ao meu compromisso
Me tranquei do lado de fora da sala
Risos, risos e mais risos
Ele não falou mais nada
Foi um dia de silêncio
Eu resolvi espreita-lo
Curti uma foto sua (queria nua)
Em que alguém comentou
Que o cachorro da foto
Chamava atenção
Apesar de haver um animal da espécie canidae
Foi para ele o elogio
Sim, ele é um canídeo do tipo raposa
No meu sonho
Ele é voraz
Depois curti a fotografia aleatória
De uma casa torta
Antiga e cheia de vida-morta
Uma casa abandonada
Que abriga uma história
Que ninguém conhece
Mas que chama atenção
Por ser inclinada e o tempo não ter lhe roubado as cores (pensei sabores)
Não houve resposta a esta jogada...
Noutro dia, já era eu pura raiva e vontade de partida
Queria não mais querer ele
Sem paciência praquela espera toda
Que ele fazia
Questões e questões pensava
"Será que ele ainda quer?"
"Será que foi um rebote químico?"
Quero desistir
Mas desejo continuar
"Será que não sou o tipo dele?"
"Será que minha vida não é interessante e convidativa?"
"O que será que ele queria? Será que ainda quer?"
Dormi sem conseguir sonhar
Em estar naquela companhia
Noutro dia
Eu me aconselhava
"Se eu não tentar, vou estar me traindo"
Foi então que lancei um dilema, em forma de elogio:
Podia deixar claro
Que seus olhos são coloridos
Ele desdisse:
Não ligo pra foto minha
Eu insisti:
Parece que gosta de foto-grafia
Ele disse:
Mas gosto sim de fotografia
Com um erro de português
Tão esquisito quanto tudo nele
Novamente, tirei meu time de campo
Curti mas não comentei
Foi uma pequena vingança
Por toda espera
Ele nada de corresponder
E demorou bastante
Quase meio dia
Na hora da mesa
Ele curtiu
Uma única foto minha
Muito elogiada por outras pessoas
Uma foto de arco-íris
E agora estou sem dormir
Sem conseguir sonhar
Do jeito que eu queria
Cheia de vontade de que esse desencontro
Se torne um reencontro
Com os tons de "canela, com mel de abelha"
Como diz a canção que o prenunciava
H. C. Q. F 9 de agosto de 2021